A cantora cubana foi uma das atrações principais do festival que acontece em Chicago; o Arctic Monkeys encerrou a primeira noite com um setlist variado para agradar aos fãs de todas as fases da banda
Igor Brunaldi, de Chicago Publicado em 03/08/2018, às 11h28 - Atualizado em 04/08/2018, às 15h17
A lua, nítida e vívida no céu azul de Chicago desde 8h, se posicionava estrategicamente para receber o primeiro dia da edição de 2018 do Lollapalooza Chicago. Outdoors de LED espalhados pela cidade divulgavam o festival e locutores de rádio anunciavam o início do evento, que movimenta toda a cidade e começou nesta quinta, 2.
O enorme Grant Park recebeu em seu amplo gramado (ainda intacto) um line-up elaborado para agradar aos fãs de pop, rap, eletrônico, rock e qualquer gênero musical híbrido que habite o espaço entre esses ritmos. Após as 46 atrações que passaram pelos oito palcos, o encerramento do dia inicial ficou por conta do Arctic Monkeys. Com um setlist recheado de faixas do disco Tranquility Base Hotel & Casino (lançado em maio) e um novo visual retrô que combina exatamente com a sonoridade do álbum, os britânicos, liderados por Alex Turner, sem dúvida alguma agradaram a fãs de todas as fases da banda.
Desde as antigas "Brianstorm", "I Bet That You Look Good on the Dancefloor" e "The View From the Afternoon", a "Arabella" e "Do I Wanna Know", até "Tranquility Base Hotel & Casino" e "Four Stars Out of Five", a reação do público era nítida desde que a música que começava: tinha muita gente que chegava a revirar os olhos quando a banda tocava algo da fase AM, enquanto outros pulavam de alegria; o mesmo acontecia para faixas das eras Humbug, Suck It and See e Favourite Worst Nightmare. Apesar de todo o instrumental bem elaborado, quem dominou mesmo o palco foi o vocalista, que literalmente deitou e rolou no chão, cantou engatinhando, rebolou com a mão na cabeça, fez caretas de surpresa, de tédio, e manteve sem muito esforço a pose de rockstar mala que vem cultivando nos últimos anos.
Consagrando em grande estilo a parcela pop desta quinta, Camila Cabello subiu ao palco com uma energia que se manteve intacta (tanto da parte dela quanto do público) do início ao fim. Quase dois anos após sua saída um tanto quanto controversa do quinteto Fifth Harmony, e apenas sete meses depois de lançar o álbum de estreia da sua carreira solo (Camila), a cantora cubana já impõe sua voz com a confiança de uma veterana. Com uma multidão à sua frente (eventuais falhas no telão que ficava à direita do palco prejudicaram a visão de quem não conseguiu chegar muito perto), ela fez um show repleto de coreografias e hits, esbanjando talento e segurança. "Queria ter vindo antes ao Lolla, mas não tinha dinheiro. Agora estou aqui!", disse emocionada de fazer sua estreia no festival direto no palco.
Infelizmente as falhas no telão lateral não foram o único fator que atrapalhou a performance. Em um certo momento, os dois telões do palco que ficava bem na frente (e que na hora estava vazio) começaram a transmitir ao vivo uma partida de um jogo online, com barulhos de tiros em um volume inconvenientemente alto, interferindo na audição das músicas. Camila não deixou que isso atrapalhasse a vontade de cantar, felizmente. O setlist foi composto por "Never Be the Same", "She Loves Control", "In the Dark", "Consequences", cover de "Can't Help Falling in Love", de Elvis Presley, e até a não lançada "Scar Tissue". Após sair do palco se despedindo, sussurros de "nossa, ela não tocou mesmo 'Havana'" começaram a surgir na plateia. Mas alguns minutos depois, Camila voltou, claro, para cantar a música que Obama declarou ter sido uma de suas favoritas de 2017.
Em outubro, a cantora fará quatro apresentações no Brasil, nas cidades de Porto Alegre, Uberlândia, Curitiba e São Paulo.
O jovem Jaden Smith, que ultimamente tem mostrado grande afeto pelo Brasil escrevendo todos os seus tuítes em português, compôs o time de rappers a que se apresentaram no primeiro dia de festival. Inicialmente, o espaço em frente ao palco American Eagle parecia pequeno para a multidão que se empurrava para chegar o mais perto possível e assistir ao show, mas a área se mostrou de certo modo adequada, já que após algumas músicas, as pessoas foram aos poucos virando as costas e indo embora. Apesar de ter cantado algumas das faixas mais animadas do seu disco Syre, como "Watch Me", "The Passion" e "George Jefferson", e ter exibido muita empolgação, correndo de uma ponta à outra do palco, pulando e jogando água na plateia, a presença praticamente solitária do cantor (acompanhado apenas por um DJ) não foi o suficiente para manter toda a plateia cativa até o final do show, que durou só 40 minutos. O melhor momento veio com a música que com certeza todo mundo que ao menos deu uma passada no American Eagle queria ouvir: "ICON", que carrega a frase "eu sou um ícone vivo". A canção foi amplamente criticada pelo fato de Jaden ter apenas 20 anos, um disco e uma filmografia que coleciona resenhas negativas.
Com o sol escaldante e o calor emanando de um palco em que a plateia fica no asfalto, o Basement fez sua primeira apresentação em um Lollapalooza. Longe de fazer um show lotado, o grupo britânico com certeza conseguiu mobilizar um número impressionante de pessoas fazendo crowdsurfing por música, durante os quase 60 minutos de guitarras distorcidas e gritos que marcam a sonoridade da banda. O repertório foi composto por todas as favoritas dos fãs, percorrendo os quase 10 anos de Basement na ativa: desde as mais antigas, como "Covet", "Pine", "Bad Apple" e "Promise Everything", até a recém-lançada "Disconnect", do álbum Beside Myself (que será lançado em outubro). Independente da época da música, e independente da temperatura elevadíssima (beirando o insuportável), o bate-cabeça não cessou, acompanhando a força dos vocais de Andrew Fisher, que também não exibiu qualquer sinal de cansaço.
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