Apesar dos resultados de estudos internacionais, o governo defende o uso da substância no tratamento da doença
Redação Publicado em 26/05/2020, às 10h05
O Ministério da Saúde contrariou a decisão da OMS - Organização Mundial da Saúde - e manteve o uso da cloroquina para o tratamento dos casos de coronavírus. Mayra Pinheiro, secretária de gestão em trabalho na saúde, divulgou nesta segunda-feira, 25, o documento que permite a utilização da substância em todo território brasileiro para qualquer estágio da doença.
De acordo com informações da Folha de S. Paulo, a declaração segue a aprovação de Jair Bolsonaro para o uso do medicamento além dos casos graves de covid-19, na semana passada. Mayra afirmou que as autoridades estão “muito tranquilas e serenas” em relação à orientação tomada.
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"Ela segue uma orientação feita pelo Conselho Federal de Medicina que dá autonomia para que os médicos possam prescrever essa medicação para os pacientes que assim desejarem. Isso é o que vamos repetir diariamente. Estamos muito tranquilos a despeito de qualquer entidade internacional cancelar seus estudos com a medicação”
Ao dizer que “não haverá qualquer modificação na nota que foi feita”, a secretária se refere ao estudo da OMS que foi interrompido por causa do risco de vida proporcionado aos pacientes envolvidos.
A pesquisa Solidarity acompanhou tratamentos de coronavírus com hidroxicloroquina, cloroquina, remdesivir, lopinavir com ritonavir e interferon beta-1a em 18 países durante os últimos dois meses.
Já a revista científica The Lancet analisou dados de 96 mil pessoas tratadas com hidroxicloroquina e cloroquina. Os resultados mostraram que o uso das substâncias aumentam as possibilidades de arritmia e morte.
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Segundo o jornal, apesar das pesquisas internacionais mencionadas serem consideradas as análises mais completas até o momento, Mayra afirmou que os estudos não servem como “referência em nenhum país do mundo” por tratarem apenas de “um banco de dados coletado em vários países”.
"Nesses estudos, a forma de seleção do pacientes, onde não havia uma dose padrão, uma duração padrão e medicação padrão para que possa ser considerado como ensaio clínico, nos faz refutar qualquer possibilidade de usar como referência para o Brasil recuar na sua orientação", disse a secretária.
Mayra também disse que o governo se baseou em 216 protocolos da Turquia, Estados Unidos e Índia para tomar a decisão do uso da cloroquina, além de conduzir pesquisas próprias, mas pode mudar o posicionamento de acordo com os resultados.
"Estamos conduzindo pesquisas, e o próprio ministério ajudará na condução de ensaios clínicos. E se constatarmos que não há uma comprovação, podemos recuar da nossa nota."
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