Organização Mundial da Saúde declarou pandemia do Covid-19, mas shows e festivais continuam confirmados no Brasil
Nicolle Cabral Publicado em 11/03/2020, às 19h17
Nesta quarta, 11, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a pandemia de Covid-19, uma doença causada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2). Segundo o pronunciamento, o número de infectados e países atingidos deve aumentar nas próximas semanas, porém, as orientações da contenção da circulação do vírus seguem as mesmas.
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A doença já causou a morte de milhares de pessoas ao redor do mundo e tem deixado marcas em setores importantes. A indústria do entretenimento, por exemplo, é uma das que mais vem sendo afetada pelo crescimento de casos de Covid-19, o que resultou no cancelamento ou adiamento de eventos, festivais, filmes e turnês de artistas.
Nos últimos dias, BTS, Khalid, Slipknot, White Snakes, Stormzy, Green Day, Avril Lavigne, Pearl Jam e Guns N'Roses teve shows adiados ou cancelados. Além disso, grandes festivais como o Coachella (Indio), Ultra (Miami, EUA), SXSW (Austin, EUA) e Tomorrowland Winter (Alpes da França) também sofreram com a propagação da doença e optaram por seguirem as orientações de não aglomeração.
No Brasil, até o momento da publicação desta matéria, 52 casos foram confirmados e estão divididos entre os estados de São Paulo (30), Rio de Janeiro (13), Bahia (2), Rio Grande do Sul (2), Distrito Federal (2), Alagoas (1), Minas Gerais (1) e Espírito Santo (1).
Com uma extensa programação de eventos marcadas para acontecerem ao longo de 2020 ao redor do país, como o Lollapalooza Brasil, que acontece em São Paulo - área mais afetada pela doença -, a vinda do Backstreet Boys, McFly, Metallica, Kiss e os fenômenos do pop, Billie Eilish e Taylor Swift, existe uma preocupação real sobre o avanço da doença nesses eventos, mas o estado no país ainda não é alarmante.
Procurado pela Rolling Stone Brasil, o Ministério da Saúde Brasileiro, via assessoria de imprensa, declarou que "todas as análises feitas diante de diferentes cenários ainda são preliminares [no Brasil] e a pasta continua observando as ações de países, que já estão vivenciando a epidemia do coronavírus, como China, Coreia do Sul e Itália que apresentam transmissão comunitária".
Segundo o MS, existe um trabalho permanente de vigilância epidemiológica em relação ao comportamento do vírus para que seja possível adotar medidas de acordo com as necessidades do Brasil, porém, os casos de transmissão são locais e ainda não existe uma orientação específica para esses eventos.
Com 37 apresentações confirmadas, entre elas as turnês solo de Louis Tomlinson e Niall Horan (ex-integrantes do One Direction) no Espaço das Américas, casa de shows de São Paulo com capacidade para receber 8 mil pessoas, segundo a assessoria informou "até o momento nenhum show foi cancelado". Exceto a turnê do vocalista norte-americano Sammy Hagar e a banda The Circle, que desistiu da vinda ao Brasil por temer uma epidemia da doença e uma possível quarentena ao retornar para os Estados Unidos.
Ainda de acordo com a assessoria do Espaço das Américas, também "não houve nenhum impacto em relação às vendas de ingressos e frequentadores da casa". Sobre medidas preventivas para a doença, nenhuma resposta foi obtida.
Também procurada pela Rolling Stone Brasil, Time For Fun, empresa de entretenimento responsável pelas casas UnimedHall - que receberá o McFly -, Teatro Renault e responsáveis pela versão brasileira do festival Lollapalooza, não quiseram se pronunciar sobre o assunto.
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Em 2019, o evento recebeu mais de 246 mil pessoas no Autódromo de Interlagos e tem preocupado fãs a respeito da próxima edição no Brasil que acontece nos dias 03, 04 e 05 de abril. País vizinho, o Chile, tem estudado a possibilidade de cancelar o evento para evitar a propagação do vírus na América Latina.
No dia 3, Andrés Celis, integrante da Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados do Chile, informou à CNN Chile sobre a possível suspensão do Lollapalooza Chile 2020.
Com essa sequência de cancelamentos, no Brasil, a edição o festival que receberá mais de 60 atrações entre eles Travis Scott, Guns N'Roses, The Strokes, Lana Del Rey, Brockhampton e Gwen Stefani, tem preocupado os fãs, caso exista o avanço da doença.
Marcelle Cardoso Fernandes Coelho, de 19 anos e moradora do Rio de Janeiro, comprou o ingresso para o evento após o anúncio do line-up e, em entrevista para a Rolling Stone Brasil, contou que "não estava se importando muito com o Coronavírus", mas que no momento em que viu eventos como o Coachella serem adiados começou a se preocupar. "Sendo bem sincera, eu nem estou me importando muito com o coronavírus, me importo mais com o Lollapalooza ser cancelado".
Para Ana Clara Toledo Detoni, 21 anos, e moradora de Uberlândia (MG), o medo é "mudarem as datas do Lollapalooza Brasil" porque o da Argentina já sofreu alterações. "Ainda tenho esperanças de que já tenha amenizado a situação do coronavírus", acrescenta a estudante de Medicina ao torcer para que o show de Taylor Swift, que se apresenta em julho, não seja prejudicado com o avanço da doença.
"Estou com hotel e passagens sem reembolso, mesmo se não tiver show vou com meus amigos para São Paulo no final de semana".
Após a declaração da OMS, o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, concedeu uma entrevista ao G1 Bem Estar e declarou que embora a propagação da doença tenha sido classificada como uma pandemia, "na prática, nada muda para o país".
"Nós já temos casos confirmados dentro do país, temos transmissão local, não temos ainda transmissão sustentada – que pode ser a próxima etapa. E a cada etapa temos medidas adicionais que vão sendo decretadas".
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