Set list repleto de hits e simpatia de Bernard Sumner não conseguiram segurar a apresentação da banda neste sábado, 3, em São Paulo
Patrícia Colombo Publicado em 04/12/2011, às 11h04 - Atualizado às 12h11
Sem Peter Hook comandando o baixo, o New Order foi uma das principais atrações do Ultra Music Festival, evento de música eletrônica que foi realizado neste sábado, 3, na Arena Anhembi, em São Paulo. Apesar de tantos hits de sua trajetória no set list para embalar a noite, a apresentação da respeitada banda britânica deixou a desejar.
Estamos já em dezembro, mês que costuma ser calorento aqui no Brasil, mas um vento frio acompanhado de garoa contribuiu para que a capital paulista mais parecesse uma versão verde-amarela de Manchester, na Inglaterra – e isso, inclusive, de acordo com a própria visão do vocalista Bernard Sumner. “Estou amando e me sentindo em casa”, brincou ele. O frontman, aliás, demonstrou bom humor e simpatia ao se comunicar com a plateia ao longo da noite e até investiu em alguns passos de dança no palco. O show teve início às 21h50 no palco Mainstage (como o nome indica, o principal do festival), com 20 minutos de atraso.
Abrindo com “Crystal” (cujo clipe foi exibido no telão central localizado no fundo do palco), excelente faixa do álbum Get Ready (2001), o vocal de Bernard, que já não é dos melhores ao vivo, foi prejudicado pelo volume baixo do microfone, o que se repetiu em quase todas as músicas do show. Apesar da disposição o vocalista, o que o público presenciou foi mais um show sem grande impacto com algumas versões irregulares de grandes faixas do New Order. Vale dizer também que Peter Hook faz falta comandando o baixo (por conflitos entre os integrantes, ele ficou de fora da turnê tendo sido substituído por Tom Chapman; a formação atual ainda conta com Stephen Morris na bateria, Gillian Gilbert no teclado e Phil Cunningham tocando guitarra e teclado).
“Bizarre Love Triangle” e “Blue Monday” (sobre ela, um comentário de Sumner: “Mesmo depois de tanto tempo, ainda gosto de tocar essa música”) foram as duas faixas que mais empolgaram o público. O set list também contou com ”Temptation”, “Ceremony”, “True Faith”, “Perfect Kiss” e “568” (esta última, canção que há tempos o grupo não tocava ao vivo). Às 22h50, o New Order deixou o palco de forma quase que abrupta e quem esperou pelo bis ficou chupando o dedo.
Soulwax
A última apresentação do Soulwax no Brasil aconteceu em 2006, no Nokia Trends. Desde então, os irmãos David e Stephen Dewaele vieram ao país ou para passear ou para tocar como o 2manydjs, seu projeto paralelo (que também integrou o line-up do UMF). No Anhembi, a banda não só retornou como trouxe faixas inéditas no repertório (sem, contudo, revelar os títulos delas; as músicas entrarão no próximo álbum em estúdio, com previsão de lançamento para o ano que vem). O quarteto belga (além dos Dewaele, o Soulwax conta também com o baixista Stefaan Van Leuven e o baterista Steve Slingeneyer) subiu ao palco principal às 20h15, trajando estilosos smokings de cor cinza.
Emendando uma faixa à outra no set, o grupo se dedicou mais à elaboração das músicas ao vivo do que a ficar de conversinha com o público – nada mais justo, afinal todos estavam ali para ouvir a sonoridade de rock com música eletrônica (misturando sintetizadores, efeitos dos mais variados, baixo, bateria, percussão) do Soulwax. Integraram o repertório faixas como “E-talking”, “Making the Best Out of Things You Can't See” e “We Love Animals”.
Death from Above 1979
Em um dos telões da Arena, tenda com palco menor que o principal, uma imagem ilustrada de uma lápide com os dizeres “DFA 1979 – 2001 a 2006”, cercada por duas almas obscuras – uma espécie de referência ao tempo de atividade da banda e seu retorno. Foi com a turnê de reunião iniciada em 2011 que o Death From Above veio ao Brasil para o UMF, direto de Toronto, Canadá, subindo ao palco às 23h10.
Quem passasse do lado de fora do local imaginaria que ali tocava alguma banda com, no mínimo, quatro integrantes. Mas não, a sonoridade pesadíssima de rock (quase que uma paulada nos ouvidos) com alguns elementos de música eletrônica pertencia apenas ao duo Jesse F. Keeler, comandando um baixo rickenbacker, sintetizador e auxiliando como backing vocal, e Sebastien Grainger, baterista e vocalista.
Em ótimo show, os canadenses apresentaram - não para muita gente, já que a tenda não estava cheia -, a densidade de suas faixas, contando até com participação do brasileiro Iggor Cavalera assumindo as baquetas de Grainger em determinado momento da noite. “Iggor é um tesouro nacional”, elogiou o vocalista. Entre as músicas executadas, estiveram "Turn It Out", "Black History Month", "Blood On Your Hands" e “Cold War”.
Major Lazer
Quando o relógio marcava 1h30, os DJs/superprodutores Diplo e Switch assumiram as pick-ups da tenda Arena com o projeto Major Lazer, apresentando set que foi do farofa eletrônico, com faixas como “Satisfaction”, de Benny Benassi, a Beastie Boys, com “Intergalactic”, passando por funk carioca com hits como “Rap das Armas” e “Injeção”. Junto à dupla no palco, uma dançarina descendo até o chão no melhor clima baile funk e um MC que acompanhava as faixas com os famosos clichês agita-plateia - “yo, yeah, aham”, “put your hands up” (“coloquem as mãos para o alto”, em português) e “jump!” (“pulem”). "Pon de Floor", faixa mais conhecida do Major Lazer, empolgou o público e foi executada em sua versão original, bem como mixada a “Banana Boat Song (Day-o)”, de Harry Belafonte, e em "Run the World (Girls)", de Beyoncé. O encerramento aconteceu às 2h30.
Além destas quatro atrações, tocaram ainda no festival Swedish House Mafia, SHM, MSTRKRFT, Laidback Luke, DJ set de Diplo, Duck Sauce, Mixhell, Alesso, Nero, Shit Robot, DJ Marky, Copacabana Club, The Twelves, Life is a Loop, Márcio Vermelho, Renato Ratier, Rodrigo Vieira e Renato Cohen.
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