Andreas Kisser em cena do documentário <i>Sepultura Endurance</i> - Reprodução/Vídeo

Mesmo sem os irmãos Cavalera, Endurance mostra de forma empolgante a trajetória do Sepultura

Documentário sobre a história da maior banda brasileira de heavy metal chega aos cinemas nesta quarta-feira, 14

Paulo Cavalcanti Publicado em 14/06/2017, às 18h25 - Atualizado às 18h48

Não existe nada mais difícil do que contar dois lados de uma história quando uma destas partes simplesmente se recusa a falar. Isto acontece em Sepultura Endurance, documentário sobre a trajetória da ainda maior banda brasileira de heavy metal, o Sepultura. Com direção de Otávio Juliano, o filme entra nesta quarta-feira, 14, em circuito nacional.

Como todos sabem, em 1996, Max Cavalera, que era o frontman, um dos guitarristas e compositores da banda, acabou deixando tudo para trás, justamente quando o quarteto estava no auge. Dez anos depois, foi a vez do irmão dele, o baterista Iggor Cavalera, abandonar o barco. Até hoje, existe uma rixa pessoal e profissional entre Max e Iggor e o resto da banda. Os irmãos se recusaram a ter qualquer envolvimento com o longa e aparecem nele através de cenas de arquivo, apenas.

Mesmo com estes problemas, Sepultura Endurance mostra com distinção porque o Sepultura esteve no Olimpo do metal e resiste até hoje, mesmo com trocas na formação e mudanças no panorama musical. No final, fica a impressão de que o quarteto atual, formado por Andreas Kisser (guitarra), Derrick Green (vocal), Paulo Xisto Jr. (baixo) e Eloy Casagrande (bateria), é feito de verdadeiros batalhadores, músicos que não se furtam em ficar boa parte do tempo na estrada para agradar aos fãs e assim manter vivo o legado conquistado com muito suor.

O documentário delineia com propriedade as quatro personalidades que hoje compõem o Sepultura. Kisser surge como o líder, o cara que junta todas as peças, segura as broncas e aponta para os caminhos para o futuro. Green é sempre um cara cool, um estrangeiro que se adaptou de forma notável à banda e aos nem sempre abrasivos elementos da cultura brasileira. Ele fala francamente sobre o começo na banda, quando houve uma certa resistência à sua entrada, em 1997, mas Green, com talento, personalidade e perseverança, se firmou e hoje é uma das peças mais importantes do Sepultura.O baixista Paulo Xisto é mostrado sempre discreto e sólido. E o novato Eloy Casagrande também comenta como foi entrar para o time do Sepultura: um sonho que se tornou realidade.

Sepultura Endurance tem um pouco para todo mundo. Quem tem curiosidade para saber como foram os primórdios da banda vai gostar da sequência em que Paulo e Kisser vão a Belo Horizonte e recordam do período distante dos anos 1980, quando eles eram apenas adolescentes entrando de cabeça no mundo do metal. As cenas de arquivo do Sepultura no auge, ainda com os irmãos Cavalera, gravando o álbum Roots com a tribo dos índios Xavantes no Amazonas, ou então tocando de forma avassaladora no festival Rock in Rio de 1991, vão mexer com a memória afetiva de muita gente.

Quem é adepto da fase contemporânea da banda, com Green como vocalista, também não pode se queixar: as performances ao vivo são ferozes e eletrizantes. O Sepultura hoje é uma máquina bem azeitada e que, no palco, tem poucos oponentes.

Ao longo do filme, depoimentos de ícones como Lars Ulrich (Metallica), Phil Anselmo (ex-Pantera, Down), Phil Campbell (Mötorhead), Corey Taylor (Slipknot) e David Ellefson (Megadeth) só reforçam a importância da banda para o metal mundial.

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