- Protesto de estudantes na USP (Foto: Reprodução/Instagram/UNE)

Ministro da Saúde é recebido aos gritos na USP: ‘Bolsonaro genocida, mais vacina e menos cloroquina’

Estudantes da Universidade de São Paulo fizeram protesto nesta quinta, 25, durante visita de Marcelo Queiroga à instituição

Camilla Millan I @camillamillan Publicado em 25/03/2021, às 17h30

Nesta quinta, 25 de março, estudantes da Universidade de São Paulo(USP) protestaram contra o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) durante visita de Marcelo Queiroga, novo ministro da Saúde, à instituição. As informações são do Correio Braziliense.

Assim que chegou à universidade, o ministro foi recebido aos gritos dos estudantes (confira o vídeo abaixo): “Bolsonaro genocida, mais vacina e menos cloroquina.” No protesto, os manifestantes também citaram a trágica marca de 300 mil mortes por Covid-19, ultrapassada no Brasil na quarta, 24: “300 mil é genocídio.”

O novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, em visita à Faculdade de Medicina da USP: pic.twitter.com/vh2y5v0LPF

— Bernardo Mello Franco (@BernardoMF) March 25, 2021

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Realizada pelo Centro Acadêmico Oswaldo Cruz (CAOC), representação estudantil do curso de medicina da USP, a manifestação também contou com estudantes de outras áreas da saúde. Os manifestantes usaram diversos cartazes para criticar o uso sem comprovação da hidroxicloroquina e pedir agilidade na vacinação contra Covid-19.

Durante o protesto, leu-se um manifesto preparado pelo Centro Acadêmico Oswaldo Cruz (CAOC). O documento afirma: “O Governo Federal apresentou até o presente momento prioridades equivocadas e por vezes perversas, resultando em absoluta ineficácia de gestão da crise, com consequências catastróficas para a população.”

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No manifesto, o CAOC também cobra informações sobre o planejamento estratégico do ministro no combate à Covid-19 e cita a necessidade de adoção de medidas rígidas de isolamento social, como "o lockdown nas regiões mais acometidas."

Marcelo Queiroga falou aos estudantes, conforme noticiado pela coluna de Mônica Bergamo na Folha de São Paulo: "Quem vai avaliar minha gestão é a história. Vamos olhar para a frente, vamos deixar de gerar calor. Nós queremos é luz. Luz, não calor", disse o ministro.

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"Estamos aqui para dialogar com a sociedade brasileira. Precisa da colaboração e sobretudo um voto de confiança de cada um de vocês para que eu possa ser útil e subsidiar o presidente com informações que o convençam do melhor caminho a ser seguido", concluiu Queiroga.

Confira a íntegra do manifesto organizado pelo Centro Acadêmico Oswaldo Cruz: 

Ao excelentíssimo Senhor Marcelo Antônio Cartaxo Queiroga Lopes, Ministro da Saúde;

O Centro Acadêmico Oswaldo Cruz vem por meio deste manifestar as preocupações do corpo discente da nossa instituição, a renomada Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), em compreender qual será a postura adotada pela sua administração diante da maior crise sanitária dos últimos anos.

O Governo Federal apresentou até o presente momento prioridades equivocadas e por vezes perversas, resultando em absoluta ineficácia de gestão da crise, com consequências catastróficas para a população. Estas consequências tornam-se incontestáveis diante dos números crescentes de mortes diárias e da incalculável perda de 300 mil vidas, marco atingido no dia de ontem (24/03/21).

No momento mais crítico da pandemia, presenciamos a quarta indicação ao Ministério da Saúde que, desde o início, mostrou-se incapaz de articular políticas eficazes de contenção do vírus. Nesse contexto, questionamos a afirmação de que cabe ao Ministério apenas executar as políticas do Governo Bolsonaro. O que poderia significar uma saída para o povo brasileiro, na verdade, reveste-se de continuidade da política implementada até agora, com isenção de qualquer responsabilidade por parte da liderança do Ministério da Saúde.

Os alunos da Faculdade de Medicina da USP unem suas vozes aos titulares desta Casa quando estes afirmaram que as nossas mais potentes armas no combate à COVID-19 são as ações coletivas de prevenção e uma medicina que se alicerce nos conhecimentos científicos, no compromisso com a ética e na empatia aos doentes.

A descredibilização das medidas sociais com forte evidência científica de benefício, a falta de transparência, o completo desrespeito às medidas de isolamento e a ausência de articulação política nos diferentes níveis de gestão concorrem para a manutenção de um quadro que resulta em perdas irreparáveis à sociedade brasileira.

Reconhecendo sua biografia e as contribuições que fez para a prática médica no Brasil, manifestamos o interesse dos nossos alunos em saber o planejamento estratégico para alterar a forma como o Governo Federal trabalhou até aqui, uma vez que os resultados obtidos pelas gestões anteriores foram repetidamente falhos.

Ainda em uníssono aos Professores desta Faculdade, ressaltamos a necessidade de adoção de medidas radicais de lockdown nas regiões mais acometidas, de desenvolvimento de políticas emergenciais intersetoriais para assegurar a adequada adesão das pessoas às políticas de isolamento físico, aceleração significativa do programa de vacinação e medidas de combate às notícias falsas, desinformação e más práticas de prevenção e tratamento.


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