Escritor tinha 87 anos e estava internado desde segunda-feira, 21, após um AVC
Redação Publicado em 23/07/2014, às 18h01 - Atualizado às 18h35
Morreu na tarde desta quarta-feira, 23, o escritor paraibano Ariano Suassuna. Aos 87 anos, ele não resistiu a uma cirurgia de emergência feita na última segunda-feira, 21, após ter sofrido um AVC hemorrágico. Desde então, o poeta e dramaturgo estava em coma na UTI do Real Hospital Português de Beneficência, na cidade do Recife, onde morava.
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Ariano Suassuna já havia sofrido um infarto e aneurisma cerebral no ano passado. Ele atuou até abril deste ano como secretário da Assessoria do Governador de Pernambuco, o candidato à Presidência do PSB Eduardo Campos. Suassuna é o autor de Auto da Compadecida, peça que deu origem ao filme homônimo de 2000, dirigido por Guel Arraes.
Com uma vasta produção para o teatro, mas se destacando também pelas obras de ficção e poesias, ele era o sexto ocupante da cadeira número 32 da Academia Brasileira de Letras, desde 1990. Era, também, membro das academias paraibana e pernambucana de Letras.
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Suassuna exerceu advocacia, após se formar em direito, e trabalhou como professor de estética na Universidade de Pernambuco até se aposentar, em 1994. Incentivador da cultura nordestina, ele também foi Secretário da Cultura de Pernambuco durante os quatro anos (1994 a 1998) do governo de Miguel Arraes.
Vida e obra
Ariano Suassuna nasceu em João Pessoa, na Paraíba, no dia 16 de junho, mas logo se mudou com os pais para uma fazenda nos sertão no estado, e, posteriormente, para o município de Taperoá. Em 1942, ele foi ao Recife, em Pernambuco, onde estou direito e deu início à sua produção literária.
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Suas primeiras obras foram as peças Uma Mulher Vestida de Sol, Cantam as Harpas de Sião e Os Homens de Barro, produzidas no fim dos anos 1940. Na década seguinte, ele escreveu O Castigo da Soberba, O Rico Avarento e Auto da Compadecida, de 1955, livro de maior sucesso do autor, que possui tradução para mais de cinco idiomas.
Com a peça O Santo e a Porca – encenada no Rio de Janeiro ao lado de O Casamento Suspeitoso, ambas de 1957 –, Suassuna foi premiado com a medalha de ouro da Associação Paulista de Críticos Teatrais. A Pena e a Lei, de 1959, angariou o prêmio do Festival Latino-Americano de Teatro.
Suassuna possuía forte influência da vida no nordeste e da literatura de cordel em sua obra. O livro Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta é o maior destaque da produção de ficção do escritor, servindo de inspiração para a minissérie A Pedra do Reino, exibida pela TV Globo, em 2007.
Na mesma emissora, as peças Auto da Compadecida, O Santo e a Porca e Torturas de um Coração serviram de base para a minissérie O Auto da Compadecida, de 1999. Da telinha, a produção deu origem ao filme homônimo, com direção de Guel Arraes, roteiro de Adriana Falcão e atuações de Matheus Nachtergaele e Selton Mello como a dupla João Grilo e Chicó.
Torcedor do Sport Club Recife, o escritor ainda foi homenageado pelas escolas de samba Império Serrano, no Rio de Janeiro, e Mancha Verde, em São Paulo, em 2002 e 2008, respectivamente. No samba-enredo do desfile da escola paulistana, os versos diziam: “No esplendor do Auto da Compadecida/ Iluminando a vida em obras/ De um menino que nasce para a história/ Revolução ‘batiza’ o filho do sertão/ No Cariri a emoção/ Entra em cena a sedução/ Alma de palhaço no picadeiro da ilusão”.
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