Conversamos com Andy Jackson sobre a importância infindável dos britânicos para o mundo da música, e sobre o lançamento de The Later Years, box lançada para exaltar o trabalho da banda a partir de 1987
Igor Brunaldi Publicado em 30/11/2019, às 15h00
Na última sexta, 29, a Sony Music lançou uma coleção excepcional e essencial para os fãs de Pink Floyd. A box The Later Years, que conta com um total de 16 discos repletos de clássicos e material inédito, chega ao Brasil apenas parcialmente, no formato digital. O lançamento tem como objetivo contemplar e exaltar a maestria dos trabalhos lançados pela banda a partir dos anos 1987.
E para enaltecer ainda mais a genialidade dessas composições, conversamos com Andy Jackson - produtor e engenheiro de som que contribuiu de perto para a criação da identidade sonora dessa época do grupo - sobre a importância infindável do Pink Floyd para o mundo da música, a contínua influência que os britânicos têm até hoje e sobre originalidade musical.
Para o lançamento atual, Jackson, que trabalhou originalmente em A Momentary Lapse Of Reason lá em 1987, revisitou com David Gilmour o trabalho feito há mais de 30 anos, com o intuito de atualizar a sonoridade das composições.
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"Quando fizemos o disco, optamos por trabalhar de uma forma que soasse bem moderna. Mas o que acontece com o moderno, depois de um tempo, é que se torna datado. Você escuta ele dez anos depois, e realmente soa como algo feito nos anos 1980", relembrou.
"Olhamos para isso hoje em dia, e percebemos que não foi a melhor das escolhas. [Com o relançamento] tivemos a chance de alterar isso, e fazer de um jeito mais parecido com os outros álbuns, mais atemporais", já que com exceção desse disco em específico, os outros projetos soam como se pudessem ter sido lançados em qualquer ponto da carreira do Pink Floyd.
O produtor também falou sobre a experiência de mergulhar novamente nesse universo das composições de A Momentary Lapse Of Reason que ajudou a dar forma, e como voltar o olhar para essa criação tanto tempo depois o fez admirar ainda mais essas canções: "Como por exemplo 'One Slip'. Mixar essa faixa de novo me fez perceber o quão boa é, e acho que [essa qualidade] tinha se perdido um pouco de baixo do que fizemos com ela nos anos 1980".
Outro disco presente no relançamento é The Division Bell, lançado originalmente em 1994 e, assim como o projeto discutido anteriormente, já não contava mais com a participação de Roger Waters no grupo. Sobre esse clássico que está próximo de comemorar três décadas de aniversário, Jackson lembrou da mudança, ou melhor, da retomada da dinâmica que o Pink Floyd usava para compor.
"A banda decidiu voltar a trabalhar de um jeito que não trabalhava há tempos", contou. Ao invés de músicas compostas separada e parcialmente, "no Division Bell eles sentaram em uma sala e tocaram juntos. Boa parte do álbum surgiu assim, com jams. [...] Foi assim que eles fizeram, por exemplo, Dark Side of the Moon e Wish You Were Here".
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E é claro que não dá para falar de Pink Floyd sem falar em experimentação e revolução musical. O legado dos britânicos está permanentemente impresso na história da indústria fonográfica, e com essa inovação da qual a banda foi protagonista em mente, Jackson olhou para o cenário atual para refletir:
"A última coisa realmente nova que aconteceu à música foi o surgimento do hip-hop. Nada de verdadeiramente novo surgiu desde então. Quando o Pink Floyd surgiu, eles criaram algo novo. Fizeram algo que ninguém tinha escutado ainda, e não acho que dê pra fazer isso de novo. Não dá pra fazer algo que ninguém tenha ouvido. Tudo já foi feito. [...] Não acho que haja espaço para uma banda ser o novo Pink Floyd."
E finalizou: "Não existem novos mundos para explorar."
Veja abaixo a foto da box The Later Years completa, no formato vendido apenas em lojas internacionais.
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