Rogério Flausino e Milton Nascimento em gravação do primeiro DVD <i>Acústico</i> do Jota Quest - César Ovalle

Jota Quest recebe Milton Nascimento e Marcelo Falcão em gravação de primeiro DVD acústico

O show contou com os maiores sucessos da banda ao longo de três horas

Anna Mota Publicado em 13/05/2017, às 12h52 - Atualizado às 12h58

Sotaques de todo o Brasil se espalharam pelo saguão dos Estúdios Quanta, em São Paulo, na noite da última quinta, 11. Os convidados — cerca de 500 pessoas entre amigos, família e fãs — se reuniram no local para assistir ao show de gravação do DVD Acústico do Jota Quest, que irá lançar o projeto após completar, em 2016, 20 anos na estrada.

“A gente sempre se perguntou como seria se fizéssemos um acústico”, contou Rogério Flausino, vocalista da banda. “Somos de uma geração que foi muito impactada pelo que representou o Acústico MTV para a música brasileira.” O projeto saiu do plano das ideias após a banda cumprir uma promessa interna de lançar dois discos de inéditas (Funky Funky Boom Boom, em 2013, e Pancadélico, em 2016) depois do aniversário de 15 anos, em 2008. “Ficamos nos perguntando o que faríamos, e o acústico veio em boa hora”.

A apresentação (que continuaria na sexta, 12), marcada para 21h, começou às 22h20. As primeiras luzes revelaram uma disposição de palco característica de projetos acústicos. Flausino estava sentado em um banco alto ao centro, com PJ (baixo) e Paulinho Fonseca (bateria) à esquerda, e Marco Túlio Lara (violão) e Márcio Buzelin (teclados) à direita.

Além do quinteto mineiro, também estava no palco o produtor musical Liminha (com um segundo violão). Ele já trabalhou com o Jota em quatro álbuns, Discotecagem Pop Variada (2002), Ao Vivo MTV (2003), Até Onde Vai (2005) e La Plata (2008). “Confiamos muito nele. É um cara extremamente experiente e talentoso, que trouxe texturas e ideias incríveis. Eu sempre fico satisfeito com os trabalhos que fazemos, mas dessa vez está sendo especial”, disse.

Em tablados adjacentes nos cantos do estúdio, dois backing vocals, um percussionista, dois trompetistas e um saxofonista completavam o time do projeto. A música que abriu o show foi “Dias Melhores”, hit do disco Oxigênio (2000). A faixa, cantada em coro pela plateia, foi acompanhada por um vídeo com imagens intergaláticas no painel de LED ao fundo do palco, que, a partir daí, seguiria com cenas — ora da banda, ora ilustrativas — para cada música apresentada.

Depois, uma pausa longa antecedeu a quarta música, e essa foi a brecha para que Flausino, que parecia um pouco tenso até então, comentasse “estamos fazendo uma aposta para ver quanto tempo eu demoro para falar a primeira bobagem ou para levantar desse banco”.

Acostumado com shows nos quais a plateia pula e dança, o cantor afirmou que o projeto tem sido um desafio para o Jota Quest em todos os sentidos. “Os meninos tiveram muito trabalho ao longo desses seis meses [de ensaio] para se reeducar, para aprender a tocar diferente, a tocar outros instrumentos. Enquanto isso, o meu trabalho começou neste show, entendendo como me comportar com uma cadeirinha e o pessoal todo sentado. É uma nova situação que nós mesmos estamos propondo e que vai trazer um aprendizado mútuo ao longo dos próximos meses.”

Pulando do terceiro o oitavo (e mais recente) disco, a banda tocou “Pra Quando Você Se Lembrar De Mim” em seguida. A música é fruto da parceria do grupo com Wilson Sideral, irmão de Flausino, que estava na plateia. Dando mais um salto no tempo, a quarta canção a aparecer foi “Encontrar Alguém”, do álbum de estreia J. Quest (1996).

Entre hits novos e antigos, “Blecaute”, um dos últimos hits do grupo, veio como a quinta música. A faixa, gravada originalmente com Anitta e Nile Rodgers, guitarrista do Chic, foi seguida por “Pretty Baby”, introduzida por Flausino como “uma das primeiras músicas escritas pelo Jota”, apesar de integrar o sétimo disco da banda, Funky Funky Boom Boom.

A balada “Amor Maior” foi a seguinte e, apesar de acústica, ganhou uma versão mais focada no baixo e na bateria. “Mais Uma Vez” veio como sétima do show, repaginada como um reggae.

Os sucessos antecederam a primeira música inédita da apresentação, “Morrer de Amor” escrita por Alexandre Carlo, vocalista do Natiruts, especialmente para o DVD. “Foi um presente dele para o Jota”, comentou Flausino. Além dela, o show trouxe outras duas novas canções, “A Vida e Outras Histórias”, parceria do guitarrista Marco Túlio Lara com Leoni, e “Você Precisa de Alguém”, escrita por Marcelo Falcão, do Rappa, que fez uma participação especial na ocasião. O projeto ainda vai trazer mais uma faixa inédita, “Valer O Amor”, parceria da banda com Sideral. “Essa nós vamos gravar, junto a algumas outras releituras, em uma sessão no nosso estúdio em Belo Horizonte”, afirmou o cantor.

Outro convidado do show foi Milton Nascimento, que dividiu os vocais de “O Sol”, de Até Onde Vai (2005), com Flausino. A colaboração entre o músico e a banda começou em 2013, quando Nascimento gravou “Desses Tantos Modos” com o grupo. “O Milton é um tipo de padrinho para todos os artistas mineiros”, disse o vocalista, justificando a escolha do convidado.

O repertório de 25 músicas do show, que durou três horas, ainda teve “Na Moral”, “Daqui Só Se Leva O Amor”, “Do Seu Lado”, “O Vento” (em uma versão com Flausino sendo acompanhado apenas por Márcio Buzelin e Daniel Latorre, como participação especial, nos teclados), “Vem Andar Comigo”, “Fácil”, “Sempre Assim”, “Mandou Bem”, “Um Dia Pra Não Se Esquecer”, “Dentro de Um Abraço”, “Dores do Mundo”, “Planeta dos Macacos” e, para finalizar, “Só Hoje”.

O mais novo trabalho do Jota Quest, dirigido por Joana Mazzucchelli, tem previsão de lançamento para agosto. A banda pretende sair em turnê acústica depois disso, e já levar o formato para a apresentação no Rock in Rio, em 22 de setembro. Depois de 21 anos ao lado dos colegas de banda, Flausino explica a razão de ainda estarem na estrada. “Eu acho que hoje conseguimos ver com mais sobriedade o quanto realmente alcançamos, e o quanto o Jota Quest é importante para nós e para as pessoas que gostam da gente. Acredito que estamos aqui porque nossos ideais continuam intactos, assim como nossa vontade de sempre se reinventar e fazer melhor”.

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