Marcha para Jesus

Jesus Luz, a monossilábica estrela da nova campanha da Ellus, não empolga plateia da São Paulo Fashion Week

Por Anna Virginia Balloussier Publicado em 20/01/2010, às 19h50

Jesus Luz não gosta de ser pressionado. O carioca - que foi de modelo inexpressivo a celebridade internacional em questão de dias, nos fins de 2008, após enroscar-se com Madonna em um ensaio fotográfico - convive com uma das mulheres mais poderosas do mundo, não exatamente conhecida pelo temperamento de um Dalai Lama reencarnado no pop. A vida de Jesus Luz, dá para afirmar sem peso na consciência, é pura panela de pressão. Mesmo assim, o modelo de 23 anos, cria do bairro de Laranjeiras e atual morador de Nova York, é arredio com a imprensa por não gostar "de falar sob pressão". Foi assim que o rapaz se esquivou do pedido de entrevista da Rolling Stone Brasil, no camarim exclusivo que ganhou no backstage da Ellus, grife para a qual desfilou (cachê: desconhecido, mas não pense em menos que seis dígitos) na terça, 19, na São Paulo Fashion Week.

Na edição passada, Luz havia entrado na passarela da Colcci. Há duas temporadas, semanas depois de posar com Madonna para ensaio da revista W, ele também esteve na SPFW, na plateia da mesma marca. E saiu traumatizado. Na ocasião, jornalistas especulavam veto de Madonna enquanto o moreno de olhos verdes não abriu o bico, nem para um "não vou falar, pessoal, desistam", ou "cai fora". Aí começou a fuzilaria. Por que você não fala, Jesus? Qual o seu chiclete preferido, Jesus? E Cavaleiro do Zodíaco, Jesus? Fala com a gente, Jesus!

O fato é que, em 2010, ele está mais cauteloso. Ganhou camarim só para ele, maior que a sala reservada para o resto dos modelos, e não quis falar com ninguém, "só por e-mail". Acuado, revelou, em tom diplomático, que seria o DJ (sua "carreira de verdade", paralela à modelagem) logo mais, na festa que a Ellus deu no Lions Club, casa noturna paulistana - ele também assinou a trilha do desfile. Tocaria, ainda, nesta quarta, 20, na Royal, na "Luz no Haiti", festa que vai arrecadar fundos para o Haiti.

Minutos depois, imprensa já evacuada do camarim, a repórter permanece e tenta puxar papo com Jesus, que bebericava uma champagne e parecia mais relaxado. Começamos com a carreira musical, foco do modelo no momento. E o álbum, quando sai? "Em breve." Mas a gravação está andando? O que você tem na manga? "Ah, é house, progressivo..."

Jesus pede um segundo - seria heresia dizer não. Anda até seu agente, um homem robusto chamado Peterson Ibrahim, e o cutuca. "Olha, tem esta garota querendo me entrevistar. Não sei, não." E, com um suspiro, passa a mão pelos fios castanhos - o cabelo, com costeletas raspadas e puxado para trás, dá a impressão de que James Dean, afinal, também é filho de Deus.

Há um ano e um mês, Jesus Luz batalhava para conseguir uns bicos de modelos, com cachês entre R$ 300 e R$ 500, em geral. Corta para janeiro de 2010: sob efeitos de raio laser, uma teia vermelha que remetia a Missão Impossível, o superprotegido Jesus entra duas vezes na passarela da Ellus. Primeiro, de óculos escuros, blusa azul e cinto vermelho; depois, jaqueta e calça pretas. Como estrela desta edição da SPFW, não chegou a empolgar a plateia - o de costume para nomes fortes, como Gisele Bündchen (ausência na Colcci, por conta de licença-maternidade), Raquel Zimmerman (musa da Animale) ou Cauã Reymond (que modelou para a Colcci nesta temporada). Nada de gritinhos, "fiu-fiu", galanteios. Nesta marcha para Jesus, a legião preferiu esperar sentada.

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