Com Alex Turner inspirado, banda faz justiça à posição de headliner do festival com potência, peso e boas canções
Pedro Antunes Publicado em 05/04/2019, às 22h38
Na última passagem do Arctic Monkeys pelo Lollapalooza Brasil, o festival engatinhava na sua primeira edição. Era 2012 e o festival ainda lutava para ter relevância no cenário nacional. A banda de Sheffield vivia seu maior momento também, criativamente falando, mas a noite encabeçada por ela, a segunda e última do festival, esteve visivelmente mais vazia do que a anterior.
Mas não estamos mais em 2012, muito menos no Jockey Clube, onde o Lollapalooza deixou de ser realizado desde 2014. O Lollapalooza Brasil é outro. O Arctic Monkeys também.
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Que potência! Sem medo dos graves, a banda assumiu a pegada vagarosa e sonoramente pesada de AM, disco de 2013, e conduz a banda de Sheffield pelo cenário testemunhado nesta sexta-feira, 5, o primeiro dia do Lolla 2019. Alex Turner e companhia criam um espectro próprio, soturno, como uma noite etílica mal sucedida amorosamente falando.
Com essa levada, as canções do polêmico Tranquility Base Hotel & Casino, o disco conceitual mais recente, soa menos estranho à discografia do grupo. Embora rejeitado por parte dos fãs mais xiitas, o material do álbum de 2018 traz clima e estabelece um cenário para as músicas do Arctic Monkeys em 2019.
Tudo, e isso inclui os hits deliciosamente juvenis da banda, como “I Bet You Look Good on the Dancefloor”, ganha um ar maduro, como se o diálogo da canção ocorresse dentro do ambiente do hotel criado por Turner para conceituar o disco mais recente do grupo.
Mas tudo parte da estética grave e vagorosa de AM, disco de 2013, com o qual o Monkeys deu uma freada no ritmo acelerado de suas canções para estabelecer canções mais encorpadas.
É claro, Tranquility Hotel, lembrado no show por músicas como “Five Out of Five” e “One Point Perspective”, é um disco polêmico dentro da discografia da banda, porque estabelece um novo momento estético, mais vagaroso, menos urgente. Aos 30 anos, a vida é outra, afinal. “Olhe a bagunça que você me obrigou a fazer”, canta Turner, ao confessar que só queria ser um integrantes dos The Strokes, ao voltar para o bis com “Star Treatment”, música do álbum mais recente.
É claro, Turner não se esquece de canções que o fizeram chegar à dimensão de hoje (gigantesca). Faz suas digressões a outros momentos da banda ao tocar músicas dos primeiros alguns, como “505”, de Favorite Worst Nightmare, de 2007, “Cornerstone”, do pesado Humbug (2009). Todos os hits fazem sentido dentro do contexto do Arctic Monkeys porque a banda soube envelhecer.
Sem copiar fórmulas anteriores, o Arctic Monkeys deu uma aula de como seguir em frente, sem ser nostálgico demais, nem demonstrar ingratidão. Um show na medida certa. Exigir o contrário seria acreditar no Peter Pan e na síndrome do medo de crescer, definitivamente, Turner e sua trupe são opostos a isso.
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Confira, abaixo, o setlist da apresentação do Arctic Monkeys em São Paulo:
1 - "Do I Wanna Know?"
2 - "Brianstorm"
3 - "Snap Out of It"
4 - "Don't Sit Down 'Cause I've Moved Your Chair"
5 - "One Point Perspective"
6 - "I Bet You Look Good on the Dancefloor"
7 - "Library Pictures"
8 - "Knee Socks"
9 - "The Ultracheese"
10 - "Teddy Picker"
11 - "Dancing Shoes"
12 - "Why'd You Only Call Me When You're High?"
13 -"Cornerstone"
14 - "505"
15 - "Tranquility Base Hotel + Casino"
16 - "Crying Lightning"
17 - "Pretty Visitors"
18 - "Four Out of Five"
Bis:
19 - "Star Treatment"
20 - "Arabella"
21 - "R U Mine?"
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