MC norte-americano levou o “gospel rap” ao palco principal do primeiro dia de festival
Lucas Brêda Publicado em 23/03/2018, às 22h17 - Atualizado em 27/03/2018, às 18h03
Vencedor de três prêmios Grammy com uma mixtape e astro em ascensão nos Estados Unidos, Chance the Rapper não tem o mesmo prestígio no Brasil. “Preciso que vocês pulem nesse show, é assim que a gente faz em Chicago”, disse ele em certa altura. De fato, a plateia do palco Budweiser, apesar de lotada, não era formada exatamente por fãs do rapper.
Nem por isso ele ficou devendo, e conquistou o público com hits, papel picado, uma banda afinada — que dá nova cor aos arranjos — e o tom de “sagrado” das influências de música gospel. O show de Chance, de fato, evoca a ritualística de uma igreja, tanto nas letras quanto no som, sendo que a celebração é a música — ou a vida. Ele foi de “Blessings” a “Cocoa Butter Kisses” e até cantou as partes dele dos hits “I’m the One” (de DJ Khaled e com Justin Bieber, entre outros) e “Ultralight Beam” (de Kanye West, sendo que esta ele mostrou com arranjo reinventado e apenas repetindo o verso que cabe a ele na versão original).
O rapper recordou a mixtape Acid Rap (2013) também com “Favorite Song” e emocionou com o single “Sunday Candy”. Em “No Problem”, uma das mais animadas, ele colocou no telão imagens dos três prêmios Grammy que venceu em 2017 pela mixtape Coloring Book (2016), enquanto rimava sobre gravadoras tentarem “pará-lo”. Chance é reconhecido por ser um artista independente que conseguiu chegar no topo da indústria.
Em “Same Drugs”, a plateia já estava devidamente “abençoada” para o encerramento ainda mais climático, com “Blessings (Reprise)”. Foi uma estreia em solo brasileiro para mostrar o talento e a originalidade do “gospel rap” de Chance, mas ele poderia ter um público ainda mais engajado e conhecedor de sua obra — como normalmente acontece nas apresentações dele.
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