O Lollapalooza Brasil chegou ao fim depois de três dias no Autódromo de Interlagos e ter reunido 246 mil pessoas; a Rolling Stone Brasil publicou 39 análises de shows
Redação Publicado em 08/04/2019, às 19h22
O Lollapalooza 2019 chegou ao fim no domingo, 7, com um saldo bastante positivo. Três dias intensos de shows, é claro, mas também de chuva - e uma paralisação que chegou a colocar em risco todo o festival, na tarde de sábado, 6.
Ao todo, o Lollapalooza Brasil, em sua oitava edição, recebeu 246 mil pessoas no Autódromo de Interlagos, casa do festival criado por Perry Farrel, músico da banda Jane's Addiction, desde 2014.
O dia mais povoado foi o sábado. Mesmo com a chuva, 92 mil pessoas se reuniram para assistir às apresentações de artistas como Kings of Leon, Odesza, Post Malone, Jorja Smith, Lenny Kravitz, Bring Me The Horizon, Liniker e os Caramelows, Duda Beat, entre outros. Por conta do risco de raios e da ventania forte, as apresentações de Rashid, Lany e Silva foram canceladas - e os shows de Snow Patrol e Jain foram encurtados, para não prejudicar demais o restante da programação do Lolla.
Foi um Lollapalooza de apresentações históricas, a destacar Kendrick Lamar, é claro, na primeira visita ao País. "Não quero ir embora", disse o rapper ao público, no show responsável por fechar o festival, no domingo, 7.
Foi um Lollapalooza de consagração de outros artistas além de Lamar, caso do Arctic Monkeys, responsável por fechar a primeira noite de festival, na sexta, 5, com o disco mais "diferentão" da carreira, do Bring Me The Horizon, que também mudou sua estética, no sábado, 7, e de Post Malone e Twenty One Pilots, ambos capazes de responder ao hype criado em torno deles.
Ao todo, ao longo de três dias, a equipe da Rolling Stone Brasil fez a cobertura de 39 shows. Além das análises, foram publicadas entrevistas e notícias sobre o festival. Desde 21 de novembro, quando saiu a escalação do Lolla, foram 69 publicações.
Agora, é hora do balanço do festival, o que não costuma ser uma coisa fácil. Cada um deveria escolher os três melhores shows do festival, ranqueados entre 1º, 2º e 3º lugar. O primeiro colocado recebeu 5 pontos; o segundo, 4 pontos; o terceiro, 3 pontos.
Com isso, chegamos à definição dos melhores shows segundo a equipe da Rolling Stone Brasil. Diversa, a lista só teve uma unanimidade, a apresentação de Kendrick Lamar, com três votos em primeiro lugar como melhor show do festival.
Kendrick Lamar trouxe o repertório do disco DAMN., disco que deu a ele, entre outras coisas, um Pulitzer de Música, algo que somente artistas do eixo jazz-música clássica receberam na história. Pois é isso. Kendrick Lamar escreveu um capítulo importante da história do Lollapalooza ao estrear por aqui.
Depois da unanimidade de Kendrick, a equipe da Rolling Stone Brasil divergiu sobre os outros melhores shows. O segundo lugar ficou com Arctic Monkeys, porque somou 6 pontos ao ser ter recebido dois votos como terceira melhor apresentação do festival.
Veja, abaixo, a lista dos 9 melhores shows do Lollapalooza 2019, segundo a Rolling Stone Brasil.
1º Kendrick Lamar (15 pontos)
2º Arctic Monkeys (6 pontos
3º Bring Me The Horizon (5 pontos)
4º Liniker e os Caramelows (4 pontos)
4º Foals (4 pontos)
4º Letrux em Noite de Climão - 4 pontos
4º Twenty One Pilots ( 4 pontos)
8º E a Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante (3 pontos)
8º Post Malone (3 pontos)
Abaixo, cada votante (em ordem alfabética) tem a chance de justificar sua escolha dos três melhores shows - sim, reduzir a três é uma tarefa ingrata, nós sabemos disso:
"Sim, o Arctic Monkeys tem essa mania de querer forçar para si mesmo os holofotes, por bem ou por mal. Mas apesar da postura mala do Alex Turner (fator que já me incomodou muito mais do que hoje em dia), não dá para negar que os caras sabem fazer um show explosivo, cativante e coeso. Na setlist variada, músicas de diferentes eras da banda não soam desconexas quando tocadas lado a lado ao vivo, como soariam se estivessem em uma playlist no Spotify. No fim das contas, dá para relevar a atitude do vocalista, e aproveitar o som."
