Atriz faz primeiro trabalho na TV norte-americana como a protagonista da série exibida pelo Space
Stella Rodrigues Publicado em 07/07/2016, às 18h10 - Atualizado às 18h26
Alice Braga tem muito a dizer. No ar na TV norte-americana com a série A Rainha do Sul, que estreou no Brasil em 7 de julho, no canal Space, a atriz brasileira de 33 anos sente-se inspirada pela personagem que interpreta, a complexa traficante Teresa Mendoza, e faz diversas reflexões espontâneas a respeito de protagonismo feminino, mulheres e latinos na televisão, entre outros assuntos.
Você já tinha tido contato e se apaixonado pelo livro do Arturo Pérez-Reverte, La Reina del Sur (no qual a série é baseada), há muitos anos, certo?
Uma amigona minha que é produtora de cinema me ligou um dia dizendo que eu tinha que ler esse livro, porque era uma grande jornada de personagem feminina. Li e amei a forma como o autor escreve. Na época, acho que a Eva Mendes estava prestes a fazer o filme, mas acabou não acontecendo. E eu acabei também não indo atrás, mas a personagem sempre ficou no meu coração. Estava em Mississippi rodando um filme chamado O Duelo e eles me ligaram exatamente com esse projeto. Oito anos depois ele voltou para mim!
Quais aspectos da Teresa te fisgaram desse jeito?
Tem a coisa de ela virar traficante, que é bem controversa, mas ela é uma garota-mulher que teve muitas dificuldades a vida toda. Teve uma infância muito difícil, sofreu abuso sexual na adolescência. Nunca teve proteção, era sozinha e tinha que cuidar dela mesma. Mas ela nunca se “vitimizou” ou sentiu pena de si própria. Acho essa uma força muito linda da personagem: a vontade de sobreviver, o pragmatismo. A Teresa é uma heroína da vida dela. E de ninguém mais.
Me lembra a história da Nancy, da série Weeds.
Estão me falando isso, mas eu não vi, quero assistir! Mas é tanta série para dar conta, né?
Sim! Falando nisso, não tem como não reparar que dois dos maiores expoentes da atuação no Brasil atualmente estão em séries norte-americanas e ambos vivendo traficantes.
É piada feita, não é? E o Wagner [Moura, protagonista de Narcos] é como um irmão para mim. Agora ele é o rei da cocaína e eu sou a rainha da cocaína, piada pronta! Foi uma feliz coincidência. E espero muito que o público de Narcos venha um pouco para a gente, porque mesmo sendo o universo das drogas – do qual as pessoas gostam, você vê em Breaking Bad, Weeds etc. – estas são séries únicas, muito diferentes. Ambas são baseadas em fatos reais. O Padilha fez uma coisa que adorei que é seguir a história da cocaína. A Rainha do Sul, não. Como é baseado no livro e conta a história dessa mulher, a cocaína é uma coadjuvante.
A Kate del Castillo, que viveu a Teresa em uma famosa novela, se envolveu muito com o universo das drogas. Tanto que foi graças a ela que o Sean Penn conseguiu aquela entrevista com o El Chapo que foi publicada na Rolling Stone. Como você lidou com a entrada nesse universo?
Uma coisa que eu queria era não colocar a cocaína como algo maravilhoso. Tenho muito cuidado com isso, porque é muito triste o que está acontecendo atualmente no México. É uma situação gravíssima, que está colocando o país em um limite horrível, especialmente na fronteira. É bem delicado. O índice de mortes no México por causa das drogas... é muito grave. É uma discussão muito forte, acho que a Kate mergulhou mais nisso talvez por ser mexicana, também por causa da adaptação específica deles.
Você passou vários meses entre São Paulo e Texas por causa das gravações. Como sentiu o país diante de tudo que o Donald Trump tem falado na campanha dele para denegrir os latinos?
Meu ritmo, quando não gravava, era dormir metade do dia e aí cinema, mercado, casa e dormir de novo [risos]. Não sei te dizer muito como está no Texas, mas no set discutimos bastante isso. Até porque quase todos os atores são latinos e isso estava o tempo todo nos meios de comunicação, nos debates. Acho muito triste que ele, nos dias de hoje, ou em qualquer tempo que seja, tenha uma postura como essa. Os latinos são grande parte da população norte-americana e são pessoas trabalhadoras, que foram para aquele país para trabalhar! São pessoas honestas, em busca de uma vida melhor. É uma falta de respeito com esses seres humanos. Essa postura de ter raiva e incitar essa raiva eu acho muito complicada.
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