“Eu gosto de ter novas experiências com cada álbum, de me colocar nessas posições que me desafiam e me tiram da minha pequena ‘bolha’ de alguma forma”, declara Tatum - Divulgação

Entrevista: Wild Nothing se apresenta pela primeira vez no Brasil neste domingo, 17, em São Paulo

Projeto do músico Jack Tatum é a atração principal do Jim Beam History Fest

Gabriel Nunes Publicado em 16/07/2016, às 11h54 - Atualizado às 12h57

Jack Tatum é um irremediável saudosista. O líder do Wild Nothing (que é formado por ele e músicos convidados para as performances ao vivo) consolidou o nome na cena musical independente ao resgatar os teclados cadenciados e as guitarras ressonantes do pop oitentista. “Para mim, é perfeitamente natural reciclar sons do passado”, declara o norte-americano, que se apresenta pela primeira vez no Brasil neste domingo, 17. “Sempre podemos enxergar o mesmo ponto sob diferentes perspectivas.”

Ativo como músico desde o início da década, Tatum começou a escrever canções despretensiosamente no dormitório onde viveu enquanto frequentava a Politécnica Estadual da Virgínia. A partir das espontâneas e descompromissadas incursões musicais nasceu Gemini (2010), o primeiro disco do Wild Nothing. Um trabalho delicado, repleto de melodias oníricas e batidas vaporosas, que transita entre o shoegaze experimental do Jesus and The Mary Chain e o rock melódico do Slowdive.

“Eu não sabia exatamente o que estava fazendo. Nunca imaginei que isso fosse dar em alguma coisa”, diz o cantor e compositor. “Tudo era muito novo para mim, e o simples fato de que esse álbum tenha tido algum reconhecimento foi quase um pequeno milagre. Sabe, eu não tinha a menor intenção de chegar a lugar algum. Só estava fazendo umas músicas depois das aulas da faculdade.”

Após a bem-recebida estreia, a mente criativa por trás do Wild Nothing deixou a provinciana Blacksburg, no interior da Virgínia, para se estabelecer no bairro do Brooklyn, na caótica Nova York. E foi lá que o músico concebeu o segundo disco, Nocturne (2012), o mais prestigiado trabalho dele até agora.

Além de incurável nostálgico, Tatum é um eterno inquieto. Movido por um desassossego permanente, o norte-americano decidiu pegar a estrada novamente e migrar de cidade, dessa vez da Costa Leste dos Estados Unidos para Los Angeles. Na megalópole californiana, o músico concebeu o primeiro terço do mais recente trabalho dele, Life of Pause. O segundo terço da obra foi desenhado na gélida capital sueca, Estocolmo.

Lançado em fevereiro deste ano, o disco pertence à mesma seara de álbuns como Currents (2015), do Tame Impala, e Multi-Love (2015), do Unknown Mortal Orchestra. Trabalhos ambivalentes, permeados pelas ansiedades e inquietudes de uma geração imediatista e cronicamente desiludida, ao mesmo tempo em que flertam com um saudosismo melancólico de um tempo irrecuperável.

“Eu gosto de ter novas experiências com cada álbum, de me colocar nessas posições que me desafiam e me tiram da minha pequena ‘bolha’”, declara Tatum. “Em Life of Pause eu queria trabalhar com pessoas diferentes, mas não por ter tido uma experiência ruim anteriormente, muito pelo contrário. Para mim é importante estar sempre em movimento, isso impede as coisas de ficarem monótonas e repetitivas.”

No entanto, nem mesmo a experiência de dois discos e três EPs mitigaram as ansiedades e inquietudes de Jack Tatum. “Hoje em dia eu posso até me sentir um pouco mais confortável para compôr. Mas gravar Life of Pause foi mais difícil do que fazer meu segundo álbum [Nocturne]. Não queria ter que repetir a mesma fórmula dos dois trabalhos anteriores, sentia que era o momento de experimentar e tentar algo diferente.”

Wild Nothing se apresenta pela primeira vez no Brasil neste domingo, 17, em São Paulo. Também tocam gratuitamente no Jim Beam History Fest a banda Surfer Blood e o cantor de indie folk Ryley Walker.

Jim Beam History Fest

17 de julho, a partir das 15h

Praça Dom José Gaspar, s/n - República, São Paulo

Grátis

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