Johnny Winter aparenta fraqueza, mas ainda consegue fazer bons shows - Bruna Sanches

Mestre do blues

Mesmo com a saúde debilitada, Johnny Winter fez boa apresentação em São Paulo

Por Paulo Cavalcanti Publicado em 24/05/2010, às 11h16

Ao longo das décadas, foi anunciado diversas vezes que o guitarrista e cantor texano Johnny Winter viria ao Brasil, mas na última hora sempre acontecia um cancelamento. Por isso, foi uma surpresa que agora, em 2010, o músico realmente tenha desembarcado para shows no país. Depois de apresentações em Porto Alegre, Rio de Janeiro, Goiânia e Belo Horizonte, Winter chegou a São Paulo, no sábado, 22, na Via Funchal.

Aos 66 anos, o músico se encontra visivelmente debilitado. Os anos de vício em heroína e álcool devastaram a saúde de Winter de forma irreversível. Ele está praticamente cego de um olho, toca sentado e a energia de antes não existe mais. Mesmo assim, na medida do possível, ainda conseguiu fazer um show competente e sem nenhum incidente, tocando por cerca de uma hora e dez minutos.

Depois da abertura que teve uma banda comandada por André Christovão, Winter e seus músicos apareceram por volta das 23h. Muito magro, andando com dificuldade e amparado pelos roadies, Winter posicionou-se na cadeira, pegou sua guitarra modelo Erlewine Lazer e começou o espetáculo. Ele ainda toca bem e não esqueceu a velha técnica, embora erre uma ou outra nota. A voz rouca também falha às vezes, mas no geral, Winter dá conta do recado.

O repertório do show teve "Hideway", "Don't Take Advantage of Me", "Miss Ann", "Good Morning Little School Girl' (de Sonny Boy Williamson), "Red House" (Jimi Hendrix), "Tore Down", "Bonnie Moronie" (Larry Williams), "It's All Over Now" (original do The Valentinos, hit com os Rolling Stones) e "Mojo Boogie", entre outras. O final ficou com "Highway 61", de Bob Dylan, onde Winter arrancou efeitos psicodélicos de sua Gibson Firebird V. Alguns fãs reclamaram por ele não ter tocado "Rock 'n' Roll Hoochie Koo" , "Mean Town Blues" e "Jumpin' Jack Flash", mas essas Winter já deixou de lado faz tempo. Méritos também para a excelente banda, com destaque para o baterista Vito Liuzzi, que também canta muito bem.

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