O pioneiro da música eletrônica irá discotecar em evento neste fim de semana
Paulo Cavalcanti Publicado em 02/06/2017, às 17h42 - Atualizado às 17h51
Um dos nomes mais importantes e influentes da música pop das últimas décadas, o músico, compositor e produtor Giorgio Moroder participará de um evento que será realizado no Espaço das Américas, em São Paulo, neste sábado, 3. Aos 77 anos, o italiano criador de inúmeros hits e um dos artífices da música dançante moderna já não trabalha mais da forma intensa com fazia há 40 anos, na era áurea da disco music e do europop. Mas ele não gosta de ficar parado e ainda roda o mundo se apresentando como DJ e aparecendo em eventos ocasionais.
O evento que celebra a música dançante de diferentes eras começa às 21h30, com o DJ Silvio Ribeiro (do programa de rádio Energia da Véia). Depois, segue com a apresentação da banda Rod Hanna, que é especializada em reviver hits da disco music. O final ficará com Moroder, que irá discotecar uma seleção dos grandes hits que ele escreveu e produziu, como “Hot Stuff”, “I Feel Love” (Donna Summer), "Call Me" (Blondie), “Take my Breath Away” (Berlin), “Flashdance... What a Feeling" (Irene Cara), "Putting Out the Fire" (David Bowie), “From Here To Eternity” (hit solo do próprio Moroder), entre muitos outros.
Quando o assunto é a loucura da era disco, Moroder não é alguém que poderia falar sobre sentir saudade daquele desbunde. Ele conta que, na verdade, não aproveitou muito, pelo menos no que diz respeito a uma questão hedonista: “As pessoas se divertiam muito, sim, mas eu era um workaholic”, lembra. “Ficava o tempo inteiro enfiado no estúdio, produzindo e experimentando novas texturas no sintetizador. É disso que eu me lembro”.
Aqueles que viveram as décadas de 1970 e 1980 conhecem bem a obra de Moroder. Mas boa parte do público jovem o descobriu apenas em 2013, quando participou do álbum Random Access Memory, da dupla francesa Daft Punk. Em entrevista por telefone, ele fala que a gravação da faixa "Giorgio by Moroder", incluída no disco, foi um trabalho fácil. “Eles [Guy-Manuel de Homem-Christo e Thomas Bangalte] me chamaram e disseram: ‘Queremos apenas que você se sente e fale sobre sua vida’. E assim foi. Não falaram mais nada”. Ele conta que só foram contatá-lo novamente seis meses depois. “Finalmente eu pude ouvir a gravação. Ficou muito divertida e aprovei totalmente o resultado.”
Mas não é apenas o Daft Punk que tem Moroder como ídolo. Nomes importantes da cena dançante contemporânea como Mark Ronson, Skrillex, David Guetta já admitiram que se inspiraram muito no trabalho do italiano. Ele comenta que admira muito a cena dançante e eletrônica do momento. “Hoje tem muita gente cheia de criatividade e energia. Para mim, o mais importante é que o som dançante de agora é feito para se tocar em rádio, não apenas nas pistas de dança. Como era no meu tempo. Assim, eu fico grato quando reconhecem os meus esforços como pioneiro, lá na década de 1970”.
Em 2015, Moroder lançou o CD Deja Vu, que tinha a participação de Britney Spears, Charli XCX, Kylie Minogue, Mikky Ekko, entre outros. Ele discorre um pouco sobre este trabalho: “Esta foi uma experiência diferente para mim. Antigamente, tínhamos uns três singles legais para trabalhar, mas precisávamos dar um jeito de encher o resto do LP. Já em Deja Vu, eu trabalhei com tanta gente interessante, jovem e talentosa. Por isso, o disco é bom do começo ao fim. É uma das melhores coisas que já fiz.”
O produtor conta ainda que não pretende se aposentar e ainda tem muitos planos. “O futuro se mostra interessante. Agora tenho este trabalho como DJ, o que me mantém em contato com as pessoas. Meu próximo projeto é fazer algo na linha sinfônica, com uma orquestra tocando as minhas canções”, encerra.
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