A Rainha do Pop falou sobre a parceria com Nicki Minaj e revelou quem são os Illuminati
Rolling Stone EUA Publicado em 23/12/2014, às 12h21 - Atualizado às 16h53
Ao longo do ano, Madonna atualizou os fãs em relação ao 13º disco dela pelo Instagram, postando fotos com colaboradores (Nicki Minaj, Avicii, Diplo) e inspirações (crianças no Malawi, Miley Cyrus e frases como “Eu preciso de mais dinheiro e poder, e menos merda de pessoas como você”). Mas, na semana passada, o processo criativo da cantora foi interrompido com o vazamento de 13 faixas que ela classificou como “gravações não-finalizadas”. A equipe dela tomou uma decisão rápida: terminar e lançar seis das treze faixas imediatamente no iTunes e definir uma data para o lançamento antecipado do disco, intitulado Rebel Heart, em março de 2015.
Um dia depois, Madonna chegou ao topo das paradas do iTunes em 41 países diferentes – dos Estados Unidos, a Israel e Rússia. E ela deu a primeira entrevista sobre o lançamento surpresa à Rolling Stone EUA:
É certo presumir que você teve alguns dias bastante atribulados?
Meu deus, tão atribulados. Vamos falar de algo bom.
O álbum tem dois temas: ouvir o seu coração e ser rebelde. Quando você se sentou para compor, você foi guiada por estas ideias acima de qualquer plano musical?
Eu nunca me sento e penso conscientemente que eu quero escrever uma faixa sobre um assunto. A música me leva a ter ideias e aonde eu quero ir emocionalmente. Quando eu comecei, estava compondo com o time de compositores do Avicii e eles eram separados em dois grupos. Um deles tinha uma abordagem mais animada e o outro time optava por acordes mais sombrios. A música me guia – então eu me perco no som, e isso cria um tipo de paleta emocional. Eu descobri olhando para as minhas músicas que eu tinha ido a dois lugares diferentes. Isso aconteceu de maneira orgânica, não foi planejado, e eu pensei: “Há dois lados muito fortes de mim que eu quero expressar.”
Assim como Madonna, relembre os músicos que se aventuraram no mundo da moda.
Então decisões sobre em quem você pode confiar, para te guiar musicalmente, são cruciais.
Sim. E às vezes na fase de composição, há pessoas com as quais eu realmente me conectei como ser humano, e que senti que realmente me entendiam como compositora e pessoa. Era mais fácil de trabalhar com essas. Você precisar estar vulnerável para escrever músicas, você não pode ter medo de expressar quem você é e coisas que você quer dividir. É como escrever um diário na frente de alguém e ler em voz alta. Algumas pessoas me deixavam confortável e me senti conectada a elas e algumas me pareciam estranhas. Era como um exercício de teatro, sabe, se colocar em uma sala e deixar ideias fluírem mesmo que eu não me sinta conectada com ninguém.
“Devil Pray” corre o risco de ser mal interpretada como uma música encorajando ou condenando o uso de drogas, mas é mais sobre busca por espiritualidade, correto?
Eu não acho que quando pessoas estão experimentando drogas elas estejam dizendo conscientemente a elas mesmas “quero me aproximar de Deus”. É algo mais inexplicável que acontece. Acho que quando as pessoas estão chapadas elas percebem coisas que, sóbrias, deixariam passar, ou elas têm um sentimento de euforia. No final, estes sentimento não duram, porque o efeito das drogas passa e daí tem o efeito pós-drogas. Toda vez que você força um sentimento de euforia sinteticamente vai haver uma queda. Eu não estou julgando pessoas que usam drogas ou dizendo “Não use drogas”. Contudo, estou dizendo que você pode fazer todas estas coisas para se conectar com um nível elevado, mas no final você vai se sentir perdido. Pessoas que estão ficando chapadas estão tentando instintivamente se conectar com um nível elevado de consciência, mas eles estão fazendo de uma maneira que não vai se sustentar.
Veja a íntegra do acústico MTV de Miley Cyrus com Madonna.
