- The Neighbourhood (Foto: Haley Appell e Lauren Leekley)

The Neighbourhood reinventa a maturidade e experimenta processos criativos com Chip Chrome & The Mono-Tones [ENTREVISTA]

Brandon Fried, baterista da banda, conversou com a Rolling Stone Brasil para falar sobre a apresentação exclusiva para brasileiros, os detalhes do mais recente disco e mais

Isabela Guiduci | @isabelaguiduci Publicado em 11/12/2020, às 07h00

O relógio marcava 13h15 em uma tarde parcialmente nublada em Los Angeles, (18h15 no horário de Brasília), quando Brandon Alexander Fried, baterista do The Neighbourhood, conversou com a Rolling Stone Brasil. Em um clima leve e intimista, o músico fumava um cigarro na janela da casa dele - onde passa a quarentena devido à pandemia de coronavírus

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Para Brandon, porém, a quarentena não tem sido tão ruim - na medida do possível: "Gosto de jogar golfe e surfar na Califórnia. Todos os campos de golfe na praia ainda estão abertos. Nós temos uma bela casa aqui nesta pequena colina, e é um bom lugar para se esconder e relaxar. Então não tem sido tão ruim, tem sido muito relaxante."

"L.A. está em lockdown agora, mas nós continuamos juntos, trabalhando e nos preparando para o show que está vindo", conta. A apresentação citada por Brandon é a transmissão ao vivo exclusiva para brasileiros, que acontece nesta sexta, 11 de dezembro - saiba mais detalhes sobre os ingressos aqui.

Com um setlist que apresentará uma série de músicas novas, do disco Chip Chrome & The Mono-Tones, lançado no dia 25 de setembro, o show online deve trazer o melhor da banda - guitarras, baixo, bateria e os beats eletrônicos bastante alternativos, que é uma marca registrada do grupo. 

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Embora todos os cinco integrantes, Jesse Rutherford (vocal), Zachary Abels (guitarra), Jeremiah Freedman (guitarra), Michael Margott (baixo) e Brandon Fried (bateria), continuem escrevendo e compondo durante a quarentena, o mais recente disco começou a nascer antes deste período - e foi finalizado e lançado ao longo dos meses de isolamento social devido à pandemia de coronavírus

Sobre o processo criativo do quarto álbum de estúdio do grupo, Brandon explica: "Realmente escolhemos uma abordagem diferente. Normalmente fazemos meio que um integrante de cada vez, com uma vibe mais alternativa e eletrônica. Para este processo [de Chip Chrome] era mais todos na sala com os seus instrumentos. Na maior parte do tempo com Jesse Rutherford [o vocalista] trazendo músicas na guitarra acústica e desenvolvendo ideias." 

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Para o projeto, a banda se reinventou na própria maturidade sonora e nos anos de estrada para explorar a criatividade - resultados os quais conseguimos notar ao longo das músicas que integram o projeto lançado, que ganhou a versão deluxe nesta sexta, 11.

"Fizemos algumas músicas ao vivo como banda com todos na mesma sala, como é o caso de ‘Tobacco Sunburst’. E, você ouve aquela música no álbum, e é, na verdade, um take inteiro de nós tocando, ao mesmo tempo, na sala de estar da casa onde gravamos o disco. Foi a primeira vez que fizemos algo assim", afirma.

Ouça "Tobacco Sunburst":


Chip Chrome & The Mono-Tones apresenta sons bem semelhantes aos trazidos pelo The Neighbourhood em outros trabalhos - mas, dessa vez, ainda mais aprimorado, com os integrantes mais amadurecidos, e com uma ousadia experimental bastante certeira em várias canções como é o caso de "Lost in Translantion" e "BooHoo". 

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Um dos destaques do incrível trabalho do quarto álbum de estúdio da banda foi a ideia de contar uma história, através das músicas e dos personagens, Chip Chrome (Jesse Rutherford) e os Mono-Tones (os integrantes), e brincar com a linguagem visual de maneira muito completa e visceral nas imagens e videoclipes. 

Toda a linguagem visual apresenta principalmente o personagem Chip Chrome e os Mono-Tones - todos, sempre, em um tom acinzentado. Os vídeos também dialogam perfeitamente com as mensagens das faixas - o que torna o disco ainda mais excêntrico e único, ganhando um destaque em relação aos anteriores. 

Brandon conta sobre a ideia dos personagens: "Jesse quem teve. Originalmente, acredito que ele ia usar para o projeto solo dele. E então quando começamos a escrever este álbum, ele meio que se aproximou dos caras e de mim e falou: ‘E se fizéssemos essa ideia do Chip Chrome e dos Mono-Tones, com todos os caras interpretando esses personagens para este álbum?’. E, todos nós meio que apertamos o cinto e embarcamos juntos para essa viagem. Ficou ótimo."

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Ouça e assista ao vídeo de "Lost in Translation":


Anos de carreira e maturidade sonora

Os anos de estrada e os discos anteriores foram importantes para resultar na incrível discografia indie e alternativa do The Neighbourhood. Brandon conta que, para ele, a principal influência de todo este tempo vem da sensação e das experiências de tocar ao vivo - o que caracterizou alguns detalhes do novo álbum. 

