Eagles of Death Metal no Lollapalooza 2016 - Lucas Guarnieri

Lollapalooza 2016: primeira parte do dia tem como destaques a vitalidade do Eagles of Death Metal e os "insultos" bem-vindos do Matanza

Ainda se apresentaram Vintage Trouble, Dônica, The Baggios, entre outros

Lucas Brêda Publicado em 12/03/2016, às 18h20 - Atualizado às 19h18

O Lollapalooza 2016 começou sob sol forte neste sábado, 12, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. O primeiro dia edição nacional do festival tem como headliners o grupo psicodélico Tame Impala, a banda folk britânica Mumford & Sons, o rapper norte-americano Eminem e cantora pop Marina and the Diamonds. Mas a primeira parte do dia 1 do Lolla 2016 foi marcada pelo punk/hardcore de Matanza e Bad Religion, além da festa do Eagles of Death Metal e o rock progressivo do Dônica.

Quem iniciou os trabalhos foi o duo sergipano The Baggios encarando o calor e o público escasso, no palco Skol – o maior –, pouco depois das 12h. A banda de blues ainda entoava os últimos acordes quando o Supercombo subiu ao palco Axe e o Dônica assumiu o palco Onix.

Jovem grupo carioca, o Dônica tem apenas um disco na carreira e já está aproveitando sua segunda participação em um megafestival em menos de um ano (a banda integrou o line-up do Rock in Rio em 2015). Quando o quinteto começou a tocar, entretanto, apenas alguns curiosos se reuniram na porção mais frontal da plateia, enquanto o resto dos presentes no local assistiu à apresentação de forma esparsa no gramado do Autódromo.

Com uma sonoridade tecnicamente elaborada, ainda que pouco genuína, o integrantes apresentaram as faixas do único disco deles, Continuidade dos Parques (2015), incluindo a parceria com Milton Nascimento “Pintor”. Apesar de agradarem com letras curiosas e algumas melodias cativantes, as prolongadas passagens instrumentais não foram suficientes para atrair o olhar do público para o palco.

Não há dúvidas de que o Dônica ocupa um espaço pouco povoado na música nacional – no rastro da sonoridade do Clube da Esquina –, mas para uma plateia jovem e que estava sendo queimada pelo sol, as performances soaram arrastadas e até fora de contexto. Ficar sentado ou deitado na grama parecia uma opção mais confortável.

Se o Dônica soou monótono no palco Onix, o Matanza não perdeu a oportunidade de celebrar a diversão e a "escrotidão" no palco Skol. O quarteto carioca juntou uma quantidade expressiva de pessoas – superando nomes internacionais, como o Eagles of Death Metal, por exemplo –, no primeiro momento do dia em que houve rodas de pogo, mãos para cima e gritos incessantes acompanhando as caixas de som.

Jimmy London e companhia tinham o tempo padrão, 1h, e não desperdiçaram um minuto sequer: enfileiraram as velozes canções uma atrás da outra em Interlagos. O setlist incluiu antigas como “Ressaca Sem Fim”, “A Arte do Insulto”, “Bom é Quando Faz Mal”, “Mesa de Saloon”, “Eu Não Gosto de Ninguém” e “Tempo Ruim” entre outras.

Completando dez anos de existência, o disco A Arte do Insulto foi o que rendeu mais performances, mas ainda teve espaço para trabalhos mais recentes como Pior Cenário Possível (de 2015), das quais saíram “O Que Está Feito, Está Feito” e “A Sua Assinatura”.

De cabelos curtos (a barba, vale dizer, continua como sempre), London não trocou o jeito de cantar distorcido nem para se comunicar com a plateia. “Não importa e estilo de música, todos aqui são uma verdadeira canalha. Alguém abre mão de se divertir?”, disse ele, antes de puxar o hit “Clube dos Canalhas”. O hino escrachado ao prazer e à celebração pareceu encontrar um ponto em comum no público de um festival tão diverso musicalmente: o desejo de diversão.

Além de “Clube dos Canalhas”, “Pé na Porta, Soco na Cara”, “Ela Roubou Meu Caminhão” e “O Chamado do Bar” foram recebidas calorosamente. O mote do Matanza é evocar o lado mais podre e descarado das pessoas e, mesmo estando longe de ser unanimidade entre o público indie do Lollapalooza, pelo menos no show deste sábado, 12, eles conseguiram.

O Vintage Trouble havia acabado de encerrar – com o vocalista debruçado, no meio do público – o show no palco Axe e o Eagles of Death Metal deu início à performance festiva no palco Onix. O líder do grupo, Jesse Hughes, surgiu vestindo calça e camiseta pretos, com um suspensório vermelho e recolhendo uma camiseta atirada pelo público. A peça de roupa trazia os dizeres “Boys Bad News”, frase presente no hit da banda “I Want You So Hard (Boy's Bad News)”.

A atmosfera era favorável, já sem o sol escaldante e com o Autódromo bem mais preenchido do que no show do Dônica (apresentação anterior daquele palco). O Eagles of Death Metal soube aproveitar as condições e despertou o clima de dança e celebração, mesmo para uma plateia não tão familiarizada com as músicas do grupo.

Não tem como não considerar um ato de coragem dos integrantes o fato de eles estarem tocando com tanta vitalidade e graça poucos meses depois de estarem presentes no atentado terrorista no clube Bataclan, em Paris. O apreço pelo ofício foi revelado a cada fala de Hughes, que disse, de olhos fechados e com os punhos cerrados: “Vocês não têm ideia do quanto eu precisava de vocês esta noite” (nem o sol proeminente fez o vocalista notar que a noite ainda não havia chegado).

Eles tocaram faixas de todas as fases da carreira, como “Cherry Cola”, “Complexity” e “Wannabe in L.A.”, a cômica cover de Duran Duran para “Save A Prayer” e encerraram com “Speaking in Tongues”. A última performance foi marcada pela ousadia do vocalista, que andou no meio do público, voltou ao palco, exigiu um solo de baixo, dançou até o chão e mostrou carisma extremamente particular.

lollapalooza musica supercombo baggios Bad Religion matanza eagles of death metal jesse hughes donica vintage trouble

Leia também

Morre Andy Paley, compositor da trilha sonora de Bob Esponja, aos 72 anos


Viola Davis receberá o prêmio Cecil B. DeMille do Globo de Ouro


Jeff Goldblum toca música de Wicked no piano em estação de trem de Londres


Jaqueta de couro usada por Olivia Newton-John em Grease será leiloada


Anne Hathaway estrelará adaptação cinematográfica de Verity de Colleen Hoover


Selena Gomez fala sobre esconder sua identidade antes das audições