Ícone do new metal, Dez Fafara comenta machismo no heavy metal, novo disco da banda e descarta colaboração com Ozzy Osbourne
Lucas Brêda Publicado em 25/04/2015, às 12h15
Após aproximadamente seis anos separados, os integrantes do Coal Chamber – simbólica banda do new metal dos anos 1990 – voltaram a tocar juntos em 2009, revivendo, ao vivo, os antigos singles do grupo e preparando novas canções. Um disco de inéditas, entretanto, só deve sair no próximo mês de maio, consolidado de vez a reunião da banda.
Gene Simmons, Lemmy Kilmister e Rob Halford contam como será a participação deles no evento.
“Não acho que estávamos prontos musicalmente nem pessoalmente”, diz o vocalista Dez Fafara, que toca com o Coal Chamber neste sábado, 25, do festival Monsters of Rock, que acontece na Arena Anhembi, em São Paulo. “Tinha de ser no tempo certo.”
O próximo álbum – o quarto da carreira – do grupo chama-se Rivals e é prometido para o dia 19 de maio. “Você não pode ter medo na vida – se tiver medo, vai ter arrependimentos”, teoriza Farafa. “Não queria me arrepender de fazer a reunião do Coal Chamber ou de fazer um novo disco. E estou feliz com isso.”
Em 2013, Aerosmith executou seus hits para 30 mil pessoas no Monsters of Rock.
Falando por telefone dos Estados Unidos, em entrevista à Rolling Stone Brasil, o músico promove um discurso quase político, medindo as palavras e soando automático ao comentar alguns assuntos: “É assim que as coisas são”, disse, sobre machismo; “Os fãs são maravilhosos”, comentou, sobre o público brasileiro; “Vamos arrebentar”, adiantou, falando do show que fará no evento.
Dez Fafara, entretanto, defende com unhas e dentes o segmento new metal, mostra muito entusiasmo em relação ao novo disco da banda e afirma que dificilmente repetirá a colaboração da música “Shock the Monkey” com Ozzy Osbourne (headliner no mesmo dia em que toca o Coal Chamber) no Monsters of Rock. “Não tivemos nenhuma conversa com Ozzy a respeito disso. Vou ficar ao lado de palco assistindo à lenda fazer o trabalho dele, sabe?”
O Slipknot encerrou a primeira noite do Monsters of Rock diante de 30 mil pessoas, em 2013.
Leia abaixo a íntegra da entrevista com Dez Fafara, vocalista do Coal Chamber.
Rolling Stone Brasil: Vocês voltaram a tocar juntos em 2009. Como é tocar músicas de quase 20 anos atrás? Elas têm o mesmo significado para vocês?
Dez Fafara: Com certeza, elas significam a mesma coisa. O mais legal é o jeito que tocamos essas canções: elas parecem inéditas de novo. Tem sido um prazer voltar a tocar as músicas que me fizeram começar a carreira. E a resposta da plateia tem sido incrível: você vê um garoto de 13 ou 14 anos ao lado de um cara de 30 anos, e ambos sabem as letras. Isso é um prazer absoluto.
Já faz algum tempo que vocês se reuniram. Por que lançar um disco de inéditas apenas em 2015?
Começamos a fazer demos juntos em 2009. Só não acho que estávamos prontos musicalmente nem pessoalmente. Tinha que ser no tempo certo. Agora, todos nós estamos nos relacionando bem uns com os outros. As músicas antigas estão soando fantásticas ao vivo. E tem mais: você não pode ter medo na vida – se tiver medo, vai ter arrependimentos. Não queria me arrepender de fazer a reunião do Coal Chamber, ou de fazer um novo disco. Estou feliz com isso.
Qual é a maior diferença em voltar a compor com a banda após tantos anos separados?
É o que digo sobre o novo álbum: não espere uma volta aos anos 1990. Porque a maneira que estamos compondo é muito mais avançada, muito mais articulada, desenvolvida musicalmente. E o jeito que eu escrevo e canto, agora, é diferente. Ouvir o disco depois de pronto e ver a reação das pessoas tem sido incrível. Acho que fizemos a decisão correta e que esse trabalho vai “colocar fogo” em algumas coisas.
E musicalmente, o que podemos esperar?
