Filme dirigido pelo francês Luc Besson estreia no Brasil nesta quinta-feira, 28
Pedro Antunes Publicado em 28/08/2014, às 10h31 - Atualizado às 11h32
O curioso caso de Scarlett Johansson. Um rostinho lindo, corpo exuberante, qualidades cênicas ora excelentes, ora pífias. Quantas atrizes que reúnem características semelhantes às acima citadas e fracassam repetidamente na máquina de gerar dinheiro que é a indústria cinematográfica?
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Scarlett é um caso bastante único na atual geração. O principal superpoder real da atriz norte-americana talvez seja o bom gosto (dela ou do agente, nunca se sabe). O fato é que poucas pessoas em Hollywood conseguem questionar as escolhas da atriz que passa de filmes de adoradores do cinema de arte ao pop dos blockbusters endinheirados.
Ela pode ser uma alienígena esquisita em Sob a Pele, uma ficção científica estranha de Jonathan Glazer, ou apenas ser dona da adorável voz de Samantha, a inteligência artificial mais apaixonante que você verá (ou ouvirá, neste caso) nos cinemas de Ela . O que dizer dos filmes ao lado de Woody Allen, como as provocantes Cristina (de Vicky, Cristina e Barcelona) e Nola Rice (Ponto Final: Match Point)? Além de tudo isso, ela garante um lugar como a sexy e mortal Viúva Negra do grupo de super-heróis mais bem-sucedido da história das bilheterias do cinema, Os Vingadores, com seus US$ 1,5 bilhões arrecadados em bilheterias ao redor do mundo.
Primeiro trailer do filme
É inegável que os acertos são mais constantes que os erros. O mais novo filme protagonizado pela loira, Lucy, pende para mais um resultado positivo, embora o experimentalismo do diretor Luc Besson, por vezes, quase coloque tudo a perder.
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Estreando nesta quinta-feira, 28, em circuito nacional, o longa-metragem é um passeio por uma ficção científica não-tão-torta, que busca dar aspectos ultra-realistas a situações dignas de uma pintura de Salvador Dali. O que aconteceria se um humano usasse toda a capacidade cerebral, em vez dos 10% que todos nós usamos? Antes de você faça uma piada sobre algum coleguinha que usa menos do que 10%, não estamos falando de inteligência ou Q.I. aqui. O filme parte do princípio científico e verdadeiro de que os golfinhos usam mais da capacidade cerebral do que os seres humanos e desenvolveram pequenos “super-poderes” como a eco-localização, por exemplo. O que aconteceria conosco?
E, mais importante, o que aconteceria com Scarlett? Sem precisar apelar para a vulgaridade e excesso de pele à mostra, ela interpreta uma heroína ocasional, uma jovem com pouca capacidade de discernimento sozinha em Hong Kong, que se envolve com as pessoas erradas e acaba jogada nas mãos de um grande traficante de drogas chinês. A função dela era ser uma mula, ou seja, carregar a droga para outro país, mas algo dá errado. A droga em questão – um pó azulado – foi colocada dentro do abdômen dela e, graças a alguns pontapés recebidos, mistura-se com a corrente sanguínea dela. Em vez de transforma-la em um vegetal, a quantidade excessiva de droga faz com que ela incremente a capacidade mental, mais e mais. E isso resulta em poderes telecinéticos e capacidade de alterar a forma de qualquer matéria, além de viajar pelo tempo e espaço.
Segundo trailer de Lucy:
Besson, um dos nomes mais fortes do novo cinema francês, não esconde a megalomania do projeto e escorrega principalmente em alguns personagens secundários que passam a ganhar destaque excessivo, embora continuem superficiais, como o policial francês Pierre Del Rio (Amr Waked) e o pesquisador Norman (Morgan Freeman). O roteiro também se mostra perdido entre qual jornada a heroína sabe-tudo deverá seguir, se é o desejo por vingança contra o chefão do tráfico chinês Mr. Jang (Min-sik Choi) ou se é o desejo de deixar algum ensinamento para a humanidade.
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Scarlett experimenta as transformações da personagem com algum talento, embora esteja melhor como jovem cabeça de vento do que a heroína superpoderosa. No exterior, o filme faturou US$ 216,7 milhões em um mês, número bastante impressionante para um longa cujo maior acerto foi conseguir um espaço na concorrida agenda da atriz e cair no gosto dela. Um “sim” saído dos lábios mais famosos de Hollywood, cada vez mais, é a linha que separa o sucesso do fracasso.
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