O Kiss já tinha se apresentado em Porto Alegre esta semana e ainda passa pelo Rio neste domingo, 18 - Thais Azevedo

Kiss faz show triunfante no Rio de Janeiro

Com pirotecnia e hits, banda de Gene Simmons ganhou o público da HSBC Arena neste domingo, 18

Carlos Eduardo Lima, do Rio de Janeiro Publicado em 19/11/2012, às 11h43 - Atualizado às 11h47

Não é qualquer banda em atividade no mundo rock que pode se dar ao luxo de abrir um show com uma canção do naipe de "Detroit Rock City". Ou encerrá-lo com algo do nível de "Rock'n'Roll All Nite". Bem, o Kiss pode e, como está na estrada há cerca de 40 anos, sabe perfeitamente que o público está lá para se esbaldar ao som dos velhos hits, que toda boa banda de rock tem que tocar sempre. É a lei.

Não que o grupo precise se apegar à nostalgia. O último disco, Monster, lançado este ano, é o motivo da atual turnê e empresta três músicas ("Wall Of Sound", "Hell or Hallelujah" e "Outta This World" ) para um set list que traz um total de 16 canções, todas com pinta de campeãs. Mesmo com a qualidade do novo trabalho, seria falso dizer que alguma pessoa presente na quase lotada HSBC Arena, Rio de Janeiro, neste domingo, 18, estava interessada nas novas músicas. E a plateia do Kiss em 2012 é uma mistura de velhos e grisalhos fãs de outrora, agora ao lado de esposa e filhos, além de novos e novíssimos admiradores.

O Kiss passou por altos e baixos ao longo de sua extensa carreira. Já pintou a cara, já limpou a maquiagem; lançou 31 discos, entre álbuns de estúdio e gravações ao vivo, além de um número substancial de coletâneas. Tornou-se um ícone da cultura pop norte-americana tão poderoso quanto personagens da Disney, e significa, em sua essência, música para diversão. A ideia pode parecer fácil, mas exige habilidade por parte da banda. Da formação original, ainda restam Paul Stanley e Gene Simmons. O guitarrista Tommy Thayer, incorporado em meados da década de 2000, e o baterista Eric Singer, que esteve presente ao longo da década de 1990, retornando em 2009, completam a escalação atual.

A abertura do show se deu pontualmente às 21h com os primeiros acordes de "Detroit Rock City", enquanto a banda descia do teto da Arena, já tocando a todo vapor. Logo em seguida, vieram "Shout It Out Loud", também de 1976, ano de lançamento de dois dos melhores discos do grupo: Destroyer e Rock'n'Roll Over. Daí em diante, com credenciais apresentadas e intenções aprovadas, o Kiss pôde relaxar e aproveitar seu arsenal de pirotecnias. Lá estavam os estouros e labaredas, o sobe e desce de integrantes até o teto, o momento solo de Tommy Thayer, no qual ele disparou foguetes com sua guitarra, e a bazuca de Eric Singer, que atirou contra os refletores, atingindo uma estrutura cenográfica que se espatifa no palco. Gene Simmons teve seu tradicional momento no palco, no qual cospe grandes quantidades de sangue sintético antes de "God of Thunder". Paul Stanley também conseguiu surpreender o público, aparecendo em um pequeno palco do outro lado da Arena, cantando "Love Gun". Enquanto a banda segurava o instrumental, Stanley passou sobre as pessoas deslizando em uma tirolesa, voltando ao palco principal.

O bis trouxe mais três clássicos: "Lick It Up", talvez a música mais conhecida da fase sem maquiagem do Kiss; "I Was Made For Lovin' You", do disco Dynasty, controvertido álbum de 1979 que trazia flertes com a disco music; e o encerramento em clima de folia, com "Rock'n'Roll All Nite", cantada a altos brados pelo povo.

Com cerca de 40 anos de serviços prestados ao rock, o Kiss pode se orgulhar de trazer ao público um caprichado banquete de hits, algo feito com carinho e esmero, antes de qualquer pensamento em faturar em cima da nostalgia alheia. Você sabe que o show é para o adolescente que ficou em algum lugar do caminho, e o Kiss se oferece para servir de túnel do tempo. Tudo com extrema competência.

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