Integrantes da subcultura do rock são vistos como homossexuais
Matthew Perpetua Publicado em 12/03/2012, às 17h11 - Atualizado às 17h56
Pelo menos 14 jovens foram apedrejados até a morte em Bagdá nas últimas três semanas no que aparenta ter sido uma campanha de militantes xiitas contra adolescentes usando roupas e penteados associados à cultura emo no mundo ocidental. A subcultura é tida amplamente no Iraque como homossexual e como uma expressão do satanismo.
Na foto ao lado, tirada em 7 de março, iraquianos que se identificam como emos fumam um cachimbo de água tradicional para que a fumaça esconda a identidade deles, na cidade sagrada xiita Najaf, a 160 quilômetros de Bagdá.
De acordo com uma reportagem da agência Reuters, militantes de bairros xiitas onde os apedrejamentos aconteceram distribuíram panfletos nomeando mais pelo menos 24 jovens que serão alvo dos ataques mortais se eles não mudarem a forma de se vestir. “Estamos avisando que se vocês, homens e mulheres obscenos, não deixarem de lado esse trabalho sujo nos próximos quatro dias, o castigo de Deus caíra sobre vocês”, dizia o panfleto.
A maioria dos jovens atacados morreu em decorrência de fraturas graves no crânio após terem apanhado com pedras e tijolos. Alguns deles, incluindo duas garotas, ficaram feridos em ataques realizados para servir como aviso.
A onda de violência conta jovens emos faz parte de uma tendência mais ampla na região em que pelo menos 58 iraquianos que eram homossexuais, ou que pareciam ser, foram golpeados até a morte com pedras nas últimas seis semanas. Não está claro o motivo pelo qual aumentaram os ataques aos homossexuais nas últimas semanas, apesar de que são comuns altas assim nas estatísticas de ataques. Em 2009, eles foram especialmente elevados.
O alto clero xiita do Iraque condenou os ataques. O líder Abdul-Raheem al-Rikabi, representante do clero xiita mais influente do país, Ali al-Sistani, não considerou os assassinatos como “ataques terroristas”, e Moqtada al-Sadr, um integrante do clero xiita que descreveu os emos como uma "praga na sociedade islâmica", insistiu que se deve lidar com esses jovens com ações dentro da lei.
O Iraque não é o primeiro lugar onde membros da comunidade emo viraram alvos. Em 2008, jovens emos foram vítimas de ataques no México.
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