A recém-chegada Paz Lenchantin mostrou personalidade ao conduzir os graves do grupo
Lucas Brêda Publicado em 06/04/2014, às 22h37 - Atualizado às 23h35
Se o show do Imagine Dragons, no primeiro dia de Lollapalooza, exaltou a felicidade pop e fácil, o Pixies, em sua terceira passagem pelo Brasil, provou que continua seco e introspectivo, apesar da variedade de novas canções e da baixista recém-chegada Paz Lenchantin. É possível dizer que a banda vai de encontro a qualquer tipo de definição de “rockstar” ou celebridade, tendo tocado 22 músicas em pouco mais de uma hora (um dos setlists mais gordos do festival), sem trocar sequer uma palavra com a plateia.
Black Francis (aniversariante do dia, completando 49 anos que, obviamente, não foram comemorados no palco), Joey Santiago, David Lovering e Paz Lenchantin chegaram sem alarde ao palco Skol, às 17h35, para encontrar com uma multidão à sua espera. Sem “olá”, “boa noite” ou “obrigado”, as canções foram “cuspidas” a partir dali, em máxima velocidade, uma atrás da outra, a começar por “Bone Machine”, sendo que essa foi a primeira oportunidade que os brasileiros tiveram de dar boas-vindas à baixista argentina Paz Lenchantin (assumindo os graves após a saída de Kim Deal e, posteriormente, de Kim Shattuck). Ela demonstrou personalidade, dando seu toque às linhas de baixo da banda, e, é claro, fazendo os backing vocals obrigatórios no som do Pixies – ainda que o volume, tanto do baixo quanto do microfone, estivesse mais baixo do que na época de Kim Deal.
O jeito de agir e se vestir dos integrantes, assim como a configuração do palco (nem mesmo o nome da banda é colocado no telão) revelam o mote do Pixies ao vivo: fazer música para eles mesmos, e se o público gostar, objetivo conquistado. Canções antigas como “Gouge Away”, “Cactus” e “Broken Face”, tocadas no começo da apresentação, provaram que não seria difícil para o grupo ter o público ao lado. Entretanto, muitas músicas novas (do disco Indie Cindy, compilação que sai em 29 de abril e reúne os três EPs lançados desde o segundo semestre do ano passado) levaram quem assistia ao show a uma certa apatia. “Blue Eyed Hexe”, “Bagoboy” e “Indie Cindy” cresceram ao vivo, dando a entender que se tivessem mais tempo de “digestão” pelo público brasileiro, poderiam ser mais apreciadas.
Entretanto, e como não poderia deixar de ser, foi com os hits “Monkey Gone To Heaven”, “Where Is My Mind”, “Here Comes Your Man” e “Hey” – esta, especialmente, funciona muito bem ao vivo – que a banda entrou em comunhão com a plateia. “La La Love You”, com o baterista David Lovering cantando firme e grave, soou cômica, e contrapôs à seriedade que prevaleceu no rosto de Black Francis e Joey Santiago – eles mal sorriram enquanto estiveram no palco. É possível dizer que, sem frescuras, o Pixies promove o show da espontaneidade no festival.
Devido às músicas novas e à certa "antipatia" dos integrantes no palco, o show do Pixies no Lollapalooza 2014 pode ter sido o menos interessante da banda no Brasil (eles tocaram por aqui no SWU de 2010, e em Curitiba, em 2004). Porém, com uma baixista de personalidade – que parece se firmar na formação – e o fato de as músicas novas terem soaram bem ao vivo, o Pixies pode pensar em um futuro pelo menos digno do seu passado, ainda capaz de agradar multidões, como a que viram Black Francis e companhia no Lollapalooza Brasil.
Dois anos sem Gal Costa: Gilberto Gil e Maria Bethânia fazem homenagens
Tony Todd, ator de Premonição e Candyman, morre aos 69 anos
Any Gabrielly fala de amizade com Bruno Mars e revela já ter cantado com ele
Alice Fromer lança música inédita de Marcelo Fromer e Arnaldo Antunes
James Van Der Beek, de Dawson's Creek, fala sobre diagnóstico de câncer colorretal
Em estreia solo, Jerry Cantrell promete show mais longo no Brasil: 'tocar até cair'