James Murphy no show do LCD Soundsystem em São Paulo, cidade que entrou para a rota da turnê de despedida do grupo - Roberto Larroude

LCD Soundsystem fechando as cortinas

Com sabor de despedida, a trupe de James Murphy, que sai de cena em abril, se apresentou em São Paulo na última sexta, 18, e mostrou aos fãs o quanto vai fazer falta

Por Stella Rodrigues Publicado em 19/02/2011, às 14h14

Foi a última chamada para ver ao vivo uma banda que, há uma década, e três discos, mostrou todo o talento musical de James Murphy. O LCD Soundsystem realiza sua turnê de despedida, antes de encerrar a carreira com uma série de shows em Nova York. O giro pelo Brasil, que já estava programado antes do anúncio do fim, começou na última quinta, 17, no Rio de Janeiro, e incluiu uma apresentação eletrizante em São Paulo, na última sexta, 18, na Warehouse, espaço anexo ao clube Pacha. Quem não perdeu essa chance final de prestigiar tudo que banda de seis pessoas reunida por Murphy tem para mostrar ao vivo, viu de tudo: roda de pogo, globo de discoteca, hits, tudo homogeneizado na batedeira musical do LCD, que mistura elementos sonoros até eles se transformarem nessa massa uniforme em ponto de consumo, algo que funciona ainda melhorar ao vivo do que nos discos.

Tudo isso aconteceu durante o festival (No)Mondays!, que contou com diversas outras atrações, como as bandas Inky, Turbogeist e uma série de DJs (inclusive o próprio Murphy, que foi para trás das pick-ups após a apresentação). O relógio já marcava pouco mais de 1h deste sábado, 19, quando James Murphy e companhia subiram ao palco para eletrizar a plateia. O ar condicionado da casa lotada não deu conta de resfriar o local, mas isso não desencorajou o público a sair do conforto de uma extensa área VIP, com bebidas de graça, a mergulhar no meio da multidão e apreciar o que o grupo norte-americano havia preparado para uma de suas performances derradeiras.

Os três discos da carreira da banda - LCD Soundsystem (2005), Sound of Silver (2007) e This Is Happening (2010) - foram representados de maneira razoavelmente equilibrada, com um ligeiro destaque maior para o trabalho mais recente. Foi um resumão muito de acordo com o senso histórico da ocasião.

A noite começou com "Dance Yrself Clean", o que pareceu apropriado para o clima catártico que tomou a pista nas duas horas que se seguiram. Em seguida foi a vez do sucesso "Drunk Girls", um daqueles hits que pareceram fazer vibrar até quem caiu no show de paraquedas. A partir daí, a missão de cativar o público já estava mais do que cumprida. "Get Innocuous!" e "Daft Punk Is Playing at My House", que vieram depois, mantiveram a energia em seu pico a todo momento (vide vídeo abaixo), e ainda tinha muita coisa pela frente, como "I Can Change", "You Wanted a Hit" e "Someone Great". Um dos grandes sucessos da carreira da banda, o hino "All My Friends", sonorizou o momento mais empolgado da madrugada.

A primeira parte da performance terminou com "Losing My Edge". Apesar do fato de que o show já estava batendo na casa das duas horas de duração, dada a temática já saudosista do evento, quando a banda deixou o palco, um pouco antes das 3h, deu para sentir um certo clima de "só isso?".

Pausa para respirar, secar o suor e, na volta, eles anunciaram a última música da noite, "New York, I Love You but You're Bringing Me Down". Circulava a notícia de que O LCD tocaria, no mínimo, durante 2h15, o que não era de se duvidar, já que os três discos, recheados de faixas longas e com introduções facilmente "esticáveis", poderiam render a noite toda. O show teve um pouco menos de tempo do que isso, mas ninguém saiu reclamando, até porque, a energia que ficou após o encerramento durou mais algumas horas.

O LCD Soundsystem, após passar pelo Rio de Janeiro e São Paulo, segue agora para Porto Alegre, onde nunca tocou. A apresentação será neste domingo, 20, na Casa do Gaúcho. A despedida definitiva do grupo encabeçado por James Murphy acontecerá em Nova York, no Madison Square Garden, no dia 2 de abril. A apresentação provocou uma corrida tão louca por ingressos que Murphy anunciou mais quatro datas antes dessa, todas também em Nova York, no Terminal 5, nos dias 28, 39, 30 e 31 de março. Para estes últimos shows, o músico de jeito simples e bonzinho promete performances dignas dos eventos históricos que serão, tocando por três horas ou mais.

Turbogeist

Mick Jagger, além de ter tido muitas mulheres, teve muitos filhos. O mais famoso deles, no Brasil, é o fruto de seu - muito - breve relacionamento com a apresentadora Luciana Gimenez. Mas o rebento que busca a fama, ou reconhecimento artístico, pelo menos, é outro: Jimmy Jagger, filho do Rolling Stone com a modelo Jerry Hall e líder do Turbogeist, que tocou antes do LCD SoundSystem. Aos 25 anos, de bermuda, camiseta folgadona do Sex Pistols e jeitão despojado e um pouco tímido, Jimmy disse estar realizando um sonho ao vir tocar no Brasil pela primeira vez, elogiou muito a cidade e mais de uma vez demonstrou sua gratidão àquelas poucas pessoas que chegaram mais cedo para vê-los. O grupo com som garageiro, influenciado pelo punk, sabia bem porque estava lá. Tocaram humildemente "algumas músicas antes de deixar vocês em paz para ver o LCD pela última vez", conforme brincou o frontman. A pista bem vazia começou a receber as pessoas aos poucos. Os garotos mostraram para elas doze de suas músicas despojadas, como "Ice Cold Beer", que serviu de acompanhamento para que Jimmy entornasse uma cerveja. A atração deslocada - já que a maioria do público não parecia esperar um show de punk rock dentro de um festival que primava pela música eletrônica - terminou o show sob algumas vaias de quem foi até o gargarejo guardar lugar para a apresentação seguinte. Jimmy e os outros integrantes não se intimidaram: ele vaiou de volta, sem perder o temperamento, enquanto o guitarrista Luis Felber desafiou o detrator a subir ao palco e fazer melhor.

Veja abaixo um pedaço das apresentações das duas bandas:

mick-jagger james-murphy lcd-soundsystem turbogeist jimmy-jagger

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