O ritmo se tornou um fenômeno global que movimenta mais de US$ 5 bilhões por ano na Coréia do Sul. Mas o que há por trás de todo o sucesso?
Redação Publicado em 24/05/2019, às 14h00
Com uma música alegre, viciante, danças perfeitamente coreografadas e altíssima qualidade de produção, a música pop sul-coreana, conhecida como K-pop, cresceu exponencialmente durante os últimos. O ritmo tornou-se um fenômeno global e fonte de uma indústria que hoje alimenta uma das maiores exportações da Coreia do Sul, com o valor de US $ 5 bilhões por ano.
A cena do K-pop é marcada pelos grupos como o BTS, Blackpink, NCT 127 e Big Bang. O primeiro deles, inclusive, chega ao Brasil e se apresenta neste final de semana com dois shows marcados no Allianz Parque, em São Paulo. Confira aqui os principais sucessos do grupo que somam 3 bilhões de visualizações no YouTube.
Conhecido por quebrarem mais de 21 recordes na indústria musical, o BTS atingiu um patamar de sucesso gigantesco com apenas 11 meses. O grupo sul-coreano se estabeleceu com os três discos no 1° lugar nas paradas da Billboard.
No entanto, o que há por trás de toda essa indústria colorida, lucrativa e "feliz"?
Desde o início de 2019, artistas inseridos no universo do K-pop têm se manifestado sobre rígidas exigências dos contratos das gravadoras que observam e regulam de perto a vida pessoal e a conduta pública desses jovens. Além disso, tornou-se público os relatos de comportamentos exploratórios e de assédio por parte dos executivos desses estúdios.
Em março, um grande escândalo envolvendo um influente ídolo do K-pop veio à tona e expôs o lado sombrio dessa indústria, que até então, se mantia velado. Juntamente à esta denúncia, estaurou-se uma onda de outros escândalos sexuais na Coréia do Sul, que provocaram novas discussões sobre como as mulheres estão sendo exploradas dentro do país.
As denúncias contra Lee Seung-hyun, conhecido por Seungri, do Big Bang, um dos grupos mais influentes do país, foi o pontapé desse pesadelo. O escândalo ficou conhecido como “Great Gatsby” da Coréia do Sul, em referência ao personagem do famoso romance do escritor americano F. Scott Fitzgerald, devido seu estilo de vida luxuoso e gama de fãs.
O caso se deu por meio da Burning Sun, um clube localizado no distrito de Gangnam em Seul, a capital da Coreia do Sul. A casa foi inaugurada em 2018 e Seungri promoveu a divulgação do local usando seu status de celebridade para atrair atenção, público e investimento. No entanto, em menos de um ano após a abertura, o Burning Sun foi alvo de denúncias que incluíam desde a assaltos, prostituição, tráfico de drogas e corrupção policial.
Em fevereiro de 2019, o clube foi fechado e todos os seus funcionários, incluindo Seungri, estavam sob investigação por tráfico de drogas. Outros clubes da região também foram investigados.
Na sequência, um site de notícias sul-coreano publicou uma série de mensagens de textos no aplicativo KakaoTalk que mostravam uma interação entre Seungri e Yoo, co-fundador da Burning Sun, em 2015, delegando a um de seus funcionários a contratar prostitutas para os clientes do clube. A prostituição é proibida por lei na Coreia do Sul.
O cantor também é acusado de ter feito parte do mesmo grupo de bate-papo em que circularam vídeos explícitos de relações sexuais com várias mulheres, sem consentimento, ou seja, estupro. Os participantes do chat se gabavam sobre o uso de drogas e abusos sexuais.
Em abril, uma mulher testemunhou que foi uma das vítimas descritas nas mensagens, e disse que depois de ver as imagens, vídeos, gravações de voz e conversas, acredita ter sido abusada sexualmente por cinco homens que participaram do bate-papo. Ela disse que não conseguia lembrar o que tinha acontecido na noite do incidente, mas acordou de manhã nua ao lado de um dos homens.
As mensagens vazadas provocaram indignação nacional, e milhares de pessoas exigiram que o caso fosse investigado pelas autoridades do país.
Enquanto a investigação estava em andamento, Seungri anunciou em seu perfil do Instagram que estava cancelando todos os seus shows e saindo da indústria. Em partes, para zelar pela reputação da YG Entertainment, gravadora de sua banda, Big Bang. Porém, após as denúncias, as ações da YG Entertainment chegaram a cair cerca de 16% na bolsa de investimentos.
A maioria dos ídolos do K-pop que foram desmascarados neste escândalo sairam da indústria da música.
Aqueles que são bem-sucedidos com o K-pop gozam dos privilégios financeiros e culturais que a indústria oferece. No entanto, aqueles que ainda não alcançaram essa visibilidade, passam anos treinando ou trabalhando em condições de exploração, disfarçadas com uma à servidão contratada, conhecido como "contrato de escravos".
A ascensão nesse universo pode levar até dez anos enquanto os aspirantes são treinados. Enquanto isso, as potenciais estrelas do K-pop não estão ganhando dinheiro. O grupo Stellar revelou ao No Cut News que elas já tiveram que dividir uma refeição entre as quatro porque era tudo que elas podiam pagar. Geralmente, as agências ficam 100% com o faturamento da banda e só recebem um salário que costuma ser abaixo do padrão dos shows.
De acordo com o Suk-young Kim, professor de estudos coreano na UCLA, "o K-pop é visto como um negócio de sangue frio pelas empresas de entretenimento".
"A principal preocupação dessas empresas é vender a maior quantidade de produtos que atraem o maior número de consumidores para o máximo lucro. Mesmo que isso implique em questões éticas".
Além das imposições feitas pelas empresas, antes de tudo, para quem deseja encontrar o sucesso na indústria do K-pop precisa ter algumas características específicas. As mulheres precisam ser magras, ter narizes finos, olhos amendoados e pernas longas. Uma estética que não se encaixa tão bem com o biotipo mais comum da população.
Por isso, muitas jovens, no intuito de participarem desse movimento, acabam fazendo uma série de plásticas. 2% da população da Coreia do Sul já realizou procedimentos estéticos. Para os homens, é necessário que se encaixem no padrão de "barriga tanquinho", cabelos sedosos e músculos marcados, porém não avantajados. As imposições feitas pelas grandes motoras do sucesso musical desses jovens alimentam uma indústria musical planejada e pautada por uma "cultura do sacrifício".
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