A Rolling Stone Brasil separou algumas situações das séries distópicas que são bem reais
Clara Guimarães | @claracastrog Publicado em 25/12/2020, às 16h00
Entre as séries que apresentam distopias da sociedade com o desenvolvimento da tecnologia, Black Mirror, produção atualmente da Netflix, e Years & Years, da HBO, se destacam por serem perturbadoramente próximas da realidade. Não é preciso estender muito a imaginação para acreditar que os acontecimentos da série poderiam se tornar reais em um futuro próximo - ou, talvez, até já tenham se realizado.
O assunto sobre o futuro mostrado nas produções voltou a ficar em alta em outubro devido a uma declaração de Lee Soo-Man, CEO do SM Entertainment Group, uma das maiores empresas de entretenimento da Coreia do Sul.
Durante palestra no Fórum Mundial da Indústria Cultural, evento realizado na terça (28), Soo-Man revelou um plano para lidar com a demanda atual de distanciamento social e aumento da cultura digital. “Como sugeri antes, o futuro que imagino será definido por um mundo de celebridades e robôs”, anunciou.
Segundo declaração, “o desenvolvimento da tecnologia de IA permitirá que avatares personalizados se adaptem à vida das pessoas”. Ao dar uma dica do futuro da indústria do entretenimento, a comparação com episódio da quinta temporada de Black Mirror foi inevitável.
O capítulo “Rachel, Jack and Ashley Too” é o terceiro da temporada mais recente de Black Mirror. Protagonizado por Miley Cyrus, o episódio apresenta uma cantora pop que comercializa uma boneca de inteligência artificial que é uma cópia perfeita dela, com a intenção de que cada fã possa interagir e conversar com ela.
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— aespa (@aespa_official) October 28, 2020
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Da mesma forma que prevê Soo-Man quando disse que as pessoas irão coexistir com os próprios avatares de IA e interagir como um ser humano ou até mesmo um amigo. Apenas alguns minutos depois da palestra, o novo grupo feminino de K-Pop da SM Entertainment, AESPA, divulgou um vídeo da integrante Karina conversando com a réplica de IA, chamada de My Karina.
Pode ser uma surpresa descobrir que esta não é a primeira - e nem a última- vez que uma situação das séries distópicas ultrapassou a barreira do mundo fictício. Quer se surpreender com mais algumas? A Rolling Stone Brasil separou uma lista:
Esta é uma das opções mostrada pela série Years & Years para lidar com o corpo humano após a morte. O processo de reduzir o indivíduo apenas a ossos com a hidrólise alcalina e entregar apenas o pó para as famílias já é realizado por várias empresas nos Estados Unidos.
Na verdade, a cremação líquida é uma das apostas mais seguras da série para como os humanos lidarão com os corpos após a morte. A realidade é ainda mais surpreendente que isso.
Se você tiver muito dinheiro é possível contratar uma empresa para congelar seu cadáver e o manter conservado para ser ressuscitado no futuro. Existem start-ups até mais ousadas que congelam apenas a cabeça das pessoas mortas com a intenção de implantá-las em outros corpos.
A empresa do Arizona, EUA, Alcor Life Extension já trabalha com esse processo e os valores podem chegar à U$200 mil.
Voltamos à Coreia do Sul para mostrar que o óculos de realidade virtual que permite “ver” pessoas mortas já está em teste na realidade. Em janeiro de 2020, o canal MBCLife publicou um vídeo do encontro de Jang Ji-sung com a filha Nayeon, que morreu em 2016 devido a uma doença.
A mulher usou luvas, fones e óculos de realidade virtual para conseguir conversar, brincar e interagir com a versão de inteligência artificial da filha.
Cada vez mais dependemos da tecnologia para seguir com nossa rotina, mas essa interação pode ultrapassar o limite da utilidade para se tornar algo emocional? Quanto mais essa relação de dependência se estender e com o desenvolvimento do design e da tecnologia, os seres humanos estarão mais propícios a reconhecer robôs como seus semelhantes.
Ainda em 2017, o autor do livro “Amor e Sexo com Robôs”, David Levy, defendeu a tese do desenvolvimento de relações entre humanos e tecnologias. Em palestra durante a Wired Festival, o pesquisador britânico respondeu ao jornal O Globo que assim que os robôs alcançarem o ponto em que consigam interagir de forma natural, o amor e o sexo será possível.
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“Pense em milhões de pessoas solitárias que existem no mundo, que sonham com relacionamentos. Para elas, a escolha será entre ter uma relação com um robô ou não ter relação”, disse Levy ao O Globo.
Contudo, mesmo na série, a relação entre humanos e robôs ainda deve sofrer com questões éticas e morais. Esse tipo de relacionamento é visto na produção como algo bizarro, mas para Levy essa reação inicial é apenas natural, assim como a homossexualidade era tratada como perversa no século passado, e, eventualmente, o amor e sexo com robôs serão aceitos pela sociedade.
E o momento em que os robôs interagem com os humanos de forma natural pode já ser realidade. A Harmony e o Henry são robôs sexuais já disponíveis em 2020 para a venda pelo valor de US$ 15 mil pela empresa Realbotix.
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A aparência, voz e personalidade são totalmente customizáveis para servir o gosto do comprador. O androide ainda reage ao toque e responde perguntas naturalmente, sendo capaz de mostrar diferentes expressões faciais e aprender interesses dos usuários.
Assustador, mas real, o chip de monitoramento do cérebro foi desenvolvido por Elon Musk, CEO da Tesla. Parte do projeto Neuralink, o produto servirá para ajudar com problemas como insônia, depressão, além de poder se conectar com o celular e funcionar para escutar música ou jogar games.
Em um episódio de Black Mirror, os humanos que possuíam um chip cerebral ficavam com acontecimentos gravados, podendo rever as memórias. Segundo o fundador da Space X, isso também deve ser possível com o Neuralink.
Apesar do produto ainda não estar disponível, ele já está sendo testado e não parece longe de se tornar realidade, porém, para ser aplicado em humanos, Elon Musk ainda terá que lidar com diversos debates éticos e regulamentações.
Continuando no tema de implantações de tecnologia no cérebro humano, um episódio de Years & Years mostra uma garota de 15 anos pedindo pela implementação de um celular no dedo para os pais.
A implementação de uma parte robô em um ser humano daria origem aos transumanos. Embora ainda não existam pessoas com telefones no dedo, já tem cirurgias de inserção de chips, famosas principalmente entre hackers.
Ainda em 2017, 50 funcionários da empresa norte-americana Three Square Market aceitaram implantar chips em seus corpos. O objetivo do chip era realizar tarefas simples como pagar comida na cafeteria e liberar acesso de portas da empresa ou computadores.
Mas os chips também podem ser o futuro da medicina. Conforme o Neuralink de Elon Musk, que pode auxiliar com insônia e depressão, os chips implantados no corpo humano têm a possibilidade de ter inúmeras funções no setor da saúde, desde monitorar batimentos cardíacos até conter epidemias como a do Covid-19.
Seja o presente ou o futuro inevitável, as tecnologias mostradas nas séries distópicas estão longe de ser ficção.
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