Depois de uma juíza de Nova York se colocar do lado do produtor e da Sony Music, o que resta para a estrela pop (que tem apoio de Taylor Swift, Lena Dunham, Lady Gaga e Lorde, entre outras)?
MAURA JOHNSTON Publicado em 23/02/2016, às 12h19 - Atualizado em 30/05/2016, às 12h30
Semana passada, uma juíza de Nova York negou a Kesha uma um mandado de segurança que permitira que ela gravasse música fora da gravadora dela, a Sony Music, sem trabalhar com o produtor Dr. Luke. Desde então, Taylor Swift doou US$ 250 mil para ajudar a cantora com necessidades financeiras e outras artistas – incluindo Lady Gaga, Lorde, Grimes, Lily Allen e Lena Dunham – apoiaram-na publicamente.
Galeria: relembre parcerias inusitadas da música, como a de Iggy Pop e Ke$ha.
Mas, se você ficou sabendo agora da história, talvez seja difícil entender o que está acontecendo. Abaixo, esclarecemos o que já aconteceu e o que pode acontecer no caso que continua a se desenvolver.
Kesha teve alguns grandes hits, então o que está em jogo?
Nativa de Nashville, nos Estados Unidos, Kesha Rose Sebert, conhecida apenas como Ke$ha, chegou primeiro às paradas de sucesso como uma parceira não creditada no single “Right Round”, de Flo Rida. O single festeiro de estreia dela, “Tik Tok”, chegou ao primeiro lugar por nove semanas e vendeu 610 mil unidades digitais durante a semana que terminou em 27 de dezembro de 2009.
O primeiro disco dela, Animal – que foi relançado com o EP Cannibal – vendeu mais de 1 milhão de cópias, rendendo singles como “Your Love Is My Drug” e “We R Who We R”. Warrior, segundo álbum de Kesha, saiu em 2012. O single principal dele, “Die Young”, chegou ao segundo lugar nas paradas. Ela ainda contribuiu com “Timber”, canção de Pitbull que liderou as paradas em 2013.
Então quem é Dr. Luke?
Lukasz Sebastian Gottwald foi guitarrista na banda do Saturday Night Live e protegido do superprodutor Max Martin, que é creditado com composição e produção em alguns dos maiores hits do século 21: “Since U Been Gone” (Kelly Clarkson), “U + Ur Hand” (Pink), “I Kissed a Girl” (Katy Perry) e “Party in the U.S.A.” (Miley Cyrus).
Desde novembro de 2011, Gottwald tem um contrato com a Sony Music, a partir do qual ele fica responsável por dirigir um selo, o Kemosabe Records, compor e produzir música exclusivamente para o conglomerado (ele, entretanto, trabalhou com Katy Perry no disco Prism, lançado por ela em 2013).
Como era a relação pública entre Kesha e Dr. Luke antes do processo?
Dr. Luke foi produtor executivo dos dois discos de Kesha (veja os dois juntos na foto abaixo), e ele também produziu “Timber”. Depois que “Die Young” foi retirada das rádios devido ao tiroteio na escola primária de Sandy Hook (EUA), em 2012, Kesha disse que foi “forçada” a cantar o refrão da faixa produzida por Dr. Luke – “let's make the most of the night, 'cause we're gonna die young” – no Twitter.
Ela depois esclareceu em uma postagem no site dela: “Forçada não é a palavra correta. Tive minhas reclamações sobre a expressão ‘morrer jovem’ no refrão, quando estávamos escrevendo a letra, especialmente porque muitos dos meus fãs são jovens e essa é uma razão pela qual eu compus muitas versões dessa música.”
Por que os fãs seguram cartazes dizendo “Free Kesha” (“Libertem Kesha”, em tradução livre)
No fim de 2013, um grupo de fãs de Kesha deu início a uma petição para romper as relações entre Kesha e Dr. Luke, dizendo que ele estava “controlando Ke$ha como uma marionete, fornecendo-lhe o que ela não quer e a criatividade dela está diminuindo”. Alguns meses depois, a mãe de Kesha, Pebe Sebert, disse ao People que Dr. Luke pressionou a filha dela a perder peso, comparando-a a uma geladeira.
