Músico falou sobre seu novo disco, ativismo ambiental e o legado do pai em entrevista à Rolling Stone Brasil
Luísa Jubilut Publicado em 08/06/2014, às 13h02 - Atualizado às 14h46
Jah, o universo, as galáxias e a origem de tudo: as fontes de inspiração de Ziggy Marley parecem ser inesgotáveis. “Eu sou tudo, música é tudo”, diz ele, que lançou este ano seu quinto álbum de estúdio solo, à Rolling Stone Brasil. A diversidade musical, a espiritualidade e o senso de sempre retribuir permeiam os hits do disco produzido por Dave Cooley. “Isso é quem eu sou.” A intenção do músico, filho do ícone do reggae Bob Marley, era expandir os horizontes musicais em Fly Rasta, um retrato, segundo ele, da sua própria crise de meia idade. “Eu ouço todo tipo de música”, conta. “Beatles, Grateful Dead.”
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Artistas que já trabalharam com Lana Del Rey, Tom Petty, Sara Bareilles, Narah Jones, Goo Goo Dolls foram recrutados para garantir a mistura no novo trabalho. “Estilo musical é uma coisa, mas um bom músico sente a música”, garante. “Não importa se ele vem de outro estilo musical, ou o que ele esteja tocando: ele sente a música.”
Parceiro de várias organizações ambientais – como a COTAP, ONG que almeja a redução da emissão de carbono para diminuir a pobreza em países em desenvolvimento -, Ziggy busca estimular o contato entre seus fãs e a Terra. “Eles precisam encontrar o amor para evitar mais destruição e preservar o ambiente”, prega. Junto ao álbum, o músico teve a ideia de incluir um maço de flores do campo. “Hoje em dia, há tantos aparelhos eletrônicos. E isso prejudica a Terra.”
Durante a próxima turnê, que deve passar pela América do Sul no ano que vem, ele promete destacar esta pegada ecológica, que é reforçada por outros artistas, como é o caso do ativista ambiental Jack Johnson. “As crianças são a solução para os problemas do mundo, então você quer canalizar essa inocência”, ele ressalta. Em 2013, a faixa infantil "I Love You Too", trilha do desenho animado da Disney 3rd & Bird, rendeu a Ziggy um Emmy. “É uma parada que eu quero explorar mais, mas estou focado agora em Fly Rasta.”
Há quatro anos, o adepto do rastafarianismo – que utiliza a maconha como ferramenta de purificação em rituais – lançou o romance gráfico Marijuanaman. Do mesmo jeito como Popeye comia espinafre para ficar forte, o super-herói criado pelo músico conseguia seus poderes através do consumo da cannabis. “É só uma planta. Uma planta. Apenas uma planta”, repete frustrado. “A natureza não deveria ser criminalizada. Uma planta não deveria ser demonizada pela sociedade. Tem algo de errado nisso.”
Em 2015, Bob Marley, morto em maio de 1981 por um câncer, completaria 70 anos. Contudo, Ziggy não está minimamente interessado em confabular em cima da data marcante. Se ele estaria fazendo música ou saindo em turnê, o filho do mito não sabe - e nem quer saber. “Eu não o imagino”, diz ele irritado. “Eu vivo na realidade, sabe? Eu não penso nele desta maneira. A música dele foi o que ele deixou, e isso é o suficiente. A música dele está viva.”
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