Durante toda a sua vida, o músico lutou contra a bipolaridade e esquizofrenia - mas nunca deixou de emocionar
Redação Publicado em 11/09/2019, às 18h03
O músico Daniel Johnston morreu nesta quarta, 11, aos 58 anos de idade. Ele estava em sua casa em Austin, Texas, e foi vítima de um ataque cardíaco. As informações foram confirmadas por Jedd Tartakov, seu agente, ao Austin Chronicles.
Johnston foi um dos mais emocionantes nomes do indie. Ele começou a fazer música nos anos 1980, e as gravava sozinho em fitas cassete - voz e instrumentos, tudo bem caseiro. Em 1993, começou a ganhar fama local ao criar um mural em Austin, sua cidade natal, com a arte de capa de sua fita Hi, How Are You (hoje, o mural é oficialmente um ponto turístico cultural no local).
Não demorou a crescer muito. As suas músicas sensíveis e afetivas agradavam alguns dos principais músicos alternativos dos anos 1990 - inclusive Kurt Cobain. O frontman do Nirvana usava sempre uma camiseta de Hi, How Are You, e incluiu Johnston em uma lista de seus discos favoritos. Cobain, Beck, Wilco: para eles, Johnston foi herói.
Alguns anos depois, em 2005, o mundo tomou conhecimento de uma aflição enorme para Johnston: ele sofria com transtorno bipolar e esquizofrenia. O documentário The Devil and Daniel Johnston detalhou toda uma vida de luta do músico com o seu psicológico: as internações em clínicas de saúde mental, os surtos perigosos (uma vez, ele acertou um amigo com um cano; em outra, desligou um avião monomotor em pleno voo, pilotado pelo pai).
Além disso, tinha internalizado um medo enorme de demônios. Cresceu em família religiosa, e na adolescência usou LSD pela primeira vez - e depois disso, não viveu mais em paz. Via os demônios dentro de sua cabeça, escondidos. E isso o impediu de, alguns anos depois, recursar um contrato com a gravadora Elektra - a mesma do Metallica - por acreditar que a banda de metal era satanista e tinha o desejo de vê-lo morto.
Mas mesmo diante disso tudo, Johnston destacou-se na música e provou-se, ao longo dos anos, como um ótimo músico. Veio ao Brasil em 2013, aos 52 anos e saúde já fraca. “Frágil, ele treme,” disse a crítica da apresentação publicada na Rolling Stone por Pedro Antunes. “Canta encurvado sobre um cavalete onde estão as letras das próprias canções. Desafina. Sorri, inocente como uma criança, entre goles de Coca-Cola.”
Daniel Johnston anunciou que desceria dos palcos em julho de 2017. Com as gravações, parou um pouco antes; agora, despede-se do mundo musical com mais de 20 discos publicados entre 1979 (tapes) e 2009 (Is and always was) e o status de “herói do indie.”
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