Agora, o movimento “Free Kesha” inclui fãs e apoiadores que protestam com cartazes e um deles recentemente criou uma campanha no GoFundMe para angariar dinheiro suficiente para conseguir romper o contrato de Kesha com a Sony.
Sobre o que é o processo de Kesha contra Dr. Luke?
Arquivado na Califórnia em outubro de 2014, o processo visa invalidar os contratos de Kesha com Dr. Luke e os negócios a ele subsidiados, permitir que Kesha trabalhe com outras gravadoras, publique músicas e receba indenização. O documento clama que por mais de 10 anos, Dr. Luke “abusou sexualmente, fisicamente, verbalmente e emocionalmente da Sra. Sebert até o ponto no qual a Sra. Sebert quase perdeu a vida”, tudo para ele ser capaz de “manter completo controle sobre a vida e carreira dela.”
O processo ainda afirma que “a Sra. Sebert acredita absolutamente que Dr. Luke teve poder e dinheiro para ir em frente com as ameaças dele; ela, contudo, nunca se atreveu a falar sobre o que Dr. Luke fez a ela” (deve ser notado que, em 2011, Kesha testemunhou em um depoimento que Gottwald nunca tirou vantagem dela).
Como Dr. Luke respondeu?
Em Nova York, em outubro de 2014, Gottwald respondeu processando Kesha e Pebe Sebert e os representantes de Kesha da Vector Management por difamação e quebra de contrato, clamando que as “falsas e chocantes acusações” e a negação de Kesha a gravar equivaliam a extorsão.
O que esse mandado tem a ver com isso?
A juíza da Suprema Corte de Nova York, Shirley Kornreich, negou um mandado que permitira que Kesha gravasse novas músicas por selos que não o Kemosabe enquanto os detalhes de ambos os processos estão se desenvolvendo. “Não houve demonstração de dano irreparável. A ela está sendo dada a oportunidade de gravar”, disse Shirley quando tomou a decisão. Kesha esteve presente para a sentença junto à mãe e ao namorado, e depois ela se encontrou com cerca de 50 fãs que se reuniram do lado de fora do tribunal.
Kesha tem trabalhado em novas músicas desde que arquivou o processo?
Kesha fez alguns shows ocasionais em universidades durante os últimos 18 meses. No fim de 2015, ela tocou em Nashville com uma banda de músicos locais chamada Yeast Infection. “Não se preocupem”, disse ela um vídeo do show postado no Facebook. “NINGUÉM nunca irá me calar.”
Além dos fãs, quem apoiou publicamente Kesha
Taylor Swift doou US$ 250 mil a Kesha “para ajudar com qualquer necessidade financeira durante este período”, de acordo com um comunicado da equipe da cantora. Demi Lovato, Lorde, Lady Gaga e Kelly Clarkson estão entre as estrelas que tuitaram e apoiaram Kesha desde que o veredito da última sexta, 19, foi divulgado. Miley Cyrus postou no Instagram uma foto de Fiona Apple segurando um cartaz em apoio a Kesha, no último domingo, 21. Esta terça, 23, a atriz e diretora Lena Dunham escreveu uma carta apoiando a cantora.
O que vem a seguir?
A juiza Shirley Kornreich disse no veredito de sexta que ela estava esperando ver mais evidências antes de dissolver de vez o caso. A advogada de Dr. Luke, Christine Lepera, divulgou um comunicado na última segunda, 22: “A Suprema Corte de Nova York na sexta descobriu que Kesha já está ‘livre’ para gravar e lançar músicas sem trabalhar com Dr. Luke como produtor, se ela assim não quiser”, diz o texto. “Qualquer clamor de que ela não está ‘livre’ é um mito. Como Dr. Luke disse repetidamente, as alegações contra ele são completas mentiras que avançaram em extorsão de uma renegociação de contrato e dinheiro.”
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