Em entrevista, cantor fala sobre a aposentadoria da música, os problemas de saúde e a paixão pela história da batalha do Álamo
Andy Greene Publicado em 01/06/2012, às 09h33 - Atualizado às 10h19
Quando Phil Collins iniciou a turnê First Final Farewell (“primeira despedida final”) nove anos atrás, o nome parecia uma piada – mas o cantor não estava brincando. Ele não lança um disco de inéditas há uma década, e apenas voltou a aparecer para uma breve turnê de reunião do Genesis em 2007 e alguns shows em 2010 para divulgar o lançamento de Going Back, álbum de covers da Motown.
Going... serviu para cumprir as obrigações que ele tinha por contrato com a Atlantic Records, e ele não tem a mínima intenção de lançar outro disco ou sair em turnê novamente. Mas ele não está completamente parado. Nos últimos dez anos, Collins focou em um assunto inusitado: o Álamo. Ele reuniu uma grande coleção de artefatos relacionados à batalha ocorrida no Texas em 1836, e recentemente escreveu o livro The Alamo and Beyond: A Collector’s Journey. “Eu recebi críticas melhores por esse livro do que por qualquer uma de minhas músicas”, Collins conta à Rolling Stone EUA. “Estou muito orgulhoso de mim mesmo por escrever e apurar toda a história.”
Você passou muito tempo estudando a história do Álamo quando era mais jovem?
Eu comecei a tocar bateria na mesma época em que descobri essa parte da história norte-americana. Mas parecia haver uma maneira de crescer e avançar tocando bateria. Ser fascinado por um pedaço da história não parecia ter futuro. Foi só muito, muito tempo depois que descobri esses documentos e mais tarde ainda foi que me tornei um colecionador. Isso sempre esteve comigo, mas eu não podia fazer nada além de me interessar pela história. Comprei praticamente todos os livros já escritos sobre o Álamo, e converso com os amigos que fiz nos últimos 15, 20 anos. É um aprendizado constante e uma coisa fascinante para mim.
Qual é o item favorito da sua coleção?
Varia. Eu tenho um dos quatro rifles conhecidos do Davy Crockett [militar tido como herói nos Estados Unidos, morto na batalha do Álamo]. É fantástico saber que é um dos rifles que ele usou. Era do primo dele. Eu acabei de receber um pedaço de bronze com a letra J inscrita. Pode ser dos italianos ou dos mexicanos que estavam lutando lá. Isso muito interessante para que gosta da história.
Quando você está no Texas, conversa com pessoas que mal sabem da sua música?
Acho que a maioria das pessoas sabe, mas elas não parecem impressionadas, e para mim tudo bem. A essa altura da minha vida eu fico contente em ser visto sob outro ponto de vista. Eu não sou o Phil Collins lá. Eu sou o Phil Collins entusiasta de uma parte da história.
Como está sua saúde? Suas mãos estão melhores [quando anunciou a aposentadoria da música, no começo de 2011, Collins revelou que estava com problemas nos nervos das mãos]?
Ah, dias bons, dias ruins. Depende. Não me antecipo mais a tocar, e particularmente não me antecipo mais a escrever. Eu meio que deixei essa parte da minha vida de lado, principalmente porque sinto que ganhei essa oportunidade de não fazer nada. E tenho filhos jovens, então não sinto o ímpeto de competir.
Você ainda escreve música só pela diversão?
Bem, meus filhos estão desesperados para que escreva coisas novas. Essa é a única coisa que me colocaria nessa posição, mas se alguém vai ouvir isso... um CD no carro é provavelmente o bastante. Na verdade, eu nem tenho um contrato com uma gravadora. Going Back – que ironicamente é um dos meus discos que mais vendeu nos últimos 15 anos – foi meu último álbum pela Atlantic, e eu não tenho um contrato. Não sei. Em algum momento eu posso descer no meu estúdio, que fica no porão, e trabalhar em algumas canções. Tenho algumas coisas que acho que são ótimas, mas eu não quero entrar naquela coisa de promover o trabalho comercialmente.
Então, um novo disco é bem improvável?
É bem improvável.
E uma turnê?
Mais improvável ainda [risos].
Deve ser bom estar em um momento da vida em que você pode simplesmente fazer o que quer.
Sim. Uma coisa estranha acontece: uma oportunidade de escrever um musical, uma oportunidade de tocar com alguns dos meus heróis. Recebi ofertas nas últimas semanas para fazer algumas coisas, e pensei muito sobre elas e senti... eu não posso ser quem eu costumava ser. Não posso tocar como tocava. Não quero ir lá e fazer pela metade. Então, eu passo. Passo e agradeço os convites. Mas, merda, eu tenho 61 anos. Entrei para o Genesis com 19. Ganhei o direito de não fazer nada. Não quero ser uma sombra do que eu era, e de bom grado dei para trás.
Mas você tocou bateria em um evento beneficente em Londres não muito tempo atrás.
Engraçado você mencionar isso. Foi quando eu descobri que não podia mais tocar do jeito que tocava antes. Isso foi em novembro de 2011. Francamente, não me incomoda. Me incomoda muito mais o fato de que eu demoro o dobro do tempo para me trocar [risos]. Minhas mãos não fazem o que eu quero que elas façam. Então, sabe, tudo bem. Eu tive minha parte, e agora posso me retirar e deixar outras pessoas fazerem isso.
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