A poderosa voz e o suingue de Luiz Melodia estarão presentes em dois momentos da Virada: no sábado, às 19h, no Céu Inácio Monteiro, e no domingo, às 15h, no Céu Tiquatira. - Divulgação

Luiz Melodia: um nome que figura nas listas de melhores discos, músicas, artistas e vozes do Brasil

O cantor e compositor soltou o clássico primeiro álbum, Pérola Negra, em 1973, depois de ser lançado por Gal Costa

Redação Publicado em 04/08/2017, às 11h56 - Atualizado às 12h18

Luiz Melodia foi um dos mais importantes músicos nascidos no Brasil – como fica exposto nas listas publicadas pela Rolling Stone ao longo dos anos, nas quais nosso júri de especialistas elegeu o carioca a postos nas eleições de maiores artistas, vozes, discos e canções nascidos/produzidos no país, além de ter figurado ao lado de Gal Costa e Jards Macalé na lista de maiores momentos da música brasileira. Melodia morreu nesta sexta, 4, aos 66 anos, em decorrência de um câncer na medula óssea.

Relembre abaixo:

100 Maiores Momentos da Música Brasileira

1971 – Gal lança Luiz Melodia e Jards Macalé no show Fa-Tal

Dona da voz feminina de maior alcance na Tropicália, Gal Costa se valeu de seu registro cristalino para manter erguida a bandeira da contracultura entre 1969 e 1972, durante o forçado exílio londrino dos amigos Caetano Veloso e Gilberto Gil. O marco dessa fase de desbunde na carreira da cantora foi o espetáculo Fa-Tal – Gal a Todo Vapor, sucesso de público e crítica em 1971. Nesse show memorável, Gal lançou Luiz Melodia, cantando “Pérola Negra”, e deu projeção a Jards Macalé (“Vapor Barato”), nomes ainda pouco conhecidos na cena pop brasileira. Gravado ao vivo, o show deu origem a um cultuado álbum duplo, até hoje um dos títulos mais reverenciados da discografia de Gal. Por Paulo Cavalcanti

As 100 Maiores Músicas Brasileiras –Posição 33

“Pérola Negra”

Foi aqui que tudo começou para Luiz Melodia. O poeta Waly Salomão, assim que conheceu a música "Pérola Negra", levou correndo para Gal Costa, que a gravou em seu Fa-Tal - Gal a Todo Vapor. E Torquato Neto já vinha elogiando o "negro magrinho do Morro do São Carlos" pelas composições. Com Gal Costa como madrinha, Melodia gravou, em 1973, o álbum Pérola Negra e, na sexta faixa, a música homônima. Só que, diferente do esperado, a música que vinha do morro não era samba, mas sim um som um pouco mais sofisticado, um jazz, com destaque para o piano e o baixo bem aparente. Por Marcos Lauro

Os 100 Maiores Discos da Música Brasileira – Posição 32

Pérola Negra

Pérola Negra traz um punhado de canções que vai do rock (“Pra Aquietar”) ao samba (“Estácio, Eu e Você”), esbarra no jazz (“Abundantemente Morte”) e alcança o improvável na balada épica “Magrelinha”. Mais: descobriu-se em 1973 que, com todo respeito às divas baianas Gal Costa e Maria Bethânia, o melhor intérprete para as canções de Luiz Melodia era ele próprio. Por Ramiro Zwersch

Os 100 Maiores Artistas da Música Brasileira – Posição 45

Luiz Melodia sintetiza o melhor da MPB: música de âmbito mundial, despreocupada em provar nacionalidade, e que provava do melhor da música – e não da moda – feita no mundo para ser absolutamente local. O “Pérola Negra” lapidou maravilhas contemporâneas (título do segundo disco) da música negra brasileira sem derrapar na facilidade de obedecer aos cânones: não se prendeu ao samba, brasileiro, nem ao funk, norte-americano, ao mesmo tempo em que não deixou de ser samba nem funk. Hoje, o conjunto de sua obra parece afirmar: nestes tempos em que o que há são cantores de voz pequena, ou cantores que são só voz, fique com o Melodia. Por André Maleronka

As 100 Maiores Vozes da Música Brasileira – Posição 27

A música negra é sintetizada de forma plena na carreira e na voz de Luiz Melodia, nascido e crescido no morro de São Carlos, no bairro Estácio de Sá (RJ). Fosse pela vontade do pai, o sambista Oswaldo Melodia, a inconfundível voz de Luiz teria permanecido desconhecida, já que ele queria um filho doutor. “‘Pérola Negra’ é um surto seminal de um novo canto do negro mulato cafuzo brasileiro internacional jovem”, descreveu Waly Salomão. Tendo como cama samba, rock, blues e jazz, Melodia cantava de forma ampla, aberta, seja em um clássico romântico como “Estácio, Holly Estácio”, ou em um blues como “Magrelinha”. “O obá Luiz Melodia Carlos dos Santos Melô do Quilombo de São Carlos é a voz do morro, sim senhor”, definiu Salomão, de forma peculiar e definitiva.

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