Scott Asheton (à direita) - Reprodução

Morre Scott Asheton, baterista do Iggy & The Stooges, aos 64 anos

“Ele era como um irmão”, disse Iggy Pop; a causa da morte não foi divulgada

Andy Greene Publicado em 16/03/2014, às 22h23 - Atualizado em 25/03/2014, às 12h59

O baterista Scott Asheton (na foto, à direita), que tocou com os pioneiros do punk Iggy & The Stooges desde os primórdios da banda, em 1967, até o mais recente álbum, Ready to Die (2013), morreu neste sábado, 15, vítima de uma doença não foi divulgada. Ele tinha 64 anos.

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“Scott era um grande artista”, disse Iggy Pop em comunicado. “Nunca ouvi alguém tocar bateria com mais propósito do que Scott Asheton. Ele era como um irmão. Ele e Ron [guitarrista e irmão de Scott] deixam um legado enorme ao mundo. Os Ashetons sempre foram e continuarão sendo uma segunda família para mim. Meus sentimentos à irmã deles, Kathy, à esposa Liz e à filha Leanna, que era o amor da vida dele.”

Asheton nasceu em Washington D.C., mas se mudou para Ann Arbor, Michigan, quando tinha 14 anos. Ele começou a tocar com o irmão mais velho, Ron, e o amigo Dave Alexander logo depois. “Nós não fomos muito longe”, disse Scott ao escritor Brett Callwood no livro The Stooges: Head On. “Nós gostávamos da ideia de estar em uma banda, nos vestíamos como se estivéssemos em uma banda e saíamos juntos. Mas foi só com a chegada de Iggy que nos tornamos uma banda de verdade.”

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Sob a liderança de Iggy Pop, o Stooges, assim como o MC5, se tornou um dos grupos mais populares nas redondezas de Ann Arbor e Detroit e, com isso, conseguiu um contrato com a gravadora Elektra para o lançamento do revolucionário disco homônimo, em 1969. “Nós não tínhamos músicas”, contou Scott Asheton a Callwood. “Muito deste primeiro disco foi criado no Chelsea Hotel, na cidade de Nova York, nos dois dias antes que antecederam a entrada em estúdio.”

O álbum produzido por John Cale, do Velvet Underground, preparou o terreno para o punk rock, inspirando muita gente, de David Bowie a Ramones. É praticamente impossível imaginar como seriam os anos 1970 se eles não estivessem se juntado e lançado aquele álbum. “Ele era magnético”, disse Iggy ao relembrar as primeiras impressões ao conhecer Scott no livro Open Up and Bleed, de Paul Trynka, de 2008. “Era uma espécie de cruzamento entre um jovem Sonny Liston e Elvis Presley.” O disco, contudo, não foi um sucesso comercial e a banda praticamente chegou ao fim em 1970, quando colocou nas prateleiras o igualmente brilhante – mas também fracasso de vendas – Fun House.

Após um breve término, Iggy e o novo guitarrista James Williamson foram à Inglaterra para buscar novos integrantes para o terceiro disco do grupo. No último minuto, eles chamaram Scott e Ron Asheton de volta (Ron, contudo, foi relegado ao baixo). “Nos falaram que eles não conseguiram encontrar outros integrantes”, disse Scott. “Nós íamos ser colocados em uma posição de coadjuvantes na nossa própria banda.” Muitos críticos dizem que Raw Power é o melhor disco do Stooges, mas também foi um desastre comercial e o problema crescente de Iggy com drogas causou o término do grupo em 1974.

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Scott Asheton voltou a tocar com Iggy brevemente em 1978, quando o vocalista saiu em carreira solo, mas na maior parte da década de 1980 e 1990 ele se apresentou com diversas bandas locais de Detroit, como a Sonic's Rendezvous Band, banda formada por Fred “Sonic” Smith depois do MC5.

Em 2000, J Mascis (do Dinosaur Jr.) e Mike Watt (baixista do Minutemen) levaram os irmãos Asheton para a estrada, em shows centrados no repertório dos dois primeiros discos do Stooges. O show foi extremamente bem-sucedido e chamou a atenção de Iggy Pop, que concordou em reunir a banda para o festival Coachella em 2003.

A apresentação no festival teve uma receptividade enorme e, em pouco tempo, o grupo teve ofertas gigantescas para se apresentar como atração principal de festivais pelo mundo todo. Pela primeira vez na longa carreira deles, os irmãos Asheton passaram a ser bem pagos e a tocar para plateias gigantescas. O Stooges gravou o quarto disco The Weirdness, em 2007. Dois anos depois, Ron Asheton morreu de ataque cardíaco. James Williamson rapidamente retornou ao grupo e a banda voltou para a estrada.

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Depois do festival Hellfest, na França, em junho de 2011, Scott sofreu um grave problema médico no avião. “Ele estava indo para a Inglaterra quando tudo deu errado”, contou Iggy à Rolling Stone EUA naquele ano. “Se não tivesse recebido a devida atenção médica logo ali, ele não teria aguentado.”

O Stooges continuou a turnê com o baterista substituto Toby Dammit, embora Asheton tenha voltado a comandar as baquetas no festival Austin City Limits, em 2012. Ele também gravou no disco Ready to Die, que saiu em 2013. Há duas semanas, o grupo tinha esperanças de que ele voltaria, embora reconhecesse que fosse improvável. “Ele não consegue aguentar uma agenda brutal de turnê”, disse Williamson à Rolling Stone EUA. “Seria pesado demais”.

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Assista ao show no Austin City Limits, com Asheton na bateria:

Ouça as músicas de Raw Power, conhecido como melhor disco de Iggy & The Stooges:

"Search and Destroy"

"Gimme Danger"

"Your Pretty Face Is Going to Hell"

"Penetration"

"Raw Power"

"I Need Somebody"

"Shake Appeal"

"Death Trip"

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