Banda acrescentou “Parasite” no repertório do show de São Paulo
Lucas Brêda Publicado em 27/04/2015, às 00h19 - Atualizado às 15h27
O Kiss dos últimos anos está cada vez mais próximo de ser uma empresa – fato que nem os próprios integrantes escondem. O quarteto maquiado bolou uma fórmula de show construída nos mínimos detalhes como um produto para entreter. No encerramento do Monsters of Rock 2015, a performance manjada foi praticamente repetida e não falhou em chegar ao resultado esperado.
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“Praticamente repetida” porque a banda adicionou uma canção no setlist de São Paulo, em relação às outras cidades brasileiras pelas quais passou e ao repertório base de shows. A música foi “Parasite”, agradável e solitária surpresa, que não teve tanto respaldo do público.
De resto, esteve tudo lá: Gene Simmons soltando fogo em “War Machine” e cuspindo “sangue” antes de “God of Thunder”; Tommy Thayer solando e disparando explosivos de sua guitarra; Paul Stanley “voando” para o meio do público, de onde cantou “Love Gun” e deu início a “Black Diamond” – esta, cantada pelo baterista Eric Singer.
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Stanley, à propósito, deixou a clara sensação de estar aquém de sua capacidade vocal. Nas três primeiras canções, “Detroit Rock City”, “Creatures of the Night” e “Psycho Circus”, as falhas e a rouquidão ainda não eram tão perceptíveis.
Já em faixas como “Love Gun” e “I Was Made for Lovin’ You” (com os emblemáticos falsetes sem nenhuma potência), tocadas mais ao fim do show, a falta de precisão vocal foi comprometedora.
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Até mesmo nos momentos de ousadia permitidos pelas músicas, Stanley se poupou de arriscar, cantando de forma segura, às vezes se afastando do microfone ou deixando para a plateia o dever de entoar os versos. O frontman, sempre carismático com seus trejeitos, também soou distante do que já foi: repetiu vocativos como “São Paulo”, e frases como “Vocês são demais!” até cansar.
Em um festival predominantemente metaleiro, os petardos distorcidos do Kiss – em sua maioria cantados por Simmons – soaram mais apropriados e foram os pontos altos do show. Canções como “Deuce”, a própria “Parasite”, e “Calling Dr. Love”, parecem nunca ter saído dos anos 1970.
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Outra que cresce no setlist é "Black Diamond", música que encerrou a apresentação antes do bis, cantada pela garganta em plena forma do baterista Eric Singer.
Durante a uma hora e meia (o show atrasou entre 40 e 50 minutos, e chegou ao fim quando já era quase 1h da segunda-feira) entre a introdução no som mecânico com “Rock and Roll”, do Led Zeppelin, e o papel picado jogado depois de “Rock and Roll All Nite”, o Kiss fez o que sabe fazer melhor, sem muito esforço para isso.
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Enquanto agente proporcionador de entretenimento, o grupo segue soberano, com um espetáculo de arena muito bem calculado e ensaiado. Para uma banda de rock que já inspirou diversos jovens ao redor do mundo, assombrou conservadores radicais e pôs seu rosto (ou maquiagem) na história da cultura pop, falta espontaneidade, brio, emoção.
Seja pela previsibilidade ou pelo caráter comercial, a ausência de vibração do Kiss que encerrou o Monsters of Rock de 2015 faz parecer uma eternidade os 40 anos que separam o show no festival brasileiro do histórico álbum ao vivo Alive!.
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