Livro revela desabafo de Champignon no dia da morte de Chorão

Fundador e vocalista do Charlie Brown Jr, Alexandre Magno Abrão, conhecido como Chorão, morreu há exatos 10 anos, em São Paulo, por overdose de cocaína. Na madrugada de 6 de março de 2013, foi encontrado morto no apartamento em Pinheiros. O músico enfrentava diversos problemas com drogas e estresse com a vida pessoal e profissional.

Apenas seis meses depois da partida do Chorão, o Champignon tirou a própria vida. O livro Champ, biografia do artista por Pedro de Luna, revela detalhes da vida de Champignon após a morte de chorão e de sua carreira. Confira o trecho abaixo:

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Trecho da biografia de Champignon de sobre a morte do Chorão por Pedro de Luna

Como era o único integrante do CBJr que morava em São Paulo, Champignon foi o primeiro a chegar ao prédio do amigo e virou alvo imediato dos repórteres. À imprensa, disse que, apesar das desavenças, havia uma longa amizade:

"A gente tinha uma relação profissional. Apesar das muitas brigas, éramos amigos há mais de 20 anos. Estou péssimo, muito triste pela perda dele. Perdi um dos melhores amigos que tive na vida, era meu irmão.”

A apresentadora Sonia Abrão confirmou que a única pessoa da banda que estava lá era o Champignon: “Ele foi o primeiro a chegar. E quando me viu correu pra me abraçar”. Ela contou no seu programa de TV que o baixista estava em estado de choque e ficou repetindo a mesma frase umas trinta vezes seguidas: “Meu, a gente brigava tanto, mas eu te amava, você era o meu irmão”. A última vez em que ela esteve pessoalmente com Champ foi no velório do primo.

Autor da foto de capa desta biografia e do CD do Revolucionnários, o fotógrafo Marcos Hermes dirigia o seu carro na rodovia Ayrton Senna a caminho do Rio de Janeiro quando ouviu a notícia: “Eram oito horas da manhã. Parei o carro e liguei pro Champignon para saber como ele estava. Ele me disse que estava sentado na sarjeta, pensando sobre tudo, processando a parada. Eu falei pra ele ficar de boa, que a responsabilidade iria aumentar, que haveria pressão, mas que ele era incrível. Ele estava bem consciente.”

Presidenta do fã-clube, Nessa Champirada também se lembra bem:

“O Champ simplesmente não conseguia acreditar. Mas para a gente que sempre estava perto do Chorão não era algo inesperado, pois a cada dia que passava ele estava pior. Os últimos quatro meses de vida foram muito intensos, de altos e baixos entre os dois: num dia ele morria de amores pelo Champignon, no outro deixava ele para fora do camarim ou dava uma patada na frente de outros famosos, deixando o Champs bem magoado. De cara, o Champs pareceu bem assustado com a situação. Depois ele ficou chorando muito e as únicas palavras que eu escutei da boca dele foram: ‘Eu não acredito, isso parece um pesadelo, não dá pra acreditar, caralho que merda’. E seguia chorando.
‘Carta a Deus’ é a carta desabafo que o Champs escreveu depois da morte do Chorão. Ela começa dizendo que agora tinha liberdade para ser ele mesmo, para se libertar. No final, o Champ fala que está buscando por um novo sentido, porque simplesmente a vida dele não fazia sentido sem o Chorão.”

Carta a Deus

“Hoje, tenho paz e liberdade para sentir o vento. Posso sentir o sabor do nosso novo invento. Um dia tivemos lado a lado contra o tempo e agora nossos tempos são tão diferentes.
O quadro que pintamos tem outro sentido. As cores mudaram em um instante. Os sentidos mudaram e os rumos seguiram. Tivemos tempo pra nos falar, mas não tivemos tempo pra nos despedir. Foi tudo tão rápido, sem aviso prévio. Uma última ligação, uma última notícia, um último suspiro.
Aprendemos a não ter medo do futuro, a superar as dificuldades que a vida nos impõe, por sermos homens!!!

Um sorriso de menino me diz que a vida tem muitos encantos e alguns encantos têm o seu perigo e certos perigos tem o seu preço ou sua recompensa.
Agora busco por um novo sentido.”