Ator conversa com imprensa brasileira nas vésperas de estrear seu terceiro filme como o espião em 007 – Operação Skyfall
Pedro Antunes Publicado em 11/10/2012, às 15h51 - Atualizado às 17h01
A frase que sai dos lábios de Daniel Craig no início da tarde desta quinta-feira, 11, pouco condiz com a sua própria postura durante o curto papo que o ator e a produtora Barbara Broccoli tiveram com jornalistas brasileiros. “Não sou um piadista ou um comediante de stand up”, diz o ator que chega ao seu terceiro filme da franquia cinquentona com 007 – Operação Skyfall, cuja estreia no Brasil está marcada para 26 de outubro.
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Craig está brincalhão ao extremo – com um humor inglês e todas as suas particularidades -, e, segundo ele, a sua versão de James Bond também o estará. Ao menos ele garante que sim, o veremos sorrir na pele do mais famoso espião do mundo.
“Nos dois primeiros filmes [007 – Cassino Royale e 007 – Quantum of Solace], nós tínhamos uma história já montada para contar o que fizemos muito, muito bem. Mas esse novo filme nos levou para uma coisa nova, a ideia de começar de novo, com novos personagens”, explica o ator inglês de 44 anos. As duas produções estreladas por Craig eram inspiradas no livro Cassino Royale, escrito pelo criador de Bond Ian Fleming, e marcaram um recomeço da franquia que agora chega a sua 23ª produção. “O humor vem do roteiro. Eu não sou um piadista ou comediante de stand up, mas temos um grande senso de humor no filme. É algo real, mas é divertido. Então, sim, a sua resposta é sim”, completou ele, sobre a possibilidade de sorrir durante o filme.
007 – Operação Skyfall estava previsto para ser filmado em 2010, mas toda a produção foi adiada por um ano por culpa da quase falência do estúdio MGM, um dos responsáveis pelo filme. A pausa – quatro anos entre o segundo e terceiro filme com Craig – foi bem vista pelo atual Bond. "Tivemos mais tempo para prepará-lo, escrever o roteiro e deixa-lo em forma", diz. "Mas eu estive em outros filmes, o que é bom, mas não me é permitido ter tanto tempo assim [risos]."
Craig entende que foram alguns narizes torcidos contra a sua indicação para se tornar o espião mais famoso do mundo. Perguntado sobre como ele criou a própria versão de Bond, ele para um instante e é possível notar uma piada vindo: “Como eu fiz? Eles continuaram me empregando, então eu fui”, brinca. “Eu sei o quanto amo fazer isso e essa chance é um privilégio. Temos mais filmes e novas histórias para fazer.”
Com Craig, o personagem ganhou em crueza e inexperiência. É comum ver o novo Bond caladão, com a roupa cheia de sangue alheio. Os olhos azuis, no entanto, dizem mais do que qualquer palavra. “Eu achava que o personagem tinha muito a dizer e sentir. Sou um grande fã de filmes de ação, com explosões. Sempre gostei e sempre assisti. Mas aqueles que eu mais gosto são filmes com esse elemento humano. Você se envolve, quando eles se movem, você se move, sua emoção está com o personagem. Por mais que eu não tenha fugido das barreiras do personagem, eu deixei com que ele evoluísse. Não conheço outra maneira.”
O Bond do século 21 sofre por amor. Ainda que continue cercado por lindas mulheres, elas passaram a ter uma participação mais ativa e forte nos filmes ao longo dos 50 anos da franquia. A personagem M, chefe da agência de serviço secreto MI6 e, consequentemente, chefe do espião, é interpretada pela inglesa Judy Dench desde 1995. A pergunta se a evolução das mulheres no filme era responsabilidade de Barbara, filha do primeiro produtor de Bond, Albert Broccoli, Craig responde mais rápido do que ela. “Sim!”, diz. Ela continua: “Gosto da ideia de Bond ter uma mulher como chefe. Acho que as mulheres evoluíram muito na sociedade durante esse período e espero que continue assim”.
No mundo moderno, ser James Bond, como era o sonho do seu criador, Ian Fleming, não é mais objeto de desejo tão grande, garante Craig, apesar de a trilogia de grandes carros, lindas mulheres e salvar o mundo seja bastante atraente. “Eu amo carros, amo mulheres, mas de uma forma diferente de Fleming. O meu trabalho é esse, deixar o mais moderno possível”, reflete o ator. “As coisas mudaram tanto desde então, as atitudes com relação às mulheres mudou drasticamente, felizmente, então tivemos que nos adaptar. Gosto de pensar que Bond ainda é um pouco chauvinista, claro, mas as mulheres fortes dão uma boa dinâmica ao filme.”
Cada um dos sete atores que interpretaram Bond ao longo dos anos, evidentemente, apresentaram estilos diferentes de vestir o smoking preto e disparar armas. Mas, ao ser questionado sobre o melhor ator que interpretou o agente, Craig só dá uma gargalhada enquanto Barbara responde: “Eu diria que é Daniel Craig”. Ela diz que os produtores o quiseram e precisaram de muito tempo para convencê-lo. "Acho que a tortura que fiz com ele fez efeito”, diz ela. “A tortura continua!”, responde Craig. "Mas eu gosto muito de Sean [Connery, o primeiro Bond].”
Bond e o Brasil já foram apresentados oficialmente em 1979, quando Roger Moore estrelava 007 Contra o Foguete da Morte - há uma antológica cena em que o vilão Jaws mastiga os cabos que levam o bondinho ao Pão de Açúcar. Perguntado sobre a possibilidade de convencer Bond a trocar o famoso dry martini por uma caipirinha, Craig não titubeia. “Eu sei que Daniel Craig gostaria de caipirinha”, brincou. “Eu poderia convencê-lo a trocar. Existe uma tradição entre o Brasil e Bond. Mas não sei quais são os próximos planos. Eu, pessoalmente, gostaria de fazer.”
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