A cantora foi a vencedora do Redbull Soundclash deste ano, mas a capital paraense, cada vez maior no cenário musical brasileiro, também triunfou
Lucas Reginato, de Belém Publicado em 10/11/2012, às 12h21 - Atualizado em 12/11/2012, às 18h54
“Senhoras e senhores, sejam bem-vindos à batalha desta noite. Aqui estamos com os nossos bravos guerreiros – de um lado, ele, responsável por diversos dos maiores hits dos últimos tempos, favorito nas rodas de violão, o ex-titã, o infernal Nando Reis! Deste outro lado da arena está ela, para fazer tudo tremer, a candidata a Mulher do Ano, a porta-voz do Pará, a extravagante Gaby Amarantos!”
O ringue estava montado, o público ansioso e todos os instrumentos afinados para que os dois artistas se encontrassem frente a frente no Amazônia Hall, em Belém, no Pará. O desafio, chamado Redbull Soundclash, opôs os músicos com uma proposta curiosa: a batalha seria dividida em quatro rounds e a função de decidir o vencedor de cada um deles ficaria com a plateia, que elegeria seu favorito fazendo mais ou menos barulho.
Esta não é a primeira vez que o evento acontece, é verdade. A brincadeira já foi antes sediada em Recife e Porto Alegre, sempre com um dos lados desafiando o artista da casa (Mombojó e Cachorro Grande nas outras oportunidades). Para ocorrer na capital paraense, nenhum nome mais adequado que o de Gaby Amarantos, uma das maiores revelações da música brasileira recente e que faz sempre questão de lembrar suas origens nortistas.
Antes do confronto, cada uma das bandas se apresentou sozinha, fazendo um pequeno set de três músicas responsáveis por aquecer o ambiente. Gaby entrou no palco primeiro, com direito a fogos e status de “rainha”, como anunciou a mestre de cerimônias do evento. Seu concorrente não deixou por menos e foi acolhido pelos fãs como um grande ídolo nacional – não era só a cantora que estava em casa.
No primeiro dos quatro rounds da batalha, uma música, de estilos alheios aos dois competidores, teria que ganhar uma versão diferente. A sertaneja “Nuvem de Lágrimas”, de Chitãozinho & Xororó, soou nos alto-falantes antes de começar a ser interpretada pela paraense. Transcrita para o tecnobrega, a faixa não funcionou e Nando Reis acabou ganhando o ponto com uma versão que fez menos alterações na original.
Foi na segunda etapa então que a brincadeira começou a mostrar seu valor. Nela, um dos dois tinha que mostrar uma música sua e passar a bola para que o adversário a continuasse. “Por Onde Andei”, por exemplo, ganhou batidas eletrônicas, enquanto “Xirley” foi tocada como um rock acelerado por Nando Reis e seus companheiros.
Por estar em seu ninho e por protagonizar a ascensão da música paraense no Brasil, Gaby contava com um público fiel e íntimo, que lhe ajudou a conduzir mesmo quando a artista parecia um pouco perdida. Mas Nando Reis tem uma das maiores coleções de hits do país e toca tranquilamente faixa após faixa com coro sempre dedicado de qualquer público. Na segunda etapa, contudo, foi ela quem levou, pois uma enorme salva de palmas reconheceu seu esforço e sua criatividade.
O desafio no terceiro round era tocar uma música própria no ritmo diferente proposto pelo DJ. Foi então que “Luz dos Olhos” virou cumbia e “Ex Mai Love” virou reggae, em um ápice de inventividade – metamorfose que deve ter levado as bandas a ficarem algum tempo quebrando a cabeça dentro do estúdio para adaptar suas próprias canções. A etapa valia três pontos e sagraria o vencedor da noite – a vencedora, no caso.
Mas se Gaby Amarantos foi a campeã e levou o cinturão como prêmio, foi no outro palco que a cena mais grandiosa da noite aconteceu. No quarto round a proposta aos concorrentes era convidar algum artista para fazer participação especial, e Nando Reis acertou em cheio ao convocar Pepeu Gomes. O guitarrista deu um show à parte em um solo emocionado em “Segundo Sol”. Já Gaby preferiu trazer alguém de casa e convidou Valéria Paiva, vocalista da banda Fruta Sensual, para dividir os vocais em “Bêba Doida”.
Não importava mais quem tivesse levado o prêmio. A apresentação das duas bandas foi uma mostra de como a música brasileira é madura, além de plural. A criatividade dos músicos surpreendeu a ponto de muita gente no Amazônia Hall exclamar: “Nossa, é essa música, nem reconheci!”.
Pregando a união, Gaby fez discurso de agradecimento com o cinturão nas mãos, declarou seu amor a Nando Reis e agradeceu a presença de um artista deste porte em sua cidade. Quem venceu não foi só a cantora, mas também seu “reino”. “Em São Paulo tem quase toda semana, mas Belém nunca recebeu um evento deste porte”, exaltou. E ela sabe bem que é uma das maiores responsáveis pelo fato de eventos como esse serem cada vez mais frequentes em sua terra natal.
Leia entrevista com Gaby Amarantos e Nando Reis.
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