Músico estava lutando contra um câncer de pulmão recém-descoberto
Redação Publicado em 20/12/2013, às 12h07 - Atualizado em 19/03/2014, às 12h47
Os versos de “Garçom” nunca mais serão cantados de forma tão confessional. Morreu nesta sexta-feira, 20, Reginaldo Rossi, o Rei do Brega, por falência múltipla dos órgãos. Ele tinha 69 anos e recebia tratamento contra um câncer de pulmão na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), do Hospital Memorial São José, Recife.
Ele deu entrada no hospital em 27 de novembro, reclamando de dores no peito. Foi diagnosticado com derrame pleural – que significa excesso de líquido no espaço entre a pleura visceral (membrana que recobre o pulmão do lado de fora) e a pleura parietal (superfície interna da parede torácica). Dias depois, os médicos descobriram que o músico estava com câncer no pulmão.
Na madrugada de quinta, 19, para sexta, 20, o quadro de Rossi piorou. O médico, nesta manhã, havia anunciado que o músico “se encontrava em aplasia medular por conta da quimioterapia, a fase mais crítica do tratamento, quando o paciente perde as defesa e há uma redução na produção de sangue”.
A notícia da morte foi divulgada de forma singela pelo Facebook do músico, que adicionou uma imagem dele, com datas de nascimento e morte e o letreiro: “Rei Rossi”.
A majestade sempre caiu bem em Reginaldo Rossi. Ele tinha o talento de transformar o coração em frangalhos em uma poesia brega. Transformava paixões em amores avassaladores e os desamores, em tragédias absurdas.
Reginaldo Rodrigues dos Santos Rossi nasceu em Recife, no dia 14 de fevereiro de 1944. A música popular brasileira veio para ele depois, já que, no início, foi o rock dos Beatles que arrebatou o recifense. Logo depois, ele se interessou também pela Jovem Guarda, que importava o gênero ao país. Chegou, inclusive, a ter uma banda roqueira chamada The Silver Jets – ele tinha orgulho de se dizer o primeiro cantor de rock que o Nordeste já teve.
Mas o coração de Rossi parecia ser passional demais para o gênero. Ele, que havia se acostumado com as atenções também quando trabalhou como professor de matemática, rendeu-se ao brega e às canções confessionais.
O estilo, contudo, não era tratado como forma pejorativa. Lá se foram 47 anos desde que Rossi lançou o primeiro álbum da carreira, O Pão, de 1966. Foram 31 discos neste período, entre trabalhos de estúdio e ao vivo. Ele recebeu 14 discos de ouro, dois de platina, um de ouro e outro de diamante.
No palco, Rossi sabia a hora de usar o bom humor e quando deveria tratar com carinho os corações machucados dos fãs. Entre sucessos na sua voz estão “Se Meu Amor Não Chegar”, “Garçom”, “A Raposa e as Uvas”, “O Pão”, “Era Domingo” e “Tenta Esquecer”.
Foi com a canção citada no início deste texto, já na década de 90, que Rossi conseguiu ultrapassar as barreiras da distância e se tornou um sucesso no sudeste, principalmente no eixo Rio-São Paulo.
Há dois anos, Rossi foi eleito o Melhor Cantor Popular pelo Prêmio da Música Brasileira, graças ao disco Cabaret do Rossi, lançado em 2010. O trabalho, disco ao vivo que acabou se tornando o último dele, trazia interpretações e releituras de outros sucessos de cunho brega, como "Taras & Manias", "Dama de Vermelho", "Boate Azul", "Amor I Love You", "Só Você" e "I Will Survive".
Rossi levou uma vida desregrada, como se fosse um personagem vivo de suas canções. Ele deixa esposa, com quem era casado há 30 anos, e dois filhos.
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