Norte-americano vem ao Brasil para shows em São Paulo, Rio de Janeiro, Belém e Fortaleza
Pedro Antunes Publicado em 21/11/2012, às 19h46 - Atualizado às 22h08
"Como se diz 'gato' em português?", pergunta repentinamente Ben Kweller, no meio da entrevista por telefone à Rolling Stone Brasil. "É gato", tenta ele, arranhando um sotaque em espanhol, "ou gaaaato", completa, esticando a palavra. No papo que se estende por quase trinta minutos, Kweller se mostra ser o molecão que começou a carreira como cantor e compositor ainda aos incríveis 8 anos de idade.
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Hoje, aos 31, o músico já tem mais de vinte anos de estrada, passou por várias bandas, inclusive a Radish, que fez algum barulho nos anos 90, lançou cinco discos solo e é dono de um selo, o Noise Company. Mas ele parece ainda preservar a inocência quase adolescente. "Dá uma passada no camarim no show de São Paulo. Eu não conheço ninguém por ali. Não tenho amigos", pede ele, se referindo à apresentação de abertura da turnê de quatro datas no Brasil, no dia 4 de dezembro, no Sesc Vila Mariana, em São Paulo (mais informações abaixo).
Go Fly a Kite, quinto álbum de Kweller, foi lançado em fevereiro e mostrou um artista capaz de entender a sua música por completo. Parte do rock and roll de ritmo acelerado, como a power pop "Time Will Save The Day", e chega até o country de "Out of Door". Uma mistura, segundo o artista, que nasce espontaneamente quando ele começa a compor. "Não tenho controle sobre isso, exatamente. As coisas surgem, cada hora de um jeito. No piano, no violão, na guitarra..."
Ainda que se diga um músico batizado no rock and roll, Kweller também se volta aos violões que ouve desde pequeno. "Sou do Texas, o country é algo que esteve sempre na minha vida", diz, justificando o seu quarto disco, Changing Horses (2009), totalmente voltado ao gênero do interior dos Estados Unidos. "Mas eu sempre continuei escrevendo canções de rock, e daí veio Go Fly a Kite."
Dessas 11 novas faixas, além das já citadas, destacam-se o single Jealous Girl (“inspirada na namorada de um amigo”, diz ele), “The Raibow” (“uma mensagem de esperança até mesmo para mim, porque a vida é muito difícil”) e a triste “I Miss You” (“definitivamente, uma das mais tristes que eu já fiz”). “A minha música é universal e tem diversos sentidos”, explica Kweller. “Minhas músicas contam histórias diferentes para cada um. Não gosto de contar as inspirações, para não arruinar aquele momento que o ouvinte tem com a música.”
Este último trabalho ainda traz ecos dos violões com sotaque caipira, claro, mas a energia é outra. "É mais rock and roll, mesmo. Mais harmonias, guitarras elétricas", define o músico. "Estou muito animado com esse disco, sabia?", diz. "Aliás, eu não sei, é possível encontrar nas lojas daí?"
A preocupação de Kweller é justamente porque, apesar do jeitão de garoto e os cabelos ruivos desgrenhados, ele agora é um presidente de uma gravadora. "Big Boss, babe!", brinca. "Falando sério, ter a minha própria gravadora é o que eu sempre quis. Eu só queria ter o controle da minha própria música. Talvez ficasse feliz em outra gravadora, mas queria decidir as coisas", explica.
A Noise Company ainda não lançou nada, a não ser o próprio Go Fly a Kite, cuja embalagem do vinil se transforma em uma caixa. "É legal, não é?", diz. "Foi exatamente por isso que fizemos esse disco com essa caixa incrível, porque acredito que as pessoas já não consomem mais tanta música, então precisamos incentivá-las a comprar."
Em outro momento da entrevista, Kweller passa a divertidamente incluir palavras em espanhol dentro das suas frases. "Nós na gravadora temos uma pequena 'oficina' [escritório]. Não queremos nos apressar. Conversamos com algumas bandas de Austin [no Texas], a cidade onde eu moro, e vamos lançar uns vinis para eles. Mas estamos indo bem devagar. É muito fácil abrir um selo, lançar um monte de banda e falir, sabe? Eu não quero fazer isso. Por isso estamos indo 'muy lento', devagar, mesmo."
"Desculpe-me, eu estou falando em espanhol, mas acho que não faz sentido em português, faz?", pergunta. Ao saber que as línguas possuem muitas semelhanças, o músico se empolga e pede ajuda para ampliar seu vocabulário. "Meu português é terrível", diz ele, rindo.
Kweller explica que a vontade de vir ao Brasil vinha de longa data. "Eu não sei o que esperar dos shows daí", afirma. "Só sei que tenho fãs brasileiros que falaram e comemoraram os shows comigo no Facebook e no Twitter. Vou tocar muita música, aceitar pedidos, fazer tudo. Vai ser muito divertido, pode ter certeza."
Serão quatro paradas no Brasil, em São Paulo (Sesc Vila Mariana, no dia 4), Rio de Janeiro (Imperator, dia 6), Belém (no Festival Se Rasgum, dia 7) e Fortaleza (Órbita Bar, dia 8). O formato, contudo, será diferente daquilo que o músico mostra em seus discos. Ele virá sozinho, munido de um violão, guitarra e teclado, para fazer performances mais intimistas. "A ideia é aproveitar e tocar coisas do meu último disco até o primeiro [Sha Sha, de 2000]. Tudo o que eu fiz, tudo junto, num enorme pacote", completa ele, ainda brincalhão, quase adolescente.
São Paulo, dia 4 de dezembro, às 21h
Sesc Vila Mariana – Rua Pelotas, 140, Vila Mariana
Informações: Site do Sesc
Preço: R$ 24
Rio de Janeiro, dia 6 de dezembro, às 22h
Imperator - R. Dias da Cruz, 170
Preço: R$ 80
Belém, dia 7 de dezembro
VII Festival Se Rasgum - African Bar - Praça Waldemar Henrique s/n
Informações: Site do Se Rasgum
Preço: Valores ainda não divulgados
Fortaleza, dia 8 de dezembro
Órbita Bar - R. Dragão do Mar, 207
Informações: Site do Órbita Bar
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