Apesar de reconhecido no exterior, músico não desperta tanta atenção dos brasileiros
Lucas Brêda Publicado em 05/04/2014, às 15h59 - Atualizado em 07/04/2014, às 14h33
Cantando em inglês e português, e com um instrumental eletrônico afiado, Lucas Santtana fez uma apresentação para não colocar defeito no palco Interlagos do Lollapalooza 2014. O show faz paralelo com a atual situação do músico, que tem discos reconhecidos no exterior mas segue sem a projeção devida no Brasil, afinal, quando o baiano subiu ao palco, às 14h, poucos foram prestigiá-lo – menos gente que o show do Vespas Mandarinas, duas horas mais cedo, no mesmo dia de festival.
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Os shows recentes de Lucas Santtana são recheados de experimentalismo. O músico se reveza entre guitarra e baixo, e é acompanhado por Bruno Santana, na bateria e nos samplers, e Caetano Malta, na guitarra. No palco do Lollapalooza, o trio parecia fazer o som se multiplicar, com muito eco e ritmos dançantes.
Em músicas como a instrumental “Deixe o Sol Bater”, o som das duas guitarras ganha força, e apesar do público pequeno, os músicos se divertiam em cima do palco, fazendo caras e bocas e dançando de maneira desengonçada. Quando está apenas nos vocais, Lucas Santtana gesticula e interpreta as letras. Em “Se Pá Ska. S.P.”, a mais celebrada pelo público, ele canta os versos: “É só sair na rua e ter a sensação/ De que somos sós desde a barriga até o caixão/ Mas eu disse sós, não disse sozinho”. Estando em São Paulo, a música não poderia fazer mais sentido.
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Em certos momentos, ele flerta com uma variedade de ritmos que vai do tecnobrega ao funk carioca, sempre com muita experimentação, criando um clima interessante até para quem desconhece o som dele. Em “Jogos Madrugais”, ele fala da ansiedade, tendo como base um riff de guitarra hipnotizante; em “Pela Orla dos Velhos Tempos”, vem à tona a originalidade do seu som eletrônico.
O público era tão escasso no palco Interlagos que, em certa hora, alguém da plateia gritou pedindo uma música. Lucas Santtana não só ouviu, como respondeu, estabelecendo um diálogo. Apesar disso, quem enfrentou o calor para ver o baiano, dançou e participou da apresentação, que teve nove músicas tocadas uma atrás da outra – em certo momento, ele disse: “Vamos ou não dá tempo de tocar todas”.
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Cantando “É Barato de Ter, É Baratinho, Venha Ver”, ele parecia chamar as pessoas que passavam indiferentes pelo palco Interlagos, em direção ao show do Capital Cities ou do Cage The Elephant, ambos na iminência de começar. Com um som original e bem construído, Lucas Santtana e seu trio certamente mereciam mais atenção do que tiveram, tendo mostrado que ainda não despertam tanta atenção do público brasileiro.
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