Um disco maduro, um passo à frente. Não espere um disco de regressos. Está muito agressivo, tem diferentes humores. Meegs fez um ótimo trabalho na guitarra – todos fizeram. Como artista, você vive em uma bolha. Você não sabe exatamente o que está fazendo – faz música para você mesmo. Mas nas últimas semanas, divulgamos um link secreto e todo mundo – até os jornalistas mais cínicos – estão nos retornando e dizendo: “Está inacreditável!”, “Não consigo parar de ouvir!”. Isso nos faz sentir muito bem.
Uma reportagem [do portal de notícias UOL] traz fãs de heavy metal reclamando de machismo na escolha do line-up. Nadja Peulen [baixista do Coal Chamber] é a única mulher em todos os grupos. Qual sua opinião sobre isso?
Bem, eu não fiz a escalação do festival. Mas os promoters que fizeram, o fizeram muito bem: há grandes bandas no line-up. Tendo isso em mente, acho que Nadja pode segurar a barra em meio a todos esses homens [risos]. Ela é uma grande mulher e uma grande instrumentista. Acho que a descendência alemã dela vai ajudar e ela vai segurar a barra.
Você acredita que há muito machismo no meio do heavy metal?
No heavy metal há machismo, com certeza. Mas, sabe, também em outros gêneros musicais – punk rock, até mesmo o blues – você tem que ter certa agressividade. E agressividade equivale a machismo, na cabeça de muitas pessoas. E é assim que as coisas são, cara.
A presença de Nadja na banda ganha importância extra devido a essa situação?
A presença de Nadja nessa banda é extremamente importante para nós e a presença dela no palco, no meio de todos esses homens, vai ser muito importante para as mulheres.
Posted by Official Coal Chamber on Quarta, 8 de abril de 2015
Vocês tocaram por aqui em 2012. Há algo de particular no público brasileiro?
Os fãs são maravilhosos. Eles vão ao aeroporto quando chegamos! Eles gritam nos shows. É incrível. Amo a cultura da América do Sul – as pessoas, as plateias e toda a cultura.
Ouve algum tipo de música brasileira?
Não. Não. O mais próximo disso é Max Cavalera.
O horário que vocês vão tocar [14h20 do sábado, 25] pode atrapalhar a sonoridade “sombria” de vocês?
Podemos tocar a qualquer hora, cara. Não importa. Vamos arrebentar. E vamos despertar a loucura ao nosso redor. Esperamos que as pessoas pulem, dancem, e se divirtam conosco.
O Ozzy Osbourne tem uma música com vocês – e ele é o headliner no mesmo dia do festival. Será possível uma performance colaborativa no Brasil ?
Não, nunca falamos com ele sobre isso. Com certeza seria algo mágico se acontecesse. Mas não tivemos nenhuma conversa com Ozzy a respeito disso. Vou ficar ao lado de palco assistindo à lenda fazer o trabalho dele, sabe? Não o vejo há um tempo. Mas sempre que nos encontramos nos cumprimentamos e é tudo muito educado.
Mesmo depois de tantos anos, o new metal continua a ser encarado como algo afastado do metal mais clássico. O que você acha disso?
Acho que, na verdade, o new metal nunca deixou de existir. As maiores bandas do planeta atualmente são bandas de new metal: Slipknot, Korn, System of a Down, Deftones... Não acho que o gênero tenha se perdido. O que está acontecendo é que as pessoas estão falando de uma “volta” do new metal. Por quê? Só por que o Coal Chamber está fazendo um novo disco? Então nós significamos muito mais do que uma “cena”. Prefiro tomar os créditos por isso.
Além do Coal Chamber, você tem o DevilDriver. Entretanto, vocês estão juntos novamente, com um novo álbum sendo lançado. Pretende manter a banda em atividade por mais tempo?
Definitivamente sim. Sou parte do DevilDriver. Sou parte do Coal Chamber. Eles são parte de mim. Vivo para ambos. Enquanto as duas coisas funcionarem – e todos fizerem seu trabalho – estarei aqui para eles. Então sim, estou de volta ao Coal Chamber, temos um novo disco saindo. Não acredito que algo possa acontecer em um futuro próximo. Estamos nos dando bem. Somos grandes amigos e estamos 100% ao vivo.
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