O baterista comenta: "Acredito muito que os alarmes e as sonoridades [de Chip Chrome] vieram de quando tocamos ao vivo. Obviamente, estamos todos no palco com nossos instrumentos. Sinto que muitos anos tocando ao vivo, encontramos influências ao vivo de onde queríamos capturar aquele determinado som com muitos de vocês, instrumentos ao vivo, bateria ao vivo, baixo e guitarra."

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Inclusive, a falta de turnê é um desafio que o The Neighbourhood encontrou ao decidir lançar Chip Chrome & The Mono-Tones durante a pandemia, porque a banda não consegue acompanhar a reação ao vivo do público em relação ao novo projeto.

"É difícil ver a reação das pessoas durante a quarentena. Você geralmente sai em turnê e toca as músicas e ouve as reações dos fãs. Desta vez, é uma reação baseada na Internet, você sabe o que as pessoas estão dizendo no Twitter e no Instagram, ou a rede social onde você está", fala.

As turnês, além de serem ótimas para a divulgação das músicas, conexão com os fãs, são sempre os momentos mais especiais para Brandon, que conta à Rolling Stone Brasil, com sorriso no rosto sobre a experiência praticamente sobrenatural de estar nos palcos.

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"Toda vez que saímos em turnê e tocamos na frente de um monte de pessoas, sempre tenho aquele momento tocando onde tenho aqueles 10 segundos assim. É uma loucura, eu não posso acreditar que fazemos isso, muito menos que ganhamos a vida com isso, saber que fazemos tantas pessoas felizes com a nossa música e ver as reações de todos. É sempre um pensamento emocionante, com toda certeza", descreve.

As experiências, não apenas com as turnês, mas também com as músicas e criações sonoras, são um resultado muito certeiro da maturidade do The Neighbourhood e do modelo de banda - alternativa e experimental - que os integrantes buscam seguir. 

O primeiro disco, I Love You (2013), que traz um dos principais sucessos, “Sweater Weather”, foi lançado há mais de 7 anos, e apesar de todos os álbuns lançados em sequência revisitarem alguns sons do trabalho de estreia, a evolução musical de todos como banda é nítida - e, Brandon concorda.

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"Quando I Love You foi lançado, todos os integrantes eram muito nus do que é estar em uma banda, muito menos em uma banda de sucesso. A gente não entendia como é a pressão de fazer turnês, criar músicas para fãs e ter fãs esperando músicas. Acho muita pressão, mas agora que este é o nosso quarto álbum, está mais certo aonde vamos, acredito que estamos mais acostumados com o trabalho, porque estamos fazendo isso há muito tempo", explica. 

Ouça "Sweater Weather":


Show exclusivo no Brasil

Em meio à era de show virtuais por conta da pandemia de coronavírus, o The Neighbourhood fará uma apresentação online exclusiva para os brasileiros nesta sexta, 11 de dezembro, às 21 horas, e trará mais do Chip Chrome & The Mono-Tones para o país. 

A banda teve duas passagens recentes no Brasil - e aparentemente pretende manter a boa relação com os brasileiros. Em 2018, a banda se apresentou no Lollapalooza e em 2019, trouxe ao país a turnê solo com datas esgotadas em São Paulo e Rio de Janeiro. 

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E se você acredita que a mobilização de fãs brasileiros na internet é inútil, pequena ou até irrelevante, Brandon prova o contrário ao falar sobre como a presença deles nas redes sociais fazem muita diferença - e isso aproxima os integrantes do público do Brasil.

"É sempre bom ver a reação de vocês [brasileiros] com certeza. [...] Parece que nossos fãs estão sempre procurando por uma conexão conosco e isso é uma das coisas que está no topo da nossa lista - ter certeza da nossa conexão com os fãs do Brasil, principalmente porque a presença deles na internet é muito forte. Sempre queremos ter certeza de que estamos fazendo-os felizes", explica. 


Como são as playlists de Brandon

Brandon Alexander Fried (Foto: Reprodução/Instagram)

Para os fãs, ou aqueles que simplesmente amam acompanhar o The Neighbourhood, ou aqueles que adoram música em geral, que quiserem comparar o gosto musical com o de Brandon Alexander Fried, aqui está uma dica sobre quais artistas costumam aparecer, com frequência, nas playlists dele.

Brandon não pode falar por todos os integrantes, mas para sentir um pouco do gostinho do estilo musical do baterista, ele conta: "Escuto muito Led Zeppelin, Beatles, os clássicos. Ouço muito hip hop, hip hop dos anos 1990, especialmente Wu Tang Clan. Caras lendários como o The Notorious B.I.G., Tupac também sempre aparecem nas minhas playlists."

"Também ouço algumas bandas mais novas como Porches, que é uma banda de Nova York. Os artistas estão sempre mudando nas minhas playlists. Os caras [da banda] estão sempre se voltando para a música, cada um vem ao estúdio, e sempre rola aquela conversa sobre o que você ouviu esse ano. Então, sempre o que está tocando no estúdio é sempre o que eu estou ouvindo também", completa.

O hit lendário da banda "Sweater Weather", porém, não é uma das músicas presente nas playlists: "Honestamente, não ouvimos [nossas músicas]. Eu diria que tentamos. Não ouço a maioria das músicas que gravamos após gravadas, só porque ouvimos, quando estamos no estúdio, tantas vezes e quando sai em turnê, e toca muitas, e muitas, e muitas vezes. Definitivamente não é uma música [Sweater Weather] que eu escuto", conta. Entendível, né?


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