"A banda britânica Foals mostrou que, mesmo debaixo de um sol escaldante e impiedoso, é capaz de criar um show que pode ser comparado a uma montanha-russa. Mas não no sentido de possuir altos e baixo, mas sim sob a ótica de opor picos extremos de adrenalina à momentos de calmaria, posicionados estrategicamente com o objetivo de te fazer respirar fundo, recobrar a consciência só para depois atordoar novamente."
"'Inhaler', 'What Went Down' e 'Two Steps, Twice', faixas escolhidas para encerrar a apresentação, foram como aquela última queda seguida de um looping que o carrinho faz antes de estacionar novamente no ponto de chegada/partida."
"As expectativas já eram altíssimas, e ainda assim foram superadas. Incansável e imponente desde o primeiro verso, Kendrick Lamar deixou clara sua posição no trono do rap contemporâneo com um espetáculo audiovisual."
"O instrumental, tocado pela inesperada presença de uma banda completa, somado às imagens atmosféricas de paisagens que apareciam no telão, compuseram o ambiente perfeito para que o rapper conseguisse divertir, conscientizar e reiterar que nasceu para subir aos palcos com um microfone na mão."
"A Letícia, e a sua persona, Letrux, sabem muito bem o que fazer em cima de um palco.
Sendo cantora, compositora, atriz e poeta, ela abusa - da melhor forma possível - de expressões, gestos e do seu próprio corpo."
"O disco Letrux Em Noite de Climão desperta algo muito denso, e ao mesmo tempo, sensível. Mas, de fato, o climão em seu show, é três vezes mais. É uma apresentação muito sensacional. Ouvir a Letrux performar 'Amoruim', 'Coisa Banho de Mar' e 'Hypnotized' ao vivo, assim como as outras canções do disco, faz com que ele ganhe um significado a mais. Toda a dramaturgia é real, é pulsante. Tem grito, tem folêgo. Ela se apropria, do jeito mais intrínseco, da sua própria arte. É uma artista muito completa."
"Sendo sua estreia no Brasil, Post Malone sanou qualquer dúvida - se é que existia - sobre a sua magnitude na cena musical. O artista norte-americano levou a galera ao delírio com 'Rockstar', 'Better Now” e 'Congratulations', e se sentiu muito em casa enquanto esteve no palco."
"O artista foi carismático e trouxe, para o seu show, uma representatividade do funk brasileiro, que falta no festival, quando chamou o MC Kevin O Chris, nome de peso quando o assunto é funk 150BPM, para se juntar ao palco com ele. Foi um show gigante, em todos os sentidos da palavra, afinal, o rapper se apresentou na frente de 92 mil pessoas que estavam sábado, 6, no festival."
"Kendrick Lamar era um shows mais esperados, e se apresentou gloriosamente no palco principal do festival. O rapper é um dos mais relevantes da cena do hip hop, tem o seu lugar consolidado, e trouxe para o público o seu espetáculo musical pela primeira vez ao Brasil. O repertório do show foi voltado para o disco mais recente, DAMN., embora este não seja a sua obra mais densa, foi o trabalho que o trouxe para o auge comercial e elencou como o primeiro artista pop a vencer o prêmio Pulitzer."
"A união das explosivas rimas do rapper, sua banda ao fundo e os vídeos de 'Kung Fu Kenny', como interlúdio do show, fizeram a multidão sair do chão e cantar os seus hits 'DNA', 'Bitch Don’t Kill My Vibe', 'Alright' e 'HUMBLE'. Rolou até um “Olê, Olê, Olá, Kendrick Lamar” para ele retornar ao palco para seguir com o bis."
"O maior barato de um festival de música é ser surpreendido por uma banda desconhecida, de nome talvez estranho a você e um tipo de som que os algoritmos dos serviços de streaming jamais indicariam. Bem pouco provável que a garotada fã de Twenty One Pilots habitassem a mesma bolha sonora do E a Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante, grupo de post rock instrumental responsável por abrir as atividades do Palco Onix, às 11h55 de domingo, 6."
