O segundo dia da Mostra que vai até o dia 9 de setembro trouxe música de concerto e música contemporânea
Antônio do Amaral Rocha, de Olinda
Publicado em 07/09/2012, às 15h29 - Atualizado às 15h46A Igreja da Misericórdia, em Olinda, localizada no topo da Travessa da Misericórdia, que exige preparo físico para ser atingida, recebeu neste dia 6 público interessado em música erudita. No altar do templo se apresentou a Orquestra Experimental de Câmara, regida pelo maestro Israel de França, com solos do violinista James Strauss. O programa teve peças de Vivaldi e Mozart. E para provar que pode ser tênue a linha que separa o universo da música erudita da música popular, o set list foi completado com a participação do cantor de frevos Ed Carlos, cantando o baião "Acauã", acompanhado da orquestra.
Na Praça do Carmo está localizada uma das mais imponentes igrejas de Olinda, que até bem pouco tempo estava fechada para reformas. Agora, totalmente recuperada, abriu suas portas para o concerto dos professores da etapa educativa do Festival. E, mais uma vez, o erudito e o popular caminharam juntos neste show. Violão, bandolim, piano, fagote, trompa, trombone e violino deram a nota do concerto que trouxe peças de Pixinguinha, Brahms, Paganini e Shostakovich, entre outras, com total aceitação da plateia que lotou a nave da tradicional igreja.
A banda Paraphernalia (foto), de sete elementos, que tem Donatinho (filho do pianista João Donato) no synth e programações, trouxe música dançante ao palco da Igreja do Seminário. A banda faz uma divertida mistura de música latina, jazz, samba e psicodelia, com forte presença de guitarra, contrabaixo, percussão e naipes de metais. Apresentaram o repertório do CD recém-lançado, Ritmo Explosivo. O pianista Marcos Valle, em plena forma, considerado o padrinho da banda, fez participação especial e recordou nos teclados alguns temas seus que foram pioneiros em trilhas de novelas, como “Selva de Pedra” e “Azimuth”. Marcos aproveitou para lembrar que a música “Azimuth” está na origem da criação da banda de mesmo nome, cujo tecladista José Roberto Bertrami morreu recentemente. Foi uma oportunidade para homenageá-lo. O bis apoteótico foi “tem que correr, tem que suar, tem que malhar”, a superconhecida “Estelar” de Marcos Valle.
O último show deste segundo dia aconteceu na Igreja da Sé, uma espécie de palco-sede da Mostra. O percussionista Cyro Baptista, que tem forte presença no cenário internacional – já tocou com Gato Barbieri, Wynton Marsalis, Milton Nascimento, Laurie Anderson, entre outros –, trouxe a sua banda multiétnica, formada pelos norte-americanos Tim Keiper na bateria, John Lee na guitarra, Shanir Ezra no baixo, pelo argentino Chango Spasiuk no acordeão, vocais de Vanessa Falabella e a participação especial do genial violonista brasileiro Romero Lubambo, que “roubou” a cena em diversos momentos com seus solos endiabrados. No repertório, temas de Villa Lobos totalmente recriados, lançados no CD Villa Lobos / Vira Loucos. Cyro Baptista passava a impressão de estar criando a música no momento da execução, com o uso de toda a sua parafernália percussiva, composta de instrumentos inusitados, como panelas de aço, canos de pvc e frigideira, entre outras traquitanas. Mas os solos também se destacaram, especialmente a sanfona de Chango e o violão de Romero. O ponto alto do show foi a execução de “Trenzinho Caipira” e “Caicó, conhecida e popularizada por Milton Nascimento, ambas de Villa-Lobos. No bis, Romero Lubambo tocou uma versão totalmente arranjada ao calor da hora de "Bachianas n. 5", também de Villa-Lobos. Foi um dos shows mais vibrantes da Mostra até agora.
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