Arcade Fire, New Order, Pixies, Lorde e Soundgarden fizeram parte do line-up
Juliana Faddul Publicado em 31/03/2014, às 13h04 - Atualizado em 05/04/2014, às 14h56
Se o primeiro dia de Lollapalooza conseguiu levar cerca de 80 mil pessoas ao Parque O’Higgins, em Santiago do Chile, o segundo dia foi marcado pela facilidade de locomoção entre os palcos e filas menores, uma vez que imprimiu uma sensação de estar mais vazio. Saldo positivo para ver com maior tranquilidade os shows de Soundgarden, Arcade Fire, New Order, Lorde, Pixies, entre outros.
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Responsável pelo encerramento do festival, o Soundgarden agradou com uma apresentação catártica. Quando começou a ser tocada “Searching With my Good Eye Closed”, seguida da clássica “Spoonman”, o público já havia se esquecido do atraso e da temperatura chegando à casa dos 10 graus.
Embora Chris Cornell tenha carimbado o passaporte diversas vezes no Chile (ele vem ao país a trabalho ou a passeio a cada dois anos, mais ou menos), o vocalista de Seattle deixou clara a satisfação em pisar em solo chileno com uma das bandas pioneiras do grunge. “Muchas gracias, Chile. Estar aqui com vocês significa o mundo para a gente”, repetia e agradecia. Ele até chegou a se lembrar de uma promessa que havia feito há alguns anos, quando disse que ainda voltaria ao país com o Soundgarden. “Eu prometi e estou aqui para cumprir”, disse.
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A boa memória de Cornell também recordou o aniversário de 20 anos do álbum Superunknown, homenageado quando eles tocaram a canção homônima. O momento, ao lado de “Black Hole Sun”, foi um dos mais histéricos da apresentação. Ainda que alguns fãs fiéis se fizessem presentes, o espaço não estava tão lotado como no dia anterior, quando subiu ao palco o Red Hot Chili Peppers. O motivo? A disputa com os britânicos do New Order, que se apresentaram praticamente no mesmo horário. Com horário de término previsto para às 23h30, a banda ainda entoou mais algumas músicas, “devolvendo” assim os 15 minutos de atraso.
Se no Claro Stage o Soundgarden atrasou mais de 15 minutos, o New Order subiu ao palco com dois minutos de antecedência. Antes de entoar qualquer nota musical, Bernard Sumner se apresentou ao público. Só entou deu início ao show, que teve como abertura “Crystal”. “Acho que eu não preciso contar para vocês, mas nós somos o New Order”, disse. “Blue Monday”, "Bizarre Love Triangle", "True Faith" e "The Perfect Kiss" também fizeram parte do repertório.
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Animado de estar pela primeira vez no Chile, Sumner quis dar um mimo os fãs que esperaram tanto tempo para ver a banda: tocou pela primeira vez uma música inédita, uma balada de pegada forte, mas cujo nome ele não mencionou.
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Pouco antes do New Order, tocou o Arcade Fire, que deu início ao show com um enorme robô espelhado - fazendo uma clara alusão ao nome do álbum mais novo da banda, Reflektor. Com repertório movido à batidas - "Flashbulb Eyes", "Neighborhood #3 (Power Out)”, "Rebellion (Lies)", "Joan of Arc", "The Suburbs" e "Ready to Start" -, o grupo ainda conseguiu homenagear alguns dos companheiros de festival, mais especificamente Pixies e New Order, ao cantar trechos de “Wave of Multilation” e “Temptation”, respectivamente.
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Régine Chassagne finalizou com “Haiti”, bem em cima da hora. Contudo, após a música, sem saber que haveria “bis”, a plateia começou a se dispersar para os shows do Soundgarden e New Order. Em tom de brincadeira, Win Butler falou “eu saio do palco por cinco minutos e vocês já nos trocam por outra banda? Não, não, voltem”. O bis ficou por conta do “Here Comes the Nightime” e “Wake Up”.
Na contramão do circo criado pelos canadenses do Arcade Fire, a única alegoria no cenário do Pixies era o pôr do sol. Após a saída da integrante mais carismática da banda, Kim Deal, havia um burburinho de como seria a performance da argentina Paz Lenchantin. Embora esteja radicada como norte-americana, Lenchantin deixou seu sangue latino falar mais alto e mostrou o gingado que carrega desde os tempos de A Perfect Circle, durante as apresentações de sexta-feira (28), no Teatro Caupolicán, e domingo (30), no Lollapalooza.
