Cantora faz show bem comportado, com hits e cover de "Creep", do Radiohead
Por Bruna Veloso Publicado em 27/05/2008, às 14h06 - Atualizado em 28/05/2008, às 08h30
O show é dela, mas quem estaria ali só como apoio tem quase tanta importância quanto a atração principal. Macy Gray comanda o palco com simpatia, mas com menos intensidade do que o esperado - assim como a banda, que não parecia estar no seu auge de inspiração. Exceção às backing vocals, que ganharam o público inúmeras vezes ao mostrar vozes - e gingado - tão potentes quanto os da frontwoman nascida em Ohio, nos Estados Unidos.
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Macy entra no palco com quase uma hora de atraso (o show deveria começar às 21h30, sem banda de abertura). O vestido branco com detalhes circulares em laranja e azul contrasta com luvas (sem dedos) e botas negras. A música que abre o show é "Get Out", do último CD (Big, 2007), originalmente gravada e produzida em parceria com Justin Timberlake. De cara, Macy apresenta sua banda, cujos integrantes raramente se destacam pela performance - ao contrário do que é esperado de uma banda que tem o jazz como base.
A voz diferente e marcante de Macy demora a sobressair nas caixas de som. O timbre que ajudou a impulsionar sua carreira, infelizmente, é ouvido com mais clareza quando ela conversa com o público do que na maioria das músicas. O som dos instrumentos e dos microfones das backing vocals estava alto o suficiente para impedir que se entendesse até mesmo alguns trechos das letras.
Durante todo o tempo, a banda mescla sucessos antigos com músicas do lançamento mais recente, a exemplo da seqüência "When I See You", "Relating to a Psychopath" e "Glad You're Here". E ainda sobra espaço para covers. A voz de Macy se destaca pela primeira vez na inusitada versão de "Creep", do Radiohead. O tom rouco - e agora triste - serve perfeitamente às lamúrias compostas por Thom Yorke.
Em "Do Something", de On How Life Is, seu álbum de estréia, Macy se apresenta e pede que todos, ao mesmo tempo, se apresentem também. Ela gosta de falar com a platéia, a quem chama de "sexy people"; ouve um assobio, e diz que não sabe assobiar; pergunta como se diz "fuck" em português. Tenta repetir o "caralho" vindo do público, mas só consegue depois de ouvi-lo soletrar. Em "Things That Made Me Change", a intitulada "diva do soul" sossega; pára no centro do palco e canta de olhos fechados.
Macy troca de roupa duas vezes - na primeira, escolhe um vestido pink, para logo em seguida apresentar "Sweet Baby", acompanhada apenas do guitarrista (segundo ela, "um verdadeiro gentleman"), sentada na beira do palco, a frente de meninas que bradavam diversos "gostosa!" e similares.
A quase circense "Oblivion" transforma tudo num carnaval; um homem aparece correndo com pratos (de bateria) nas mãos, enquanto outro segura cartolinas com a letra da música, copiando Bob Dylan no clipe de "Subterranean Homesick Blues".
"I Try" é cantada pelo público (casa cheia), com direito a trecho de "No Woman No Cry", de Bob Marley, e solo arrebatador de uma das backing vocals.
Bis
O ponto alto da noite vem com a primeira das duas músicas do bis, às 23h50. No cover de "Que Sera Sera", conhecida na voz de Doris Day na década de 50, Macy e as cantoras ao seu lado se dividem com maestria nos vocais, compondo uma versão que deve ter emocionado os que conheciam a música. Mas a maioria estava mais interessada no lado irreverente e dançante da cantora, que para atender aos inquietos, terminou a apresentação com "I Can't Wait to Meetchu".
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