Há também uma mensagem sobre busca de espiritualidade e não se deixar isolar
Sim, e há outra mensagem subliminar na música, e você precisa prestar muita atenção às letras e espero que as pessoas percebam com o tempo. A maneira como vamos mudar o mundo, ou a maneira como vamos sentir alegria é através da união. Eu não estou encorajando comportamento religioso; quando eu digo que as pessoas estão pensando de uma maneira religiosa, eu penso que elas estão pensando sobre regras e dogmas e leis distintas. Quando eu digo espiritualidade, eu quero dizer uma consciência que entende porque estamos todos juntos nessa, que somos todos um. Nós temos que encontrar uma maneira de sermos felizes e trazer alegria ao mundo juntos. Através da consciência, não drogas.
Como a ideia de “Illuminati” surgiu quando você estava trabalhando com Kanye West?
“Illuminati” foi uma música que eu escrevi em março ou abril. As pessoas estão sempre usando a palavra Illuminati, mas eles a usam de maneira errada. As pessoas frequentemente me acusam de ser integrante dos Illuminati e acho que na cultura pop atual os Illuminati são vistos como poderosos, os bem-sucedidos que estão trabalhando nos bastidores para controlar o universo. Não pessoas com consciência, não pessoas iluminadas. Estavam me acusando de ser membro dos Illuminati, então primeiro eu preciso entender o que isso significa.
Você procura estas coisa no Google? Porque é bem divertido.
Sim. Mas o negócio é: eu sei quem os Illiminati de verdade são, eu sei de onde isso vem. Os Illuminati eram um grupo de cientistas, artistas, filósofos da Era da Iluminação, após os Anos Sombrios, no qual não havia arte, literatura, criatividade e espiritualidade, e a vida era parada. E logo depois disso, tudo floresceu. Então tínhamos pessoas como Shakespeare e Leonardo da Vinci e Michaelangelo e Isaac Newton, todas estas mentes brilhantes, e eles se chamavam Illuminati.
Porque eles eram consciências iluminadas.
Sim, procure a origem da palavra, eles eram pessoas iluminadas. Não tinha nada a ver com dinheiro e poder. É claro que eles eram poderosos, porque eram influentes. Mas o objetivo deles era iluminar. Então quando as pessoas se referem a mim como uma integrante dos Illuminati, eu quero agradecer. Agradecer por me colocar nesta categoria. Mas antes de agradecer, eu quero escrever uma música sobre quem eu acho que os Illuminati são, e o que eles não são.
Quando eu toquei minhas músicas ainda sem produção para Kanye ouvir, aquela música ressoou com ele. Ele amou a melodia e começou a pular na mesa de som. Ele literalmente ficou em pé na mesa de som – e ficamos preocupados que ele iria bater a cabeça no teto, mas ele não bateu. Ele acabou ficando bastante animado em relação à faixa, e daí ele deu o tom dele, e eu amei. Para mim, ele elevou as letras com a música. É como uma sirene, alertando as pessoas.
Quando você trabalha com a Nicki Minaj em uma faixa como “Bitch I’m Madonna”, você a guia ou a deixa fazer o que ela quiser?
Sempre que trabalhamos juntas, ele se senta comigo, ouve a música e diz “me diga o que essa música representa para você”. Ela funciona de maneira metódica. Nós conversamos, ela anota algumas palavras que eu usei para descrever a música e a maneira que eu quero que ela entre, e ela vai e trabalha em cima disso. Ela escreve, ela volta. Ela faz uma versão, nós conversamos. É um vai-e-vem até ela acertar. É uma colaboração total.
Você pensa em reinventar estas músicas para a turnê?
Estou pensando nisso. Mas o prazo para lançar estas músicas para o iTunes foi uma maratona.
As músicas chegaram ao topo das paradas em 41 países – isso deve gerar um sentimento positivo. E mostrar que os fãs de verdade estão dispostos a pagar pela música.
Sim. Eles são extremamente leais e sou super grata por isso.
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