"O fato é que a falta de versos cantados pelo E a Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante dá ao som do grupo a liberdade imagética de passear por onde o ouvinte quiser. Suas canções têm nuances, momentos de calmaria cortados pelo caos de até três guitarras em ação ao mesmo tempo. Riff por riff, camada por camada de som, pincelada por pincelada de um quadro que cada um enxerga de um jeito. Lindo de ver, ao fim do show, as palmas e a ovação vindos público de amarelo e preto (as cores do Twenty One Pilots) que estavam ali.
O amor também é um ato político. Em tempos de tanto ódio e cólera, o afago e afeto curam, saram. Liniker Barros e a banda Os Caramelows fizeram, sim, uma performance extremamente política no Lollapalooza 2019, ao se apresentarem no sábado, 6. Embora o discurso diretamente político só tenha chegado ao final da apresentação, cada manifesto de amor cantado por eles deixava claro a intenção deles."
"Também foi um show marcante para o grupo, já que a performance do ano anterior, no mesmo palco, foi prejudicada por uma falha no equipamento. Liniker, na ocasão, chorou de decepção. Agora, as lágrimas brotaram de alegria, ao ver o público cantando "Zero", primeiro sucesso deles. "Deixa eu bagunçar você", cantaram todos. Uma súplica de amor das mais lindas. Não é preciso ser afiado para querer mudar o mundo."
"Difícil tirar o trono de Kendrick Lamar do Lollapalooza. Mesmo que ele não estivesse dentro do seu habitat. Era um festival para com ingressos caros, para um público presente no Autódromo que não era exatamente o seu. Não é por acaso que a arena em frente ao Palco Budweiser, onde ele se apresentou, estava mais vazia do que nas duas noites anteriores, nos shows dos também headliners Arctic Monkeys e Kings of Leon, na sexta, 5, e sábado 6."
"Essa não é a primeira vez que o rapper de 31 anos vindo do perigoso bairro de Compton, na periferia de Los Angeles, chegou para tomar um espaço que não queriam que o pertencesse. Ele faz isso desde sempre, quando a vida em um país com uma segregação racial gigantesca e assassina. Kendrick, hoje, tem até um Pulitzer, coisa nenhum outro nome da música popular, fora do eixo do jazz e do erudito, é capaz de falar."
"Em ritmo alucinante, cutucando feridas com versos que mais parecem murros, Kendrick Lamar revisitou a carreira, os experimentalismos nos seus principais discos (com destaque para o lindo To Pimp a Butterfly) e reafirmou sua posição. No rap, e no Lollapalooza, não há ninguém maior do que ele."
"A noite quente, a multidão dançando, o estilo já consagrado de Alex Turner. Assisti pela primeira vez os Arctic Monkeys tocando ao vivo, e foi exatamente do jeito que eu esperava. As músicas mais pesadas intercaladas com as baladinhas de AM, criando um ambiente gostoso para dançar e cantar. A única questão é: faltou um pouco de carisma. As pausas das músicas foram só pontuadas pelo silêncio; em uma plateia animada como a brasileira, soou quase como descaso."
"O Twenty One Pilots tem como foco seus shows. A criação das músicas é sempre pensando em estar nos palcos. Josh Dun e Tyler Joseph movem montanhas (ou, no caso, um carro em chamas) para poder agradar seus fãs . Mesmo no Lollapalooza, fizeram questão de trazer elementos da Bandito Tour (turnê que está rolando agora) para o palco e proporcionar o melhor show que puderam. Isso não costuma acontecer nem em apresentações de arena das bandas gringas, quem dirá em um festival! A dedicação já vale a pena, mas os meninos também tocaram bem e se entrosaram com a plateia gigantesca que reuniram ali."
"O Bring Me The Horizon conseguiu reunir a galera do harcore com os indies - tanto nas músicas quanto no show. Fazer 'blogueirinhas' entrarem no mosh não é tarefa fácil, mas garante uma apresentação divertidíssima."
"Além disso, a banda mandou muito bem ao vivo e mostrou um carisma enorme. Se alguém cheio de tatuagens no rosto poderia ser chamado de fofo, esse alguém é Oliver Sykes (vocal); ele pegou bebida da mão da galera e caiu no abraço, e Jon Jones (guitarra) não parava de sorrir para todo mundo que via (certeza que só não se jogou na plateia porque o cabo não era comprido o bastante)."
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