Considerado um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos, o artista estava internado com pneumonia
Redação Publicado em 04/12/2016, às 15h52 - Atualizado às 17h25
Morreu na manhã deste domingo, 4, o poeta, crítico de arte, ensaísta, biógrafo e tradutor – entre outros atributos – Ferreira Gullar. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, para o qual Gullar era colunista, ele estava no Rio de Janeiro e sua morte ocorreu devido a uma pneumonia.
Gullar, que tinha 86 anos de idade, já estava internado no hospital Copa D'Or, na zona sul da cidade, há cerca de 20 dias, por conta de uma insuficiência respiratória e complicações pulmonares. De acordo o site do jornal O Globo, ele desenvolveu a pneumonia a partir de um quadro de pneumotórax.
Ferreira Gullar nasceu José de Ribamar Ferreira na cidade maranhense de São Luís, em setembro de 1930. Ele começou a se interessar por poesia já na adolescência se mudou para o Rio de Janeiro nos anos 1950. O poeta apareceu nacionalmente com A Luta Corporal (1954) e Teoria do Não-objeto (1959), obras relacionadas ao surgimento da poesia concreta e neoconcreta, respectivamente.
Na década seguinte, Gullar se envolveu com política, filiando-se ao partido comunista e, posteriormente, combatendo ferrenhamente a ditadura militar. Ao longo dos anos, ele foi preso, torturado e até exilado, tendo morado em Moscou (então União Soviética), Santiago (Chile), Lima (Peru) e Buenos Aires (Argentina). O poeta voltou ao Brasil em 1977, após pressão internacional.
Em 1975, ele lançou o aclamado livro de poesias Dentro da Noite Veloz e, no ano seguinte, o poema de 100 páginas, “Poema Sujo”. A fita contendo a gravação de 40 minutos do texto declamado foi levada ao Brasil por Vinicius de Moraes – que estava em Buenos Aires, onde morava Gullar, em turnê com Miúcha e Toquinho – e o poema é considerado a obra prima de Gullar.
A obra de Gullar inclui crônicas, peças de teatro, diversos ensaios, a biografia da psiquiatra Nise da Silveira, contos, livros relacionados ao público infanto-juvenil, roteiros de novelas e programas de TV – como o seriado da Globo, Carga Pesada, nos anos 1980 – e, desde 2005, as colunas na Folha.
Considerado um dos maiores escritores da história do Brasil, Gullar foi eleito um dos “imortais” da Academia Brasileira de Letras (ABL) em 2014, sendo o sétimo ocupante da cadeira 37. Ele colecionava uma variedade de prêmios, entre eles um Prêmio Camões, mais importante entre os países de língua portuguesa, e uma indicação ao Nobel em 2002.
Gullar deixa dois filhos, Luciana e Paulo, além de oito netos, e a companheira Cláudia, com quem vivia. O último livro dele foi Autobiografia Poética e Outros Textos, lançado este ano.
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