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Se notava também um entrosamento com os outros integrantes da banda, o vocalista Black Francis, o baterista Dave Lovering e o guitarrista Joey Santiago, com quem muitas vezes trocava risadas cúmplices e algumas brincadeiras internas musicais. O setlist contou com "Isla de Encanta", "Bone Machine", "Here Comes Your Man", "La La love You" e "Where Is My Mind?".
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Já o público mais histérico ficou no Playstation Stage com Lorde. A neozelandesa, mesmo com apenas 17 anos e um álbum, consegue segurar o público com forte presença no palco. Interação com os presentes, dancinha descompassada, dicas como “beba água” e “vejam o Arcade Fire”: vale tudo para cair no gosto da plateia. E a fórmula funcionou, já que muito antes de “Royals”, que estava mais para o final do repertório, havia público assistindo ao show dela até os banheiros químicos, ao fundo.
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Diferenças e semelhanças
As edições do Lollapalooza no Brasil e no Chile são bem similares, a começar pelo line-up (este ano, a diferença principal é o Red Hot Chilli Peppers, que se apresentou no Chile, enquanto a grande atração do Brasil é o Muse). Veja abaixo alguns pontos positivos e negativos do Lollapalooza Chile 2014 em comparação ao que devemos esperar no Brasil.
Pontos positivos
A limpeza do local foi algo surpreendente. Com todo um ideal “eco-friendly”, grupos de reciclagem passavam buscando embalagens e conscientizando quem relaxava nos pontos de descanso ou no gramado. E engana-se quem acredita que os banheiros não seguiram esse padrão. Mesmo os químicos (que contavam com luz, papel, espelho e álcool gel) mantinham um certo padrão de limpeza. Embora o número de banheiros tenha abaixado em comparação à edição anterior, era tranquilo sua utilização. Mas, organização, é o seguinte: na dúvida, nunca abaixem o número de banheiros.
Acostumado a abrigar o festival desde 2011, o Parque O’Higgins conta com uma estrutura bastante condizente com as necessidades do festival. Além de estar localizado entre duas estações de metrô, comporta o público massivo e tem uma boa acústica - ou seja, não há competição entre os palcos.
Santiago, por ser uma cidade muito mais turística que São Paulo, faz com que a heterogeneidade do público seja uma atração à parte. Inúmeras bandeiras se cruzam no caminho entre um palco e outro. Representantes do Brasil, México, Argentina, Costa Rica, Equador, Suécia, Reino Unido, Austrália, e até da África do Sul estiveram no festival.
Para manter os participantes hidratados, o local contava com pontos de distribuição de água grátis, além de um boneco gigante que dava leve borrifadas de água para que não aja sofrimento por conta do tempo seco. Quem optasse por comprar garrafa de água, também não sofria com o preço, comparada com a economia local (cerca de R$40 te dava direito a 10 tíquetes. Uma água, refrigerante, suco ou isotônico custava 1 tíquete. As comidas valiam de 1 a 3 tíquetes).
Negativos
Se, por um lado, não ter bebida alcoólica no show era uma boa alternativa para evitar longas filas e sujeira no banheiro, há quem não tenha gostado. Principalmente porque os chilenos, assim como os brasileiros, dão um “jeitinho” para tudo. Os vendedores ambulantes traziam cerveja de fora para dentro por meio de caminhões de lixo, e vendiam majoritariamente nos palcos principais. Uma operação tão arriscada, já que é ilegal beber em lugares públicos, só poderia resultar na inflação do preço da cerveja: 2.500 pesos (pouco mais de R$10) pela lata.
Se os funcionários não tinham nenhuma ideia de como se passava o esquema, que estava bem nítido a qualquer um presente, havia também uma dificuldade para conseguir informações. Mesmo nos pontos destinados a isso, os funcionários estavam despreparados, embora existissem muitos mapas e placas distribuídos. Um fato que chamou a atenção foi a falta de pessoas que falassem alguma outra língua, além do espanhol, em pontos destinados ao atendimento ao público.
A comunicação, de fato, não foi o forte do festival. Por causa da alta quantidade de pessoas no local, era praticamente impossível conseguir sinal de celular ou internet. Fato que beira o irônico, já que um dos principais patrocinadores do evento é uma empresa de telefonia.
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