Aos 31 anos de idade, cantora resgata as memórias construídas com o avô, em Montes Claros, para realizar sonho na música
Pedro Antunes Publicado em 29/03/2019, às 14h30
Barbara Fialho tinha apenas algumas horas em Miami, entre um voo e outro. Havia chegado de Los Angeles e, depois, rumaria para o Brasil. No meio tempo, decidiu organizar uma sessão de fotos exclusiva para a Rolling Stone Brasil, que pode ser vista na galeria de imagens acima. "Estou muito feliz", ela dizia.
Desde os 15 anos, a top model deixou Montes Claros, em Minas Gerais, para viajar ao redor do mundo em desfiles e sessões fotográficas. Aquela, organizada por iniciativa própria, teria outro destino. E isso a deixava em êxtase. "Acabei de pedir uma pizza. Vai dar tempo de tudo", explica, ao telefone, enquanto se maquiava para as fotos.
Dentro de todos os anos de modelo, a música sempre esteve presente. Pode ser uma profissão bastante solitária, como ela revela. "Não é tão glamouroso quanto as pessoas imaginam", explica. "A música segura a sua onda", confessa.
Segundo Barbara, são muitos os momentos de solidão em quartos de hotel, distante da família e amigos. Vale lembrar que, antes da popularização da internet e a chegada dos smartphones, o contato com o Brasil era bastante limitado. "Você usa a música como uma espécie de terapia."
A ligação é tamanha que Barbara, atualmente, cria playlists com as "vibes" das sessões fotográficas, com canções dos anos 1990, início de 2000, R&B. "Essas músicas não deixam você parada", conta.
Para entender a conexão da "angel" da marca Victoria's Secret, é preciso voltar às raízes dela em Montes Claros. Única neta do ao avô a morar na cidade, ela ganhou um violão aos 9 anos. O avô, conta Barbara, era um grande violonista. Os tios também.
Daquela fagulha, ela encontrou motivação, dentro do ambiente da da moda, para seguir o desejo de criar canções. Aos poucos, foi mostrando o gogó, aqui e acolá. "Tocava para a família, amigos, nunca imaginei ser ouvida por um produtor musical", ela recorda.
Na entrevista, ela relembra momentos nos quais pegava o violão e cantava, como certa vez, enquanto fazia um trabalho em Saint-Tropez, na França. "Tudo tinha dado errado", ela conta. Era mala de maquiagem desaparecida, stylist que discordava do diretor de arte. "Ninguém falava com ninguém."
Num restaurante, em meio ao climão, Barbara encontrou um violão e começou a dedilhar suas cordas. "Toquei um monte de Marisa Monte, todo mundo começou a cantar junto. Fui para o Bob [Marley] e virou uma festa."
Em 2016, gravou um primeiro álbum, um trabalho de regravações, canções da bossa nova e MPB. Entre elas estava "Samba e Amor", o single, canção de Chico Buarque, lançada pelo carioca em 1970.
Mostrou a gravação Seu Jorge, que topou gravar. O registro, com duas vozes, acompanhadas pela banda The Preservation Hall Jazz Band, está disponível nas plataformas digitais.
"Queria lançar o disco todo, mas o Seu Jorge disse que aquele não era o caminho. Me sugeriu compor as minhas músicas, criar a minha própria expressão. Ele dizia que era muito difícil começar de um jeito na música e, depois, virar outra coisa."
"Você tem que expressar a sua verdade", disse Seu Jorge à mineira. "Caso contrário, as pessoas não vão se conectar com você."
No ano seguinte, ela fez sua estreia no palco do Domingão do Faustão, da TV Globo, como parte de um tributo a Dominguinhos, no quadro Ding Dong.
Com o conselho de Seu Jorge, Barbara engavetou os planos do álbum e partiu para fazer como havia aconselhado o artista, "seguir a sua verdade".
"E então eu me sentei, com caneta na mão, para começar a compor", conta Barbara. "Nem tudo é diversão, às vezes você precisa sentar com o papel e caneta e se colocar a criar uma letra".
Ela continua: "É assustador, mas você precisa colocar isso para fora".
Aí, entrou a parceria com Duani, multi-instrumentista e produtor, com quem Barbara trabalhou em duas novas músicas autorais, "Um Beijo" e "True Love Baby". "Conheci ele em 2017, no camarote do carnaval. E fiquei impressionada com a capacidade dele em reger uma banda."
Ela mostrou as canções ao músico e, juntos, encontraram uma identidade própria para elas. "Duani tem uma base musical tão grande que estar ao lado dele me engrandece", derrete-se ela em elogios aos amigos.
Embora bastante noticiado o casamento de Barbara com Rohan Marley, filho do ícone do reggae, ocorrido recentemente, a artista já poderia se considerar parte da família há algum tempo.
Quando ainda eram amigos, Rohan a ajudou a entrar em contato com o irmão dele, Stephen Marley, oito vezes vencedor do Grammy. No estúdio, um dia, ela encontrou com o neto de Bob, filho de Stephen, chamado Jo Mersa Marley.
Mersa Marley pediu para ouvir uma música em português, além de "True Love Baby". Barbara tirou da banda "Um Beijo", outra composição sua. O músico tinha uma base pronta e eles uniram as duas personalidades na faixa, lançada no fim de 2018. "É assustador, mas se você não se colocar para isso, você não faz."
Por fim, a pergunta: "E planos para um disco?". Barbara diz que pensa em lançar quatro singles, mas ainda está trabalhando na ideia. "Faço assim, vou aprendendo e fazendo."
Ouça "Um Beijo", de Barbara Fialho, com participação de Jo Mersa Marley:
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