“É o melhor lugar do mundo para se tocar”, diz o vocalista, Mike Kerr
Lucas Brêda Publicado em 23/03/2018, às 19h00 - Atualizado em 28/03/2018, às 16h16
O Royal Blood já tocou algumas vezes no Brasil: no Rock in Rio de 2015 e esta semana em São Paulo e no Rio de Janeiro, por exemplo. Durante a apresentação no Lollapalooza 2018, entretanto, a atmosfera foi outra. Logo antes de “Come on Over”, terceira no setlist, o grupo já era aclamado, ouvindo o público berrar o nome do duo com vontade.
Isso porque este é o primeiro show de grandes proporções da banda em São Paulo. E, além disso, os britânicos têm a cara do Lollapalooza, um festival que resgata antiguidades e raridades, mas preza pelos sons contemporâneos. O Royal Blood surgiu em 2013 como espécie de salvador do rock (elogiado por Jimmy Page e Dave Grohl, por exemplo) nos anos 2010, ou uma banda que poderia acrescentar algo novo ao gênero, comercial e conceitualmente.
Após o segundo disco, How Did We Get So Dark? (2017), Mike Kerr e Ben Thatcher perderam parte do apelo messiânico, mas não o público. O show do Royal Blood, aliás, é um pouco como a percepção pública da banda. Em um primeiro momento, impressiona, pelos riffs diretos e viradas quebradas e também por se tratar de um duo de baixo (encharcado de pedais e efeitos) e bateria, sem guitarra. Depois, acaba soando limitada pela falta de dinâmica.
No Lollapalooza, contudo, a fatia roqueira do público preencheu os espaços do palco Onix e injetou ânimo extra na dupla, pulando em “I Only Lie When I Love You” e batendo palmas em “Little Monster”. A sinergia foi percebida e o vocalista e baixista, Mike Kerr, afirmou, sem papas na língua: “Tocamos aqui também ontem e podemos falar: este é o melhor lugar para se tocar na porra do mundo inteiro.”
Em São Paulo, o Royal Blood foi como o rock em 2018: pouco inventivo, mas ainda capaz de fazer pular, gritar e dançar. Mais do que isso, o duo encontrou uma segunda casa, uma cidade cujo público é capaz de elevar ao máximo seus atributos: o groove e a franqueza melódica.
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