Evento, que aconteceu neste sábado, 24, em São Paulo, também contou com shows de AlunaGeorge e CITIZENS!
Thiago Neves e Lucas Brêda Publicado em 25/01/2015, às 11h17 - Atualizado em 26/01/2015, às 12h03
O Hangar 001 do Campo de Marte, em São Paulo, recebeu neste sábado, 24, o Meca Festival. Além do synthpop de La Roux e do R&B do duo AlunaGeorge, o line-up ainda contou com os shows de CITIZENS!, Aldo, the Band, Wannabe Jalva, Mahmundi, Glass and Glue e Serge Erège. Apesar de a capital paulista ter recebido o evento em 2014, essa foi a primeira vez em que o festival chegou com o line-up completo a São Paulo. Sediado no Rio Grande do Sul, o Meca está na sexta edição.
O clima no aeroporto da zona norte de SP era descontraído, entre food trucks, diversos stands promocionais, open bar de cerveja e um público jovem e que, de maneira geral, era facilmente identificável como hipster. Entre erros e acertos, a produção do evento garantiu que todos os concertos começassem no horário (mas, segundo alguns dos presentes, os portões só foram abertos às 15h, o que fez com que o músico paulistano Serge Erège, que começou o show nessa hora, tocasse para uma plateia bastante reduzida). Uma reclamação constante foi a quantidade insuficiente de banheiros – as filas para usar os lavabos químicos disponíveis chegavam a 30 minutos de espera.
Glass and Glue e Serge Erège
Os artistas conseguiram animar àqueles que se dispuseram a chegar cedo no Campo de Marte. Destaque para “Big Bang”, do Glass and Glue, que conseguiu fazer os poucos ouvintes dançarem.
Mahmundi
Às 17h foi o momento da carioca Macela Vale (confirmada em cima da hora no line-up do evento) subir ao palco do Meca. Acompanhada de baixo e sintetizadores, Mahmundi chamou os presentes para dançar e comemorou o show em São Paulo. “Vir a essa cidade é sempre maravilhoso, acabo fazendo vários novos amigos”, exclamou a cantora. Apresentando as faixas do disco Setembro, o trio arrancou sorrisos da plateia ao fazer uma cover de “Corre-Corre”, de Rita Lee.
Wannabe Jalva
Em seguida foi a vez dos gaúchos do Wannabe Jalva mostrarem o último trabalho, o EP Collecture. Com longos trechos instrumentais e o revezamento dos vocais entre Rafael Rocha e Felipe Puperi, o quinteto não conseguiu cativar tanto a audiência quanto a atração anterior. Os singles “Mainline” (lançado no blog Sobe o Som) e “Down the Sea” agradaram muito a quem se dispôs a permanecer na área do palco, mas não foram o suficiente para esvaziar os stands espalhados pelo complexo do Hangar 001.
Aldo, the Band
Uma das melhores do dia, a apresentação do quarteto comandado pelos irmãos André e Murillo Faria começou, de forma tímida, a convencer o público a abandonar os food trucks e ver o que acontecia no palco principal. Com uma performance energética, a banda também apresentou canções do novo EP Sunday Dust.
Divertido e frenético, André conseguiu criar uma relação harmônica com a plateia, antes de estrear uma faixa que deve compor o novo disco. “A música é nova, vamos tentar!”, disse. Mas o grande momento foi quando, após o grupo anunciar o final do show, a produção do evento permitiu com que Aldo, the Band tocasse mais uma música. “Mais uma, vamos tocar mais uma, pessoal!”, gritava contente o vocalista. O público, então, dançou junto com o quarteto a faixa “Sunday Dust”.
CITIZENS!
Arriscando-se bastante no português, o vocalista Tom Burke comandou o quinteto londrino na primeira apresentação internacional da noite. Com muitos riffs de guitarra e refrãos que lembram os anos 1980, o grupo viu encher a área do palco principal aos poucos, tocando faixas como “Ligthen Up”, “Caroline” e “Let`s Go All the Way”.
Os rapazes britânicos não pouparam carisma: mais cedo, pouco antes do show do Wannabe Jalva, os integrantes foram vistos andando de skate no amplo espaço onde ocorreu o festival. Durante o concerto, Burke - que trocou de camisa duas vezes - chamava o público para cantar o refrão de “True Romance”: “Quero que todos gritem o mais alto possível. Estou aqui pra festejar”.
AlunaGeorge
Quando o duo britânico entrou em cena, uma brisa mais fria começava a invadir o ambiente do festival. Logo na primeira música, “Attracting Flies”, o AlunaGeorge conseguiu reunir em torno do palco uma quantidade expressiva do público.
“Vamos nessa, São Paulo!”, disse, em português, a vocalista Aluna Francis, com uma postura ameaçadora, um vestido preto e os cabelos soltos. Apesar de baseada quase que por completo no único disco do duo, Body Music, a apresentação do AlunaGeorge abriu espaço para a recente “Supernatural”, além das costumeiras covers de “This Is How We Do It” (Montell Jordan) e “White Noise”, originalmente gravada pelo Disclosure, mas com participação de Aluna.
Ao longo das dez faixas do setlist, a frontwoman demonstrou domínio do palco, quase sempre com os olhos fechados, focada no desempenho vocal e nas danças espontâneas – nada coreografado, apenas a expressão corporal da cantora, que em alguns momentos parecia estar se contorcendo atrás do microfone. Reforçadas pela bateria, canções como “Best be Believing”, “Kaleidoscope” e “You Know You Like It” ficam mais orgânicas ao vivo, dando ainda mais vida à profunda voz de Aluna.
“You Know You Like It” – com o eficiente verso pop que dá nome à música –, aliás, foi a última do repertório. Extremamente concisa, e às vezes até apressada, a apresentação chegou a soar embolada para caber nos pouco mais de 40 minutos em que o duo esteve no palco.
La Roux
Trazendo o segundo disco da carreira na bagagem, Elly Jackson – a voz por trás do La Roux – subiu ao palco do festival com o jogo praticamente ganho. Aos gritos e aglomerada na pista, a plateia era só adoração à cantora. Desde os primeiros sons de “Let Me Down Gently”, os berros e pulos tiraram qualquer dúvida de que o La Roux foi, de longe, a razão da maioria do público ter ido ao Campo de Marte.
Crítica: Trouble in Paradise, segundo disco do La Roux.
Em cima do palco, Elly Jackson encara duas de si mesma. Uma delas é a jovem de agudos potentes e hits imediatos, que estourou em 2009 com o álbum homônimo ao grupo. A outra é a mulher mais madura, de cantar sereno e autorreferente, com uma queda por guitarras suingadas – características do La Roux em Trouble In Paradise. E a montagem do repertório é a principal responsável por escancarar as diferenças, alternando uma faixa do primeiro com outra do segundo disco até o fim do show – caso de “Kiss And Not Tell” após “Fascination”, ou “I’m Not Your Toy” depois de “Cruel Sexuality”.
Elly, entretanto, parece estar bem-resolvida consigo mesma. Na forte “Cruel Sexuality”, ela avisa: “I've been talking to myself” (“Tenho conversado comigo”), como se deixasse para trás os problemas que teve durante parte dos cinco anos em que ficou sem lançar um álbum de inéditas (ela passou por crises de ansiedade que afetaram sua voz). No palco, Elly é só tranquilidade. Ela combina as danças desajeitadas e trajes com pegada clássica (calça de cintura alta e blazer preto), e ainda ostenta um dos penteados mais invejados na música pop.
Com as batidas pesadas de “In For The Kill” ao fundo, a cantora aproveitou a oportunidade para confirmar que vai tudo bem – e muito bem – com a voz dela, mantendo com precisão as notas mais altas da música. Em faixas mais arrastadas, como “Tropical Chancer” e “Uptight Downtown”, Elly chega a tocar uma das guitarras no instrumental. Ao vivo, “Tropical Chancer” ganhou um encerramento agressivo, com solos e maior intensidade.
Sem saída para o bis, o La Roux deu linhas finais ao show no Meca com a dupla “Tigerlily” e o maior sucesso do grupo, “Bulletproof”. Com os músicos em pé e batendo palmas, a faixa surgiu de maneira explosiva, para causar histeria na já incendiada plateia. Elly ainda chegou a deixar o público cantar alguns versos antes de ir embora com sorrisos e agradecimentos, selando o encontro bem-sucedido entre suas duas facetas artísticas.
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