Em entrevista ao site da Rolling Stone EUA, cantora falou sobre o medo do próximo disco e a juventude "hippie" dos pais, hoje fortemente ligados à religião
Da redação Publicado em 20/05/2009, às 14h27
A fobia do segundo álbum não é estranha a Katy Perry. A cantora do hit "I Kissed a Girl" declarou à Rolling Stone EUA que o sucessor de One of the Boys vem tirando seu sono. "O segundo disco é muito importante para mim, pois creio que ele mostrará se eu tenho vocação para isto ou apenas tive sorte."
A norte-americana disse, ainda, que espera poder contar com a ajuda de Guy Sigsworth, produtor musical (o inglês acumula diversas parcerias com Madonna, e produziu Flavors of Entanglement, último disco de Alanis Morissette), e Calvin Harris - que estreou, em 2007, com I Created Disco e fez remixes para CSS, Primal Scream, Cut Copy, Jamiroquai e The Ting Tings.
"Acho que vou tirar o 'protetor' que uso agora e ir na direção 'yeah, quero trabalhar com você, porque você não trabalharia comigo cinco anos atrás", ela disse. Os produtores Max Martin, Greg Wells e Dr. Luke, antigos parceiros da cantora, estarão de volta no novo trabalho, que começa a ser gravado no outono do Hemisfério Norte (a partir de setembro).
Os ingredientes de sucesso - em linhas gerais, o pop apimentado à moda da eterna rival, a britânica Lily Allen - não sairão de cena, afirma Perry. "Basicamente, o que quero é não alienar o público que tenho agora. Penso que algumas pessoas se sentem como se tivessem feito sucesso com uma coisa e uma ideia e uma gravação; então, elas querem dar esta guinada de 180° e tentar algo totalmente diferente." Não será o seu caso. "Definitivamente, sinto que esse é o movimento errado. Sinto como se você devesse apenas crescer a partir disso; você pode podar, mas manter a mesma árvore."
O problema, em sua opinião, é velho conhecido da indústria fonográfica: o ego. "Algumas pessoas apenas ficam convencidas. Acham que qualquer coisa que venham a fazer ou vira ouro ou é 'o certo'. (Mas) a razão para você estar aqui são as pessoas que gostam da sua música, os fãs; então, você deve sempre manter um ouvido aberto para o que eles dizem." Em outras palavras: tudo o que Perry não quer é ser a próxima Chris Gaines, como diz, em referência ao alter ego rocker - e falido - do cantor de country Garth Brooks.
A garota - que deu uma guinada e tanto na carreira, ao pular de cantora gospel a intérprete e compositora de faixas como "I Kissed a Girl" - disse que o novo trabalho vai "definitivamente continuar no pop". Perry, uma fã confessa de Freddie Mercury, descreveu a sonoridade que busca no segundo disco como "'Lovefool', do Cardigans, encontra 'Into the Groove', da Madonna, mas musicalmente, com um tiquinho mais de 'recheio'". Ela explica: "Não vou só falar sobre a batida e apenas ir lá e dançar. Gosto de ir fundo no significado".
Perry aproveitou a passagem pela redação da Rolling Stone EUA para desmistificar a imagem de "devoradores da Bíblia" atribuída a seus pais. Eles são religiosos, sim, mas também "legais e modernos", defendeu. Como se precisasse de mais material para rebater a promotoria, afirmou que sua mãe chegou a andar na mesma turma de Jimi Hendrix, e que certa vez o pai vendeu ácido para Timothy Leary (o "papa" da substância). E ainda acrescentou: "Acho que essa coisa toda de pensarem, ah, eles me jogaram no porão quando me ouviram cantar 'I Kissed a Girl'... Eles realmente entenderam do que eu estava falando."
Não só entenderam como aprontaram ainda mais no passado, afirmou. "Ainda que minha mãe não seja mais essa debutante 'rock 'n' roller', fumante de maconha que ela já foi, nem meu pai o traficante de ácido com cabelo longo... Eles provavelmente tiveram momentos mais intensos do que qualquer coisa que eu já fiz."
À época do lançamento de "I Kissed a Girl", a mãe da artista, Mary Hudson, declarou ao jornal britânico Daily Record seu desgosto com o single da filha. "Odiei a canção. Claramente, promove a homossexualidade; sua mensagem é vergonhosa e nojenta. Katy sabe como me sinto a respeito do assunto."
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