Grupo de k-pop volta ao Brasil depois de dois anos, agora como maior fenômeno da música da atualidade
Pedro Antunes Publicado em 25/05/2019, às 22h22
Deve ter sido assim que se sentiu o jornalista de música norte-americano de 30 e poucos anos que foi escalado para escrever sobre algum dos shows dos Beatles durante a primeira passagem da banda pelos Estados Unidos, em 1964, quando a Beatlemania se instalou por lá e, depois, pelo mundo todo. Talvez os ouvidos dele doessem um pouco, tão altos eram os decibéis dos gritos dos fãs ali. E também saiu de lá impressionando, procurando alguns trocados para ligar para a redação e avisar que havia testemunhado algo gigantesco.
Porque dessa forma se deu a noite deste sábado, 25, no Allianz Parque, em São Paulo, no primeiro dos dois shows do BTS no País, a volta do grupo de k-pop depois de se tornarem um fenômeno, dois anos depois da mirrada passagem anterior.
A boy band sul-coreana passou pelo Brasil outras três vezes antes. Tocou para 1,5 mil pessoas em 2014, 8 mil em 2015 e 7 mil em 2017. Isso foi antes de explodirem, de se tornarem fenômeno pop. Ninguém sabe direito como isso acontece, mas todo mundo sabe que existe. O grupo deixou a própria bolha, dos fãs de k-pop, para estarem em todos os lugares, do Fantástico à Rolling Stone.
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É claro, não é um acaso. A indústria do pop sul-coreano é a mais bem-sucedida do mundo hoje porque soube jogar em todas as áreas do campo. O music business só tem a aprender com a turma de lá. Nenhum dos sete BTS está ali por acaso. Cada um tem suas características, personalidade, cor de cabelo e estilo ligeiramente diferentes, porque é assim que a cultura de massas funciona - e é esperto da parte deles dar protagonismo igual a sete rapazes, porque oferecem mais opções para que os fãs se identifiquem, tem o tímido, o molecão, o responsável, o festeiro, o emotivo, e por aí vai.
Mas esse texto não é sobre como as peças do mercado se encaixaram perfeitamente para a existência do BTS, basta saber que as cifras que giram em torno dessa máquina de encubar grupos de k-pop estão em torno dos bilhões e o retorno, financeiro inclusive, enfim, chegou.
Não há espaço para improvisos ou coisas do tipo: um show do BTS é detalhista e perfeito, além de obviamente grandioso. Tudo é superlativo ali. Telões laterais enormes, palco mais alto que o normal, projeção imersiva atrás dos rapazes, um palco B absurdamente grande no meio da pista, entre a área premium e normal, passagens subterrâneas, um escorregador inflável, enfim. Bom, depois que Jungkook, um dos sete garotos, sobrevoa o público em uma espécie de tirolesa ainda na primeira metade do show, nada mais pode parecer tão impossível assim.
A verdade é que parece não existir um limite para o tamanho que o BTS pode atingir. Em 2018, eles se tornaram o projeto grupo de k-pop a estar no topo da Billboard com o lançamento do disco Love Yourself: Tear.
O grupo lançou há pouco mais de um mês MAP OF THE SOUL: PERSONA, disco de inéditas, e fez parcerias com nomes importantes da música, como Ed Sheeran e a cantora Halsey.
Eles também se igualaram aos Beatles ao conseguirem emplacar três discos no topo das paradas dos Estados Unidos em um mesmo ano. Por falar em Beatles, recentemente, eles recriaram a participação do Quarteto de Liverpool na estreia deles na TV norte-americana. Sim, eles têm a própria BTSmania.
RM, Jin, SUGA, J-Hope, Jimin, V e Jung Kook estrearam a nova turnê Love Yourself: Speak Yourself, toda cheia de superlativos e equipamentos gigantescos, nos Estados Unidos. O Brasil é o segundo país a receber a turnê dos rapazes. Depois daqui, eles seguem para Londres, onde se apresentarão no estádio de Wembley.
Cada um deles tem sua hora de brilhar. Nos seus momentos solo, os integrantes deixam mais evidente qual é o aspecto destacado da sua personalidade. Temos, com isso, nuances na apresentação, momentos emocionais (até com um grande colchão colocado sobre o palco) ou adrenalizados, depende de quem está ao microfone.
A apresentação, com as costumeiras letras em sul-coreano e algumas palavras ou frases em inglês, passa por temas que são caros à juventude de tantos hormônios aflorados. O que é melancólico, torna-se devastador, o que é divertido, vira uma festa sem limites.
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Cada passo dos sete é coordenado. Até as mãos deles fazem os movimentos certos. Os breves momentos nos quais os abdomens deles ficam à mostra geram gritos ainda mais altos do lado de cá.
“Personalizado”, digamos assim, são as poucas palavras que eles aprenderam a falar em português, como “ótimo”, “lindo” e “obrigado”. Eles também se arriscaram a sambar no palco. Desengonçados, é verdade, mas o “army”, nome dado aos fãs do grupo, aprovou.
O BTS inicia a performance de branco, encerra o show com quase todos de preto. Faz parte da transformação conceitualmente proposta pela apresentação. Ao longo de pouco mais de duas horas e meia performance, os sete variam as cores de acordo com cada um deles.
Eles fazem um longo discurso, ao final do show, quase inteiramente em português, responsável por acabar com as cordas vocais dos fãs que ainda tinham um pouco de voz guardada no gogó. Junkook foi além: brincou com o meme "juntos e shallow now".
É claro que há o que parece ser de plástico, por tudo ser milimetricamente planejado. Há uma enorme preocupação com a saúde física e mental desses rapazes que são levados para dentro dessa rígida indústria do k-pop. Existe um lado sombrio ali.
Mas, no palco, entre baladas, canções festeiras e flertes com o rap, o BTS parece real, de carne, osso e boas coreografias. Eles vivem o seu momento de beatlemania. E, quem diria, como jornalista de música, acabei de testemunhar o meu também.
No domingo, o BTS volta a se apresentar no Allianz Parque. Todos os ingressos estão